Reportagem atualizada às 15h25 com posição da secretaria de Educação
Na reunião bimestral da Alice, o gerente de papelaria Washington Luís Neri Maciel, de 32 anos, não recebeu o boletim com as notas da filha. Isso aconteceu porque a criança, 8, está sem aula regular desde o início do ano letivo.
Alice está matriculada no 3º ano C da Escola Municipal Olga Ferreira Campos, no Jardim Universal, em Araraquara, mas não tido aulas com o professor responsável pelo ensino da turma. Segundo o pai, o problema que começou em 2024 continuou neste ano.
“Eles [secretaria da Educação] fazem pouco caso da situação, tem que ser do jeito deles e pronto. A gente tem que aceitar. Mas quem está sendo mais prejudicado nessa situação são os nossos filhos, a futura geração”, lamentou.
Ao longo do ano passado, a criança teve três trocas de professores. Agora, as aulas são ministradas por quatro docentes substitutas, que se revezam durante a semana, desde que a titular da vaga se afastou pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Sem aula regular, o ensino da turma tem se resumido a brincadeiras, idas ao parquinho, filmes e desenhos. “É uma geração que já veio de uma pandemia, que precisa correr atrás do prejuízo que teve no passado, e não ter professor na escola torna isso extremamente difícil”, completou Washington.
A técnica de enfermagem Eliane Souza Gouveia da Silva, 36, é mãe de Maria Clara, 9, que está na mesma sala de aula de Alice. Ela contou que, sem professor para avaliar as crianças, a reunião bimestral foi feita pela diretora, no refeitório da escola.
Segundo ela, a “baderna” começou no ano passado e tem prejudicado a evolução da filha. “Nunca sabemos como anda o aprendizado porque, a cada dia, é uma professora diferente. Estamos na metade do ano e nada de resolver isso até agora”, disse.
Ela lembrou que, com exceção da sala da filha, os demais anos da escola têm professores regularmente. “A diretora fala que já solicitou uma nova professora, que já preencheu os papéis, que já ligou para a secretaria da Educação, mas desde o ano passado essa enrolação continua”, lamentou.
Para a manicure Jhenyffer Caroline Souza Nobre, 27, a falta de um professor durante todo o ano pode prejudicar o aprendizado da filha Bianca, 9. Ela disse que se sente “péssima” e “impotente”.
“Desde o ano passado, toda hora troca de professor. A minha filha sofre com essa mudança porque cada professor tem uma didática, e isso prejudica o aprendizado”, comentou a mãe da criança, que frequenta a escola há três anos.
Procurada para comentar o assunto, a secretaria municipal de Educação afirmou que duas professoras que assumiram as aulas precisaram se afatar por problemas de saúde e que, no momento, a sala está sendo acompanhada por uma professora de apoio.
A secretaria afirmou ainda que está tomando todas as medidas necessárias para resolver a questão de forma definitiva e, em breve, a turma será novamente atendida por um professor efetivo. Segundo a pasta, uma candidata à vaga comparecerá ao setor de RH nesta sexta-feira (25) para dar continuidade ao processo. (Leia a íntegra da nota abaixo)
NOTA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
A Secretaria Municipal de Educação (SME) de Araraquara, em atenção à reclamação dos pais dos alunos do 3º ano C da Escola Olga, do Jardim Universal, vem esclarecer a situação vivenciada pela turma. A turma foi inicialmente atribuída a uma professora efetiva, que estava lotada na unidade escolar no final do ano passado. No entanto, devido a questões de saúde, essa professora precisou se afastar no início deste ano letivo, o que ocasionou a necessidade de uma substituição temporária. Desde então, a sala de aula foi assumida por outra professora da própria unidade, que também precisou se afastar recentemente por problemas de saúde.
Entendemos as preocupações dos pais em relação ao impacto das mudanças frequentes no quadro de docentes e reafirmamos nosso compromisso com a qualidade do ensino. No momento, a sala está sendo acompanhada por uma professora de apoio, que tem se dedicado para garantir a continuidade das atividades pedagógicas até o início da contratação da nova profissional. A SME, por meio do setor de Recursos Humanos, estava com um processo de contratação em andamento, no entanto, a candidata inicialmente selecionada desistiu da vaga. Informamos que, na data de hoje, outra candidata à vaga comparecerá ao setor de RH para dar continuidade ao processo.
A Secretaria Municipal de Educação reafirma seu compromisso em normalizar a situação o mais breve possível e garantir que os alunos do 3º ano C da Escola Olga recebam a educação de qualidade a que têm direito. A SME está tomando todas as medidas necessárias para resolver a questão de forma definitiva, e em breve, a turma será novamente atendida por um professor efetivo. Agradecemos a compreensão e colaboração de todos.
