
O araraquarense de 51 anos faz parte da tradição de comerciantes da cidade que estão na segunda geração à frente do negócio familiar.
“Desde pequeno trabalho com calçados, comecei com uns 13, 15 anos. Fui muito influenciado pelo meu pai, segui no ramo por ele”, comentou emocionado.
A tabacaria começou as atividades em 1968, e se ramificou depois para outra loja, a JR Calçados, iniciais de Josué e Rogério.
Rogério contou que no começo também vendiam calçados na tabacaria, como havaianas, congas, botas de borracha, entre outros. Mas decidiram abrir uma loja só de calçados para ampliar o segmento.
Seu pai, Josué, era muito querido e conhecido no comércio de Araraquara. Ele começou aos 16 anos ajudando um tio que tinha uma tabacaria na parte de cima do Mercadão, em 1959. Anos depois resolveu abrir a própria loja de tabaco em 1968.
“Meu pai veio de Minas Gerais aos 16 anos, um tio trouxe ele de lá para trabalhar na tabacaria que ficava na parte de cima do Mercadão. Tudo começou aí”, recordou.
Hoje, a tabacaria continua no local enquanto a loja de sapatos mudou de endereço.
MUDANÇAS
A loja de calçados permaneceu no Mercadão até 2019, quando Rogério decidiu se mudar para o Centro comercial do Carmo, na Avenida Sete de Setembro.
Para o comerciante, a decisão de mudar se deu porque o ramo de calçados foi ficando difícil no local, e também pela falta de investimento e cuidados da Prefeitura de Araraquara com espaço.
“Foi ficando muito difícil o comércio de calçados por lá e o Mercadão precisa de mais atenção e cuidado. A Prefeitura não toma conta do espaço e não deixa a gente também investir, melhorar e cuidar. É uma pena porque é um lugar muito bom”, apontou.
Como ele mudou a loja de endereço em 2019 e logo depois veio à pandemia da covid-19, o comerciante disse que ainda não deu para sentir muito o movimento real no novo endereço.

PANDEMIA E DIFICULDADES
“Começamos em 2019 aqui, mas logo em seguida veio a covid e tivemos que fechar. Já esse ano foi bem tumultuado e não deu ainda para sentir a rua”, comentou.
Esse ano não foi nem um pouco fácil para Rogério, que além de perder o pai por complicações da covid-19, também perdeu a mãe, dona Clara, para a mesma doença três meses antes.
“Foi tudo muito rápido, ele voltou a trabalhar, mas teve complicações de saúde, teve um infarto, foi internado e pegou covid no hospital. Com a minha mãe foi a mesma coisa, porém em maio”, disse.
Rogério conta que o legado do seu pai foi a dedicação ao trabalho. “A vida dele foi o trabalho, era o lema dele”.
DA CABEÇA AOS PÉS
Com o tempo, tanto a tabacaria quanto a loja de calçados tiveram que se reinventar no mercado e novos produtos foram sendo incorporados.
Fora os calçados diversos, como sapatos, sandálias, tênis e chinelo, Rogério investiu em chapéus, bonés, cintos, calças, camisetas e botas diferenciadas no estabelecimento da Avenida Sete de Setembro.
“Aumentamos os produtos e estamos com uma linha de produtos melhores, temos roupas, acessórios, e aqui o lugar é mais espaçoso para atender”, comentou.
Rogério disse que hoje os clientes têm outro perfil, a maioria é universitária, os chamados “agroboys”. No começo, eram mais trabalhadores rurais de Araraquara e região.
“Parte dos clientes antigos continuam vindo, mas mudou bastante o nosso público no decorrer dos anos. Hoje são os universitários agroboys que curtem usar chapéu e bota por estilo”, comentou.
Rogério não se vê fazendo outra coisa na vida. Apesar de não ter filhos, acredita que a tradição da loja permanecerá através de sobrinhos ou irmãos.
“Talvez algum sobrinho ou irmão continuem. Eu não me vejo fazendo outra coisa, é o legado do meu pai”, concluiu.