Uma mulher de 34 anos procurou a delegacia na última semana para denunciar agressões sofridas pela filha, de 10, em uma instituição filantrópica socioeducativa de Araraquara, o Lar Juvenil Salesiano “São Domingos Sávio”, no Santa Angelina.
A mãe, que não quis ser identificada por medo de represálias, registrou um boletim de ocorrência na terça-feira passada (22). Segundo o relato, a menina teria sido agredida por 18 crianças, sendo duas, de 8 e 9 anos, diretamente.
Ainda de acordo com denúncia, os agentes educacionais presentes no local nada fizeram para socorrer a menina, apenas pediram para que ela se ‘acalmasse’.
“Ela chegou chorando para um agente pois não conseguia respirar, e eles pediram para ela sentar e se acalmar, porém, depois eles não procuraram saber porque ela estava chorando, voltou a conversar com os outros monitores e ficou por isso mesmo”, disse a mãe quis não quis se identificar.
Ao saber do que ocorrera com a filha, a mulher procurou uma advogada e foi orientada registrar o caso na polícia.
“A criança ficou traumatizada, com muita dor, ela ficou com medo de contar para a mãe, com medo de ocorrer de novo. Os monitores estavam próximos e não impediram que ela apanhasse. Ela estava bem desestabilizada, ela é mãe solo. Queremos tomar as medidas cabíveis”, disse a advogada Jéssyca Alencar, que representa a família.
O ocorrido
Em entrevista ao acidade on, a mãe da menina disse que inicialmente a vítima ficou com medo de relatar o que havia ocorrido. “(Inicialmente), quem me contou foi o meu mais novo. E aí, depois de muito tempo, foi que ela falou”, disse a mulher. A criança teria levado chutes no abdômen durante as agressões e ficou com uma escoriação no braço e pontos roxos na cintura e joelho.
“Foram 18 crianças envolvidas. Duas bateram nela diretamente e as outras 16 não deixavam ela sair do cerco. Quando procurei o Lar Juvenil, eles me mostraram o local onde foi a agressão. Disseram que ‘foi uma pequena confusão’ atrás de um tolo que tem lá”, disse a mãe.
A menina teria ido atrás de uma espécie de toldo para retirar duas crianças após um pedido de um agente educacional. “Ela entrou atrás do toldo para tirar essas crianças e quem estava lá dentro foram as duas meninas que a agrediram. Enquanto ela era agredida lá dentro, as outras crianças para o lado de fora batiam nela pelo toldo”, contou a mulher.
Abalada e com medo de novas agressões, a menina e o irmão deixaram de frequentar o projeto. “Eu espero só realmente que seja feito algo, entendeu, em relação à instituição sobre os envolvidos.”
“Como mãe, eu me sinto impotente. Vou te falar que eu chorei a noite toda olhando pra minha filha, tentando pensar como ela se sentiu. (…) Não sei como está a cabecinha dela, eu tentei não tocar mais no assunto porque para ela foi assustador, a agressão, aí no outro dia ir na delegacia, ir para a médica para olhar o corpo dela para ver se tinha hematoma”, desabafou a mãe.
‘Uma brincadeira’
Questionada pelo acidade on, a direção da instituição disse que chamou os envolvidos para uma conversa, incluindo a mãe da criança agredida. Três crianças foram suspensas.
Disse que o que ocorreu foi uma “brincadeira” em que as crianças “socavam o toldo” e que o número de crianças que participaram da ação teria sido “menor do que o relatado pela agredida”, que segundo a direção também participava da “brincadeira”.
A direção ainda afirmou que logo após o ocorrido, nenhum agente educacional estava ciente das agressões, porém, ao mesmo tempo afirmou que os envolvidos foram repreendidos ainda no pátio.