A cidade “meio” plana de Araraquara encantou seu José Hermínio Benedito, de 69 anos, quando aos 26 anos visitou pela primeira vez a Morada do Sol.
Ele não pensou duas vezes e decidiu se mudar para cá e montar uma bicicletaria, que está há 45 anos no mesmo local, na Avenida Sete de Setembro, no bairro do Carmo. É a bicicletaria do “Corintiano”, como seu José é conhecido.
“Quando conheci Araraquara, vi que a cidade meio plana e ótima, quis me mudar já com a ideia de montar a bicicletaria, já trabalhei quando era moleque com bicicleta, sempre mexi com isso”, comentou.
Pôsteres do Timão cobrem a maior parte da sua oficina. “Já fui corintiano roxo, quando eles jogavam por amor a camisa e não por dinheiro”, frisou.
PEDAL DAS ANTIGAS
Seu José é de um tempo onde as bikes duravam até 30 anos. Ele lembra que antigamente o material era de primeira.
“As bikes eram muito mais reforçadas e o material de primeira. Hoje são descartáveis, antes as bicicletas duravam 20, 30 anos hoje em dia duram 4, 5 anos”, apontou.
Hoje em dia, ele disse que as bicicletas são caras e não aguentam tanto o tranco.”Essas [bicicletas] modernas são caras, mas frágeis. Os problemas mais comuns são de rolamento, o aro entorta fácil, o raio é mais fraco e quebra fácil”, contou.
RELÍQUIAS
Phillips e Raleigh são bikes relíquias. Alguns modelos da Caloi e Monark também levam esse status de raridade.
“Essas bikes são verdadeiras relíquias. Às vezes eu vendo umas usadas, que freguês deixa aqui para vender. Os valores dependem do estado de conservação, em torno de R$ 4 ou R$ 5 mil”, comentou.
Seu José lembra que essas bicicletas não tinham marcha e era necessária muita força nas canelas.
“A maioria não tinha marcha, só algumas tinham marcha no cubo, no máximo três marchas, e o pessoal tinha muita resistência, fazia mais força na perna”, recordou.
RESISTÊNCIA
Consertos de câmara de ar, centragem de roda, troca de raio e revisão mantém a bicicletaria do “Corintiano” no ramo. Algumas bikes usadas são vistas por lá, a maioria “das antigas”, como as queridinhas “Cecis”.
“A bicicletaria sempre foi meu ganha pão, é minha vida. Hoje eu atendo muito netos de clientes que vinham aqui. O que fazia antigamente faço hoje”, concluiu.