Um ano após o início da construção da ponte que ligaria os bairros Maria Luiza III e Aclimação, em Araraquara, a obra está paralisada e longe de se tornar realidade para os moradores. Quando foi anunciado, o projeto prometia ser entregue em 180 dias.
A ordem de serviço para o início das obras foi assinada no dia 28 de abril do ano passado, atendendo a um pedido dos moradores em votação no Orçamento Participativo. Ao todo, mais de R$ 1,2 milhão seriam investidos pela prefeitura com recursos próprios.
O secretário municipal de Obras e Serviços Públicos, Valter Rozatto, explicou que a obra foi interrompida ainda no ano passado por falta de recursos. Segundo ele, a construtora responsável abandonou a obra por falta de pagamento, e o contrato foi rescindido. (Veja explicação abaixo)
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“Nenhum morador do bairro está feliz com esta situação, porque a obra estava em andamento e, do nada, pararam sem nenhuma explicação. A gente perdeu a esperança quando retiraram tudo [o maquinário]”, disse a comerciante Adriana Pereira da Silva, de 50 anos.
Adriana vende espetinhos em um trailer – único comércio do bairro. Para ela, a ponte traria mais praticidade e segurança, principalmente à noite.
“Se a gente tem aqui [uma passagem], é mais sossegado, pode cortar caminho, ganhar tempo. O bairro fica afastado de tudo, ninguém conhece. Acho que 100% dos moradores têm esperança de que essa ponte seja concluída. Não é nem esperança, é um direito nosso, porque a gente ganhou na votação, e fica aquela pergunta: por que parou?”, questionou.

A ponte, sobre o Córrego do Serralhal, ligaria a Avenida Manoel Cândido da Costa, no Jardim Maria Luiza III, à Avenida Professor Lysanias de Oliveira Campos, no Jardim Aclimação. Além da travessia, o projeto previa ainda redes de drenagem, pavimentação, guia e sarjeta.
O vidraceiro Paulo Cézar Quirino, de 47 anos, estava na solenidade que marcou o início das obras. Ele frequenta uma igreja que fica próxima à Rua Maurício Galli e acredita que a passagem traria comodidade aos moradores, além de ser uma alternativa para desafogar o trânsito na Avenida Manoel de Abreu – único acesso ao bairro.
O morador lembrou ainda que, para dar início às obras, árvores foram retiradas “em vão” do local. “Se soubesse que era para fazer isso, que deixassem as árvores, não mexia em nada. Ou faz, ou não faz. Tinha que ter uma certeza: ‘vamos pegar, vamos fazer, vamos finalizar, terminar’. Agora ficou sem árvore, sem ponte e sabe Deus quando vão terminar“, lamentou.
O eletricista Zenilton do Carmo Silva, de 56 anos, mora a pouquíssimos metros de onde começaria a ponte e sempre foi contra a obra por querer “sossego e pouco fluxo de veículos” próximo à sua casa. Porém, defendeu que, tendo início, deveria ser concluída.
Para ele, a situação é “triste”, principalmente para os moradores que esperavam pela valorização do bairro. “Só trouxe sujeira e transtorno porque não acabou. Se pelo menos tivesse acabado… Já que começou, o ideal era terminar logo. Para mim, não é tão viável porque é bem na porta de casa, mas para a maioria dos moradores é bom“, defendeu.

O QUE DIZ A PREFEITURA
De acordo com o secretário municipal de Obras e Serviços Públicos, a obra foi interrompida ainda no ano passado por falta de recursos próprios para a execução. Segundo ele, a construtora responsável abandonou a obra por falta de pagamento, e o contrato foi rescindido.
Até o momento, foram investidos cerca de R$ 400 mil com recursos do Fumtram (Fundo Municipal de Trânsito); porém, ainda faltam R$ 1,5 milhão.
“A prefeitura [administração anterior] iniciou a obra com recurso próprio, mas sem ter o recurso. A empresa começou, fez duas medições, não recebeu e começou a paralisar a obra“, afirmou Rozatto.
Para dar prosseguimento à obra e concluir parte do aterro, guias, sarjetas, pavimentação e calçadas, que ainda estão pendentes, o município solicitou recursos às secretarias estaduais de Governo e Defesa Civil. O montante, no entanto, ainda não tem prazo para ser liberado.
“O município não consegue abrir nova licitação porque não tem recurso. […] Aquela obra está ‘na boca do forno’ porque é muito importante para aquela população, mas não vamos cometer loucuras, iniciar obra sem ter recurso“, concluiu.
PONTE FERNANDA MANÉCOLO
A ponte leva o nome da jornalista Fernanda Manécolo, que morreu em 2021, aos 37 anos, devido a complicações cardíacas. Nascida em São Paulo, foi editora do portal acidade on Araraquara e dedicou sua vida profissional a contar as histórias de sua cidade do coração.
Formada em Jornalismo pela Uniara (Universidade de Araraquara) em 2004, Fernanda traçou sua carreira em diversos veículos renomados de Araraquara, incluindo o jornal Tribuna Impressa e a Rádio CBN.
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