No período de um mês, Araraquara registrou cinco roubos a motoristas de aplicativos. As ocorrências foram reportadas no Parque Silvestre (próximo ao Jardim Del Rei), Chácara Flora, Jardim São Rafael, Jardim Maria Luiza e Jardim Veneza entre 15 de abril e 14 maio (Reveja caso a caso no fim da matéria).
A onda de violência assusta aos que dependem das corridas como meio de sustento ou complemento de renda.
A reportagem do acidade on conversou com motoristas de app nesta quinta-feira (15). É unânime entre eles que falta segurança aos trabalhadores da categoria. Os nomes das fontes foram alterados para preservar a segurança dos profissionais.
Motoristas relatam medo e reclamam de desafios nas ruas
Jorge* roda nas ruas há sete anos e relata que vem acompanhando o aumento de ocorrências. “Está ficando mais cotidiano.”
Um amigo dele teve um celular roubado por um passageiro no Parque São Paulo que havia recentemente se cadastrado na plataforma de corridas.
“Infelizmente a gente tem que começar a olhar quantas viagens o passageiro já fez, ver a nota do passageiro, porque não dá para fazer mais viagens assim não cara, a pessoa baixa o aplicativo, faz umas 10 corridas e já quer roubar”, comentou.
Rivaldo* dirige para aplicativos há um ano, como forma de complementar a renda. “Peço proteção a Deus antes de sair de casa, oro todos os dias”, disse o motorista que é evangélico.
“Se a gente ficar com medo é pior, tem que ter cautela, antes do passageiro embarcar tem que analisar a reação dele, não parar o carro muito em cima de onde vai pegar”, contou Rivaldo sobre estratégias que usa para garantir sua segurança.
Ronaldo* é aposentado, mas roda com as plataformas há quatro anos. “Ando escolhendo umas corridas minhas (…) Muitas você não sabe quem é quem, a pessoa ainda fica aí atrás.”
Além da insegurança, os trabalhadores vem enfrentando outros desafios no asfalto.
“Não tem como parar na rua 2 (Nove de Julho), na rua 3 (São Bento), a gente leva multa, como a gente faz para pegar os passageiros? A gente já não ganha bem, os aplicativos estão uma porcaria, e os caras estão carcando (sic) multa na gente. Pô, faz um espaço para a gente parar, né?”, reclamou Ronaldo.

Onda de assaltos
No dia 15 de abril, um motorista de aplicativo, de 28 anos, foi roubado a caminho de uma corrida no Parque Silvestre. Uma dupla de assaltantes pulou na frente do veículo e rendeu com um revólver o motorista. Além do carro da vítima, os criminosos também levaram um celular.
No dia 24 de abril, uma motorista, de 32 anos, foi roubada por três passageiros homens que solicitaram uma corrida do Jardim dos Manacás até a Chácara Flora e a ameaçaram com uma faca. Eles levaram o carro, celular e documentos pessoais depois de deixá-la no Monte Carlo. O trio foi preso depois de cometer outros assaltos em Américo Brasiliense.
No dia 4 de maio, os criminosos fizeram mais uma vítima. Dessa vez, um trio deixou um motorista de 34 anos em um canavial na zona rural da cidade. Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada e realizou o rastreamento do aparelho celular da vítima, que indicou sua última localização no bairro Jardim São Rafael.
Três dias depois, no dia 7 de maio, em um modus operandi semelhante, um motorista foi obrigado por quatro criminosos a entrar no porta-malas de seu veículo, depois de aceitar uma corrida no Jardim Veneza. Ele conseguiu fugir dos bandidos ao deixar as pernas para fora do compartimento.
O último caso ocorreu na noite de terça-feira (13), quando um motorista, de 55 anos, foi rendido por quatro passageiros que saíram do Jardim São Rafael com destino ao Jardim Maria Luiza. Um deles estavam com uma faca e ameaçou o motorista.

Para o delegado Seccional da Polícia Civil, Fernando Giaretta, os motoristas são alvos fáceis na visão dos criminosos. “Eles [passageiros] rodam [na plataforma] sem uma identificação e os criminosos se utilizam dessa facilidade. Dentro do carro fica fácil de dominar [o motorista], então fica uma situação perigosa”, disse Giaretta.
Todos os casos são investigados pelas autoridades policiais do município, afim de elucidar os crimes.
Violência e morte
Na região, a realidade não é diferente. Um profissional da categoria foi assassinado com um tiro na cabeça por criminosos em Rio Claro, no interior de SP.
O corpo dele foi encontrado na manhã de quarta-feira (14) em um canavial. Suspeitos foram presos em Pirassununga (SP) e Poços de Caldas (MG) nesta quinta-feira (15).

*Nomes fictícios usados pela reportagem

