O irmão da empresária Rosana Ferrari, de 61 anos, disse que foi supreendido com a notícia de que os dois advogados da vítima, presos na manhã desta terça-feira (17), são os suspeitos de serem os mandantes da execução.
Hércules Praça Barroso, 44, e Fernanda Barroso, 47, foram presos pela Polícia Civil em um condomínio de alto padrão em São Carlos, durante a operação “Jogo Duplo”, deflagrada pelo DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de Piracicaba.
“Eu chorei muito de manhã, me deu raiva, agonia. Agora, já estou mais calmo, mas, pela manhã, chorei muito. A minha irmã e nem ele nem mereciam isso. Sempre trabalharam direito, sempre fizeram tudo certo”, disse o irmão da vítima à EPTV, sem se identificar.
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Os supostos executores, 54 e 57 anos, foram presos na Praia Grande, no litoral sul do estado (Veja vídeo do momento abaixo). Nas duas cidades, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão, inclusive no escritório de advocacia.
Rosana e o marido, José Eduardo Ometto Pavan, 69, foram assassinados em abril deste ano na zona rural de São Pedro. O DEIC concluiu que o crime foi motivado por razões patrimoniais e que o casal foi vítima de golpes aplicados pelos próprios advogados.
“A gente não tinha esse conhecimento, dessas transferências para advogado. A gente sabia que tinha esse processo que a minha irmã falou que se ele ganhasse voltariam a vida deles ao normal. Mas os porquês a gente não tinha conhecimento“, comentou o irmão.
De acordo com os investigadores, os advogados falsificaram guias, comprovantes de recolhimento e até uma decisão judicial com o objetivo de obter vantagens ilícitas em prejuízo das vítimas.
O irmão de Rosana disse que espera por justiça. “Foi um crime premeditado. Não foi um crime assim, de nervoso, de briga, de nada. Foi um crime premeditado, que eles premeditaram há muito tempo”, concluiu.

A defesa dos dois advogados disse que as “provas são frágeis” e que vai “provar a inocência do casal”. Segundo Reginaldo de Silveira, havia uma relação entre as partes, na qual os honorários advocatícios eram pagos através de imóveis e não em espécie
“Certamente, nós vamos conseguir provar a inocência do casal. Agora, está iniciando a fase de tomada de depoimentos, mas vamos comprovar que realmente a única relação que havia entre o casal era justamente a relação de advogado-cliente, nada mais do que isso”, afirmou.
Os investigados respondem pelos crimes de homicídio qualificado, associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver. Além das prisões, também foi determinado o sequestro de bens dos advogados e o bloqueio de contas bancárias de todos os investigados.
A INVESTIGAÇÃO
A investigação concluiu que o crime foi motivado por razões patrimoniais e que o casal foi vítima de golpes aplicados pelos próprios advogados, que somaram cerca de R$ 12 milhões.
“Durante a investigação, foram analisados processos em que os investigados representavam as vítimas, e descobriu-se que elas eram induzidas em erro, o que gerou o depósito de mais de R$ 2,8 milhões em despesas processuais inexistentes“, informou a Polícia Civil.
De acordo com a investigação, os advogados investigados falsificaram guias, comprovantes de recolhimento e até uma decisão judicial com o objetivo de obter vantagens ilícitas em prejuízo das vítimas.
“Sob a alegação de ‘proteção patrimonial’, os investigados se apropriaram de cerca de R$ 12 milhões em imóveis das vítimas. Após toda a expropriação patrimonial, os advogados teriam encomendado a morte das vítimas“, concluiu a investigação.
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O CRIME
Os corpos das vítimas foram localizados na noite de domingo, 6 de abril, dois dias depois de saírem de Araraquara para passar o fim de semana em São Pedro, onde o casal possuía duas propriedades, ambas na zona rural da cidade.
Segundo a investigação, no caminho até a chácara da família, o casal parou em um sítio, também de sua propriedade, onde foi visto na companhia de um dos investigados. No mesmo dia, ao anoitecer, o veículo das vítimas foi conduzido até a chácara e abandonado com os corpos em seu interior.
Um familiar das vítimas foi ouvido e afirmou que, pela forma como o veículo foi encontrado, não poderia ter sido conduzido por nenhuma das vítimas. De acordo com a polícia, o alarme da casa não foi desligado e o carro não foi descarregado, havendo, inclusive, um cooler com alimentos perecíveis.
O idoso estava na cabine e a mulher na caçamba da caminhonete, com o capô fechado. Ela tinha as mãos amarradas, e ambos apresentavam marcas de tiros. A PM informou inicialmente que a mulher tinha um ferimento de bala no lado esquerdo do peito, e José Eduardo apresentava duas marcas de tiro na região do peito.

AS VÍTIMAS
José Eduardo era proprietário do sítio Pura Vida, no Alto da Serra, município de São Pedro, voltado para a produção de eucalipto e criação de gado de corte. Já Rosana Ferrari era diretora de uma escola, que atende alunos do berçário à pré-escola.