- Publicidade -
CotidianoNumismática: um universo de moedas e cédulas antigas

Numismática: um universo de moedas e cédulas antigas

Em uma época de Pix e cartões, tem gente que curte mesmo é ter moedas e cédulas antigas que valem uma nota

- Publicidade -

 

 

- Publicidade -
Pedro da Silva é comerciante de cédulas e moedas raras em Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

 

 

 

 

- Publicidade -

 

Você já parou para imaginar que por trás de uma moedinha de R$ 0,10 há uma história? E que existem pessoas que estudam moedas e cédulas, além de colecionarem? É o ramo da numismática, onde o ponto de vista histórico, artístico e econômico das cédulas, moedas e medalha são esmiuçados e avaliados. 

Sérgio Mendes é professor em Araraquara e um estudioso da numismática. Ele produz conteúdo em um canal do Youtube e tem um blog especializado no assunto desde 2013. 

A paixão começou ainda quando criança, ao ganhar uma moedinha de um parente. Ele se autodenomina um
colecionador generalista, ou seja, coleciona moedas e cédulas de diferentes países e épocas. Tudo o que aprendeu foi de forma autodidata através de livros, catálogos e pesquisas. 

“Coleciono desde os seis anos de idade e comecei a fazê-lo meio que por acaso. Um primo da minha mãe me deu uma moeda de 400 réis da série MCMI, do começo do século XX e, a partir daí eu comecei a “juntar” moedas. A coleção, organizada, é de uns quinze anos para cá. Tenho de moedas coloniais a peças em circulação”, contou.  

  

 

O professor Sérgio Mendes é um estudioso da numismática e colecionador de moedas antigas (Foto: Arquivo Pessoal)

  

MOEDAS CONTAM HISTÓRIAS

Da época do Brasil Império, Brasil Colonial ou até o momento atual, as moedas e cédulas antigas contam histórias importantes de um país através de seus personagens timbrados. São personalidades importantes para o país, como políticos, artistas, escritores e cientistas. 

Para Mendes, as moedas são muito mais do que um pedaço de metal. 

“A moeda é mais que um pedaço de metal, embora as pessoas habitualmente as vejam assim. As nossas, por exemplo, trazem personagens que, de alguma maneira, foram importantes para a história do país. Há países que representam sua fauna, sua flora, elementos e objetos folclóricos, símbolos nacionais. A moeda é uma grande arma de propaganda do Estado, que, na maioria dos países, tem monopólio sobre a emissão”, avaliou. 

O comerciante Pedro da Silva, 53 anos, está no ramo da numismática há cinco anos e decidiu abrir uma loja de numismática e de colecionismo no Mercadão Municipal de Araraquara, no ano passado.  

 Silva comentou que uma das cédulas mais procuradas pelos clientes é a da Princesa Isabel, uma das únicas mulheres a estamparem notas nacionais, ao lado da escritora Cecília Meirelles. 

A Princesa Isabel está impressa na cédula de $ 50 Cruzeiros, que circulou no país entre 1967 e 1972. No verso da nota, há o quadro da “Lei Áurea”; a princesa foi a responsável por acabar com a escravidão no Brasil. Nos anos 80, a Princesa retornou na nota de $ 200 Cruzeiros, circulando entre 1981 e 1987.  

 

Cédulas contam história de um país (Foto: Amanda Rocha)

 VALORES

O comerciante explicou que o valor das notas e moedas varia de acordo com a tiragem e época de fabricação. Quanto menos tiragem, mais rara. 

“Tem moeda de cuproníquel ou aço que na época saíram tão poucas tiragens que vale mais do que as de ouro. Se tem pouca tiragem vale mais, se uma moeda de $ 100 réis de ouro de 1800 teve a tiragem alta, o valor é mais baixo,”, explicou. 

Essas moedas são da época do Brasil Império, em torno de 1872. Os valores podem ir de R$ 400 até, pasmem, R$ 75 mil. 

“Moedas da época do Império de réis são mais raras e as mais comuns são de cruzeiro e cruzado. Daqui a uns 300 anos as moedas comuns se tornarão raras. Tem moeda de R$ 1 real de 1998 que vale de R$ 500 a R$ 1 mil, porque a tiragem dela foi baixa”, apontou. 

Ele contou que a moeda mais valiosa que já teve foi uma da época do Império de réis, avaliada em R$ 10 mil. 

Silva comentou que o mercado de numismática se concentra principalmente na Rua 24 de maio, em São Paulo, onde geralmente estão os fornecedores, colecionadores e as raridades. 

“No Brasil tem cédulas raríssimas e caras, difíceis de comprar. As mais raras que tenho são na faixa de R$ 6 mil, do ano de 1942 aproximadamente. É a cédula de Dom João VI, de 500 cruzeiros antigos”, comentou. 

O colecionador Sérgio disse que a peça mais rara que tem é uma cédula de R$ 2 do Centenário da Imigração Japonesa, de 2008. Ele pagou uma bagatela por ela, e hoje vale muito mais. 

“Quando foi lançada pelo Banco Central custava R$ 17,50. Hoje, por conta da baixa quantidade cunhada, pode chegar a uns R$ 400”, apontou.  

Pedro Silva é comerciante de cédulas e moedas, ramo é conhecido por Numismática (Foto: Amanda Rocha)

VENDA POR QUILO
Mas há também as moedinhas mais baratinhas, que são vendidas por quilo, usadas geralmente para fazer artesanato e bijuteria. 

“Elas são mais comuns porque a tiragem é muito alta e o material é comum também, o aço. O pessoal não compra para colecionar e sim para fazer anel, bijuteria”, explicou o comerciante Silva.  

 

 

Moedas de cruzeiro e cruzado são vendidas por quilo: são as mais comuns no mercado da numismática (Foto: Amanda Rocha)

 

CLIENTELA VARIADA

Os clientes são de perfil variado, desde crianças até idosos. Mas a grande maioria é composta por homens de mais de 30 anos com poder aquisitivo. 

“Clientes são de crianças até idosos. Tem crianças que vêm com os pais e querem completar coleção de moedas das Olimpíadas, são 17 moedas. É assim que começam a colecionar. Mas a maioria dos meus clientes são homens acima de 30 anos, de várias partes do país”, comentou. 

Catálogos específicos, Sociedade Numismática Brasileira (SNB) e grupos de compra e venda no WhatsApp movimentam esse universo precioso. Mas é preciso muito estudo e dedicação para saber “ler” as moedinhas e notas e evitar falsificação. 

“É complicado. Algumas peças exigem um conhecimento profundo das técnicas de fabricação e até alguns conceitos de metalurgia. As peças muito procuradas são também muito falsificadas”, apontou o autodidata numismático Sérgio Mendes.

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Notícias Relacionadas
- Publicidade -