Foi atípico o movimento registrado na manhã desta sexta-feira (14), Dia Mundial do Doador de Sangue, no Hemonúcleo Regional de Araraquara. Ter a maioria das cadeiras ocupadas na recepção também não costuma ser comum.
A realidade é outra, com uma média de 20 a 30 doadores de sangue diariamente. Isto representa a metade do necessário para manter o estoque ideal.
O médico Reinaldo Bonfá, responsável pelo Hemonúcleo, explicou que, atualmente, o estoque está 70% abaixo da capacidade. Segundo ele, o ideal seria manter mil bolsas de sangue por mês, mas este número fica entre 350 e 400.
Isto faz com que a gente tenha um deficit crônico. Não é o araraquarense que é problemático, mas o Brasil como um todo, que não tem o hábito, apesar de há anos a gente trabalhar com a população.
Reinaldo Bonfá – médico responsável pelo Hemonúcleo
Bonfá disse ainda que apenas 0,5% da população doa sangue no Brasil. Este percentual está abaixo dos 6% da média mundial.
O funcionário público, Paulo Henrique de Oliveira, 52, doou sangue pela primeira vez há seis anos. Desde então, o morador da cidade de Cândido Rodrigues viaja a cada três meses para fazer a doação em Araraquara – a 81 km de distância.
Nesta sexta-feira, mais uma vez, ele dedicou parte do seu dia para fazer o gesto de solidariedade. “Todos nós teríamos que melhorar um pouco o nosso comportamento, abrir um pouco mais a mente, porque hoje eu não estou precisando, mas amanhã eu já não sei“, disse.
O Hemonúcleo existe há 32 anos e é referência para 900 mil habitantes de 25 municípios da região.
MAIS DE UMA VIDA
Segundo o médico, após ser doado, o sangue é processado e dividido em bolsas com concentrado de hemácias, plasma, plaqueta e crioprecipitado, ou seja, uma única doação pode ajudar de três a quatro pessoas.
Hoje, a maioria dos pacientes que depende de transfusão faz tratamento oncológico com quimioterapia. Um caso recente, inclusive, demandou mais de 60 bolsas.
“A pessoa tem que perceber a importância de salvar vidas. Como não existe sangue artificial, a única forma de produzir sangue é pela doação. Se faltar doação, a pessoa que tem necessidade de sangue pode morrer“, completou Bonfá.
Quando o estoque está baixo, o Hemonúcleo depende de bolsas de sangue de outras cidades de referência, como São Carlos e Ribeirão Preto. Em alguns casos extremos, é preciso suspender a realização de cirurgias eletivas.
“É bastante importante ter este conceito de a comunidade ajudar enquanto comunidade. Cabe à população abraçar o banco de sangue e ajudar”, defendeu o médico.
QUEM PODE E COMO DOAR
Os critérios para as doações foram estabelecidos por normas técnicas do ministério da Saúde e têm como objetivo proteger o doador e dar segurança a quem vai receber o sangue. Confira os requisitos abaixo.
- Apresentar documento oficial com foto (RG, carteira de habilitação ou carteira de trabalho);
- Ter entre 16 e 69 anos (menor deve estar acompanhado por pai, mãe ou responsável legal devidamente documentados);
- Pesar mais de 50 kilos;
- Estar bem de saúde;
- Não estar em jejum;
- Após o almoço esperar 3 horas para doar, evitando alimentos gordurosos;
- Não fumar 1 hora antes e evitar bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
- Dormir pelo menos 6 horas antes da doação;
ONDE FICA
O Hemonúcleo Regional de Araraquara fica na Avenida da Saudade, 58, no Centro. (Confira o mapa abaixo) Para mais informações ou para agendar doação, basta ligar para o telefone (16) 3301-6102
