Em mais de 20 minutos de gravação, uma professora e duas funcionárias de uma escola estadual de Matão aparecem agredindo verbal e fisicamente um garoto autista de 9 anos. As imagens são de setembro do ano passado e foram divulgadas na última quinta-feira (09).
Gravado por uma cuidadora, o vídeo mostra a violência praticada dentro de uma sala de aula e no refeitório da Escola Estadual Dr. Leopoldo Meira de Andrade, no Jardim Paraíso II. Na época, o aluno frequentava o 4º ano do ensino fundamental.
A Polícia Civil denunciou a professora por maus-tratos à Justiça. Ela e outras duas funcionárias envolvidas foram exoneradas, segundo a secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
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Nas imagens, a professora, que foi contratada para auxiliar na educação da criança, aparece prensando o garoto contra a parede; imobilizando e torcendo os seus braços e mãos; e prendendo o menino no chão com o joelho.
A gravação revela ainda a professora gritando com a criança, chamando-a de suja e fazendo ameaças. Ela chega a segurar o menino pelo pescoço e prensar o seu rosto no chão.
ASSISTA AO VÍDEO
O garoto chora o tempo todo, em alguns momentos pede para que ela o solte. Várias vezes ele tenta bater na professora e cada vez é repelido com mais truculência aos gritos de “você não vai me bater” ou provocações, como “você vai me bater? Quero ver me bater”.
Outras duas funcionárias também participam da violência. Uma delas puxa o capuz do moletom e enforca o menino. Em um determinado momento, as três imobilizam a criança, que grita desesperada.
DENÚNCIA
A mãe do menino, que hoje tem 10 anos, contou que começou a perceber uma mudança de comportamento nas atitudes do filho, principalmente, quando ele chegava da escola.
Silene Fátima Venção disse que não teve coragem de ver o vídeo e que, diante do crime, a família procurou por um advogado.
“Nós vamos atuar na parte cível, pleitear uma indenização por dano moral em razão de tudo o que a criança sofreu. Quem devia estar zelando pela criança estava, conforme o vídeo, agredindo“, disse o advogado Leandro Nogueira em entrevista à EPTV.
Todos os adultos que aparecem no vídeo foram ouvidos pela polícia, que encaminhou a denúncia ao Ministério Público.
“Ele tenta sair, ela puxa de volta, joga no chão. Ela acuou ele de uma forma que ele não conseguia sair do surto, da crise que deu ali no momento. Você não pode torturar uma criança de 9 anos por 20, 30 minutos, em três“, lembrou a tia da criança, Sandra Simonetti.
O OUTRO LADO
No seu depoimento, a professora disse que era responsável pelo menino e que ele teve um surto muito forte e, para tentar acalmá-lo, foram necessários contatos físicos. Ela admitiu que “perdeu o controle da situação e que talvez tenha se perdido na técnica e no conhecimento, agindo de uma maneira não tão profissional”.
Disse ainda que não agiu por má fé ou malícia e reconheceu um possível exagero e rigor físico e ofensas desnecessários, mas que estava em um momento de estresse. Ela disse à polícia que está sofrendo ameaças.
Por meio de nota, o advogado da professora disse que “os fatos ainda estão sendo investigados pela delegacia de Matão e que não há denúncia proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo” e que “a investigada se defenderá nos autos do processo em momento oportuno”.
As demais envolvidas não se manifestaram sobre o assunto.
Já a secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que não compactua com desvios de conduta e segue colaborando com as investigações, e que as três docentes envolvidas e a cuidadora não fazem mais parte da rede estadual desde 2022.
Por meio de nota, a pasta disse ainda que a criança está recebendo todo suporte pedagógico, com professor regente, auxiliar e de outras disciplinas. Que foi disponibilizado o acompanhamento do aluno pelos psicólogos da educação, se for autorizado pelos pais. (*Com informações do g1 e EPTV)
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