Em 2022, a Ferroviária iniciou mais uma trajetória na primeira divisão do Campeonato Paulista, a sua sétima consecutiva desde que voltou à elite em 2016. Com um começo atípico, a Ferroviária se encontra na 13ª colocação com sete pontos somados, apenas um de diferença ao Santo André, primeiro time no “Z2”.
A estreia da Locomotiva nesse Paulistão não foi uma tarefa fácil, o time araraquarense foi até Itaquera para enfrentar o badalado elenco do Corinthians, que conta com nomes como Paulinho. Renato Augusto, Willian entre outros diversos craques.
Com um primeiro tempo bom da Locomotiva, visto a dificuldade do jogo, o segundo tempo contou com os destaques da trinca defensiva Arthur, Didi e Marquinhos, além da excelente partida de Saulo. Dessa forma, a Ferroviária trouxe um ponto importante para Araraquara na disputa do Paulistão.
Mesmo que o jogo ofensivo tenha sido tecnicamente fraco na estreia, era de se esperar uma postura mais defensiva da Ferroviária, visto que o seu adversário foi o segundo melhor paulista no Brasileirão de 2021.
Para o segundo jogo, a Ferroviária recebeu o Água Santa na Fonte Luminosa, algoz afeano na campanha de 2016, quando a Locomotiva foi derrotada pelo Netuno pelo placar mínimo em Diadema.
Pois bem, para articular uma vingança, o técnico Elano montou o seu estilo de jogo baseado no que se viu no primeiro jogo, com uma defesa forte, mas um ataque que seja melhor que o do jogo contra o Corinthians, que foi fraco, contando com apenas dois lances perigosos.
Em um jogo de poucas oportunidades claras e de pouco público presente na Fonte, a Ferroviária conseguiu vencer o Água Santa pelo placar mínimo, com gol do centroavante e capitão Bruno Mezenga, que mais tarde viria a ser novamente importante no Paulistão, seja pela sua inteligência dentro de campo ou pela sua liderança.
É importante citar que, em decorrência da grande quantidade de jogos em poucos dias, a Locomotiva efetuou mudanças no time, principalmente para o jogo frente ao Botafogo, que foi realizado em Ribeirão Preto.
No clássico Bota-Ferro, a Ferroviária tinha um tabu importante a manter: a Locomotiva não perdia um clássico frente ao Botafogo no Estádio Santa Cruz (agora Arena Eurobike) desde 2009, enquanto não era derrotada pelo time tricolor por cinco anos consecutivos, com destaque para a goleada estratosférica de 5 a 0 no último encontro.
O velho conhecido atacante Hygor voltou ao time titular para esse jogo, já que Murilo Rangel, uma das principais contratações para a temporada, não rendeu o esperado. Gegê foi deslocado para o meio e Hygor se tornou o ponta-direita titular da Ferroviária. Outra alteração foi a entrada de Thomaz no lugar de Uillian Correia.
No intervalo as entradas de Uillian Correia (no lugar de Vitinho) e de Gustavo Medina (no lugar de Arthur) mudaram o jogo. Tanto que quem abriu o placar foi a equipe araraquarense, com um golaço de Hygor que, após jogada trabalhada com Bernardo, acertou em cheio o ângulo esquerdo.
Mas, após o belo gol afeano, a equipe grená se retraiu, o que fez com que o Botafogo se lançasse ao ataque em busca do gol de empate, que se originou após um erro na saída de bola.
Além dos gols, vale lembrar que houve três oportunidades de gol capitais durante os 90 minutos: o gol perdido por Bruno Mezenga, a excelente defesa de Saulo após o chute de Tiago Reis, além do gol do Botafogo no último minuto, que, por sorte, estava impedido.
Após o ponto conquistado em Ribeirão Preto, a Locomotiva retornou para Araraquara para enfrentar o RB Bragantino, em busca de, ao menos, um ponto, visto que o jogo era classificável como difícil, isso por enfrentar um adversário que disputa, atualmente, a série A do Brasileirão.
Vale ressaltar que no intervalo entre os jogos, a Locomotiva anunciou Guilherme Nunes e Orejuela, que se tornariam importantes na campanha afeana.
No jogo frente ao time de Bragança, a equipe visitante começou melhor e se impôs até o gol feito por Miguel, mas, com a saída de Arthur, que protagonizou uma cena desrespeitosa aos olhos do público quando se direcionava direto ao vestiário ao invés do banco de reservas, a Ferroviária melhorou em campo.
A entrada de Guilherme Nunes fez com que o meio-campo afeano, dominado por Rafael Luiz, Uillian Correia e Gegê, além do volante ex-Santos, se tornasse a peça principal do jogo, tendo mais liberdade criativa, fazendo com que a Locomotiva assumisse uma posição de “controladora do jogo”.
O gol de Guilherme deu esperanças de que a vitória fosse possível ao torcedor afeano. Mas o empate se manteve, e a Ferroviária voltaria a treinar para enfrentar a Ponte Preta em casa, sendo uma espécie de final para a Locomotiva, visto que uma vitória naquele embate poderia aniquilar as chances da Ferroviária ser rebaixada.
Mas o que se viu naquele jogo foi uma sucessão de erros catastróficos que resultaram na vitória da Ponte Preta, após mais uma cena horrenda protagonizada por um jogador em campo, dessa vez, não da Ferroviária.
Com um começo animador, a Ferroviária abriu o placar com Gegê (de falta), resultado de uma dominância afeana, que, após o gol, foi aniquilada e se transformou em um jogo favorável ao time campineiro.
Com uma sucessão de substituições que cada vez mais aumentavam a dominância da Ponte Preta no jogo, a virada foi real, fazendo com que o sistema defensivo fosse o principal culpado, mesmo que o meio-campo tenha errado na saída de bola, novamente.
Mas, o que se viu após o gol, foi uma tragédia horrenda: uma sacola de gelo foi arremessada em direção à torcida da Ferroviária, pelos jogadores do banco da Ponte Preta. A polícia, acompanhada dos seguranças do estádio, viram a cena, inclusive o 4º árbitro também, mas nada foi relatado na súmula.
Após essa derrota, que aproximou a Ferroviária da Zona de Rebaixamento do Paulistão, o jogo frente ao Santo André, fora de casa, se tornou muito importante para o decorrer do campeonato.
Com mais mudanças, como Breno Lopes na lateral esquerda, Thomaz de volta ao meio-campo, a Ferroviária se superou no jogo e, após uma expulsão infantil de Uillian Correia, a Locomotiva vinha sendo derrotada por 2 a 1 até os 48 do segundo tempo, quando Bruno Leonardo subiu mais que a defesa do Santo André e selou o empate, do jeito afeano de ser: até os minutos finais, com muita perseverança.
Mesmo que não tenha sido um início de Paulistão repleto de muitos gols, com seis tentos marcados e seis sofridos, a Ferroviária teve um começo regular, conquistando ponto em jogos importantes, como o embate frente ao Corinthians, mas perdendo pontos em jogos relativamente fáceis, como o defronte contra a Ponte Preta.
O estilo tático de Elano, somado às más fases de alguns jogadores, acaba fazendo com que a Ferroviária tenha uma dificuldade criativa, mas estruture uma defesa sólida. Mesmo que os “bicões”, que na temporada passada eram raros, tenham se tornado mais constantes, a Ferroviária tenta manter o estilo dos passes curtos, construindo o ataque desde a defesa.
Porém, é esse estilo que origina os erros defensivos, que podem desencadear alguns gols sofridos, como foi visto no jogo frente ao Botafogo e frente à Ponte Preta.
Esse talvez seja o Paulistão mais equilibrado das últimas sete edições, mas a Ferroviária é competente e pode se manter na elite com tranquilidade, ou, quem sabe, brigar pela classificação, como foi feito no ano passado.