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AraraquaraCotidianoEstudante presa após surto em unidade de ensino de Araraquara nega ataque com seringa e diz ser vítima de transfobia

Estudante presa após surto em unidade de ensino de Araraquara nega ataque com seringa e diz ser vítima de transfobia

Estudante afirma ter sido vítima de transfobia e violência física dentro de uma instituição de ensino profissionalizante localizada no bairro do Carmo

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A estudante trans de 31 anos, Monique Santos, afirma ter sido vítima de transfobia e violência física dentro de uma instituição de ensino profissionalizante localizada no bairro do Carmo, em Araraquara, na última quinta-feira (9).

Segundo relato, ela sofreu um surto após ser informada sobre seu desligamento do curso técnico de enfermagem e a perda da bolsa de estudos.

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Monique foi levada para a UPA do Melhado e, em seguida, para a delegacia, onde afirma ter sido novamente tratada no masculino e encaminhada à Cadeia Pública de Santa Ernestina — unidade que recebe presos do gênero masculino.

Aluna nega versão registrada em boletim de ocorrência

A estudante nega que tenha ameaçado outras pessoas com uma seringa, como consta no boletim de ocorrência. Segundo ela, a intenção era automutilação durante uma crise de saúde mental.

Diagnosticada com transtornos bipolar, borderline e de ansiedade generalizada, Monique relata que enfrenta dificuldades psicológicas agravadas por episódios de transfobia dentro e fora da instituição.

Segundo ela, os problemas começaram em setembro, quando um funcionário teria agido de forma inadequada. Na ocasião, ela procurou a ouvidoria da instituição, mas relata que nenhuma providência foi tomada. Tempos depois, soube por colegas que o mesmo funcionário teria feito ofensas transfóbicas contra ela.

“Meu amigo de sala me ligou e disse: ‘Monique, sabe aquele funcionário que te agrediu verbalmente? Acabou de falar para o segurança que foi chamado a atenção por causa ‘daquele veado’”, relatou.

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A estudante afirma que pediu que a direção chamasse a polícia, o que foi negado. A convivência diária com o funcionário, agravou suas crises de saúde mental e afetou seu desempenho no curso.

O dia do surto e as agressões

Na última quinta-feira (9), cerca de 20 minutos antes de entrar em aula, Monique recebeu uma mensagem informando sobre seu desligamento e cancelamento da bolsa de estudos. “Viajo todos os dias de Matão para Araraquara. Quando tentei conversar com a diretoria, o segurança foi grosso e disse ‘some daqui, rapaz’. Tudo que estava guardado aqui há meses [saiu], me chamando de veado, a primeira transfobia que passei e deixei para lá”, disse.

Monique diz que, durante o surto, teria sido trancada em uma sala com três homens, onde teria sido agredida com um soco na região da boca — onde havia passado por uma cirurgia no dia anterior — e foi vítima de um golpe de “mata-leão”.

“Eu pedia por uma mulher junto e o segurança me deu um soco na cirurgia, meus pontos estouraram. Eu cuspi na cara dele como defesa e ele disse: ‘Seu veado desgraçado, se eu pegar Aids, você vai ver”. Ela nega que seja soropositivo, como afirmado na versão do funcionário no B.O.

Encaminhamento e tratamento

Após o episódio, Monique foi levada para atendimento médico e, posteriormente, à delegacia. Após ser ouvida pelo delegado, foi encaminhada para uma unidade prisional masculina.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) foi questionada sobre a condução do caso, e disse em nota que:

embora a Cadeia de Santa Ernestina seja destinada à custódia de homens, quando há necessidade de abrigar pessoas de outro gênero, os detidos são alocados em celas separadas e isoladas, garantindo a segurança individual e o respeito aos direitos fundamentais – como ocorreu no caso em questão. A Instituição reforça que seu efetivo é continuamente capacitado e participa de cursos de atualização voltados ao acolhimento e atendimento adequado a diferentes públicos, incluindo pessoas transgênero, assegurando tratamento digno e respeitando a legislação vigente.

O que diz o Senac

Em nota, o Senac disse que não compactua com qualquer forma de discriminação, assédio ou violência, seja por raça, gênero, orientação sexual, identidade de gênero, ou qualquer outra característica.

“O lamentável fato ocorrido na unidade de Araraquara foi acompanhado com a máxima seriedade e rigor e informamos que a estudante envolvida não faz mais parte do corpo discente da instituição. Por meio de ações educacionais promovemos a inclusão e a diversidade em todas as nossas unidades, como, por exemplo, a Semana Senac de Inclusão e Diversidade, cursos específicos sobre o tema, além, é claro, de nosso programa de bolsas de estudo integrais por meio do Programa Senac de Gratuidade. Valorizamos e respeitamos todas e quaisquer diferenças em nossa instituição”, disse por meio de nota.

A instituição não respondeu sobre como tratou os casos de transfobia denunciados por Monique e qual foi o encaminhamento dos funcionários envolvidos.

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