Se o assunto é trabalho, o nome dele é Linércio Alves de Moraes. Aos 90 anos, o pipoqueiro mais querido da Morada do Sol continua incansável.
De domingo a domingo, das 15h às 22h, vovô Lili se dedica às vendas das deliciosas pipocas na Praça do Daae, na Fonte Luminosa.
São 66 anos que ele bate cartão com seu carrinho na entrada da praça e atende gerações de araraquarenses.
Sempre de bom humor e bom de papo, o ferroviário aposentado é pai de 12 filhos. E foi por eles que começou a vender pipoca, para complementar a renda da numerosa família.
“Graças a Deus sustentei meus filhos com o meu trabalho e só tenho filho trabalhador. Ajudei todos e alguns seguiram a minha profissão. Nunca tive preguiça de trabalhar”, avaliou.
O pipoqueiro contou orgulhoso que ajudou todos os filhos a terem casa própria, e até hoje é o alicerce da família.
“Eu consegui ajudar todos a comprarem casa própria, e no final do ano eu dei cesta básica para todo mundo”, contou.
TAL PAI, TAL FILHA
Dos 12 filhos, quatro deles também seguiram a profissão do pai e vendem pipocas, além de churros. Rose é uma delas, sempre está ao lado do pai na praça do Daae.
Rose tem 57 anos e começou a acompanhar o pai aos sete anos. Ela sempre viu o esforço e a dedicação do pai com a família.
“O salário que ele ganhava como ferroviário era baixo para criar 12 filhos, e ele começou a trabalhar com carrinho de pipoca, aqui na Fonte, no antigo INPS e no estádio da Arena. A gente vinha com ele desde pequenininho para ajudar”, relembrou.
A comerciante disse que geralmente ajuda o pai a montar e organizar o carrinho, e que mesmo quando tira folga em algum dia da semana, seu Linércio vai sozinho.
Ele dirige o seu gol impecável, do Vale do Sol até a Fonte, para alegria dos seus clientes.
“A vida dele é trabalhar, e ele gosta de conversar e tem pessoas que ele conhece desde crianças e, hoje voltam com filhos e netos”, contou.
DEDICAÇÃO E ALEGRIA
As pipocas salgadas ou doces custam R$ 7 e R$ 8. Aos finais de semana, filas se formam para comprar as iguarias sempre fresquinhas.
Queijo parmesão ralado e um molho caseiro de pimenta dão o toque final na deliciosa pipoca.
“Fazemos tudo para o dia, sempre fresquinha”, contou.
O pipoqueiro aposentado falou que continua trabalhando porque precisa se distrair um pouco, já que ficar em casa o faz relembrar da falecida esposa, dona Izaltina.
“Se eu fico em caso vejo fotos dela e fico com depressão. Aqui eu me distraio e sempre tem gente para conversar. Se eu fizer R$ 20 , R$ 10 ou R$ 5 estou contente, a hora passa e me sinto bem”, apontou.
TRABALHO E RESPEITO
Seu Linércio contou que o segredo do sucesso de um trabalho é o respeito, amor ao que se faz e a qualidade.
O comerciante não trabalha com cartão, somente com Pix ou dinheiro. Quando algum cliente esquece dessas condições, ele vende a pipoca e a pessoa traz o dinheiro logo em seguida. É na base da confiança e respeito.
“Eu sempre respeitei todo mundo e assim sou respeitado. De crianças de 0 a 90 anos” contou.
E concluiu: “Estou no bico do urubu mas continuo trabalhando. Até quando vou trabalhar não sei, eu trabalho para o bem estar dos meus filhos, sempre foi assim”.