Victor Hugo Ribeiro é um araraquarense de 18 anos que foge da regra da sua idade quando o assunto é música.
Ele é um jovem apaixonado por música clássica e erudita, em especial pelo violino. Desde o início do ano, pode ser visto tocando o instrumento na Avenida Bento de Abreu, em Araraquara.
Victor é violinista e artista de rua. Sua inspiração é o músico barroco italiano Vivaldi, autor da célebre canção “As Quatro Estações”.
A música foi composta para violino e orquestra, e como o nome sugere, retrata a paisagem sonora das estações do ano. Um clássico dos clássicos.
O jovem músico araraquarense toca trechos dessa canção, entre outras, em semáforos da cidade, surpreendendo motoristas e pedestres.
“Vivaldi foi um cara extremamente maravilhoso, tocava em orfanato. As obras dele são fantásticas, infelizmente não posso tocar todas porque nem todo mundo conhece, mas ele me inspira muito”, conta o violinista.
REPERTÓRIO MISTO
Mas ele não para por aí, há também influências roqueiras em seu “case”: Black Sabbath, AC/DC, e até o pop do grupo A-HA. Afinal, é preciso agradar um público motorizado misto.
“Eu lido com todo tipo de pessoas, e o meu repertório varia um pouco, desde músicas eruditas a músicas populares, não faço diferença entre as duas”, reforça.
INCENTIVO E VONTADE
Tudo começou há cinco anos, quando Victor ingressou na Orquestra Jovem, um projeto social gratuito de formação musical. Mas quem o incentivou foi seu irmão mais velho, Wellington, que queria ser artista de rua.
“Na verdade tudo começou com meu irmão que me apresentou umas músicas, e eu comecei no violão, mas depois de um tempo ouvi as Quatro Estações de Vivaldi e nasceu à vontade de tocar algum instrumento clássico”, lembra.
Então ele conheceu a Orquestra Jovem e se encantou com o universo erudito.
“Eu comecei na orquestra jovem, que faço parte, nada é difícil desde que se goste de fazer, tudo depende de esforço e vontade”, aponta.
Victor lembra que ele e seu irmão viram exemplos de jovens tocando nas ruas dos países europeus, e decidiu mostrar o seu repertório em Araraquara.
“Já faz um tempo que venho no semáforo da cidade, mas nunca foi contínuo, meu irmão e eu víamos muito isso nos países europeus, e eu me perguntei porque não fazer aqui, né”?, conta.
A QUÍMICA DA MÚSICA
Victor sonha tocar em uma grande orquestra, mas também tem outro sonho: ser químico. Ele faz faculdade de Química em Matão. Mas sua maior realização seria ver a música valorizada pela sociedade.
“O meu sonho maior é que a música seja valorizada e reconhecida como algo importante para a sociedade, até porque eu aprendi o violino de forma gratuita pela Orquestra Jovem. O meu sonho é que fôssemos mais valorizados”, reflete.
No momento sua fonte de renda são as notas musicais que toca pelos sinais de Araraquara. Para ele, dá para viver com o que ganha nos semáforos, mas também sente falta de um emprego formal.
Além de seu irmão e professores, sua mãe, Luciana Rosa, é a maior incentivadora de sua música.
“Minha mãe me incentivou nesse ano a vir e retornei. Agradeço muito a força que ela me dá. Não tenho emprego formal, e venho pra Bento de Abreu. Dá pra viver sim com o que tiro daqui do semáforo, mas devo admitir que sinto falta de um emprego formal”, concluiu.