Diagnóstico comum em pelo menos 1% da população mundial acima de 65 anos, a doença de Parkinson atinge mais de 200 mil pessoas no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda sem cura, o tratamento consiste basicamente em medidas farmacológicas para os estágios iniciais e, quando avançado, uma das saídas é a implementação da técnica de estimulação cerebral profunda (conhecida como deep brain stimulation ou DBS em inglês).
De acordo com o neurocirurgião Dr. Eduardo Quaggio, a estimulação cerebral é uma modalidade de neuromodulação, uma cirurgia que instala um marca-passo cerebral para regular as funções motoras. “Através de eletrodos implantados no cérebro usa-se eletricidade para alterar a atividade neuronal local a fim de atenuar sintomas de algumas doenças, como o Parkinson ou outros tipos de movimentos involuntários, dores crônicas devido a algum acometimento e até mesmo doenças psiquiátricas”, diz.
O especialista explica que a doença de Parkinson leva alguns grupos de neurônios de regiões específicas do cérebro a funcionarem de forma anômala devido à falta do neurotransmissor dopamina. “Então, ao utilizarmos a estimulação cerebral, controlamos a corrente elétrica nestas áreas e fazemos com que estes circuitos neuronais voltem a funcionar de forma mais próxima da normalidade”.
Contudo, o neurocirurgião alerta que embora a cirurgia sirva para reduzir os tremores e a rigidez causados pela doença de Parkinson, ela não impede a progressão da doença, o que torna necessário um aumento da intensidade de estimulação ao longo do tempo. “Dessa forma, o procedimento tem como principal objetivo devolver o humor e a qualidade de vida ao paciente pelo máximo de tempo possível”.
Entre as contraindicações estão os pacientes que possuem doenças graves e que podem aumentar consideravelmente o risco da cirurgia. “Também vale ressaltar que o procedimento é apenas indicado a pacientes com Parkinson em estágio avançado e que já não conseguem obter melhora satisfatória dos sintomas com os medicamentos”, diz.