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CotidianoRevista em quadrinhos orienta sobre violência doméstica contra mulher

Revista em quadrinhos orienta sobre violência doméstica contra mulher

Gibi de Maurício de Sousa aborda Lei Maria da Penha e como denunciar 

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Revista em quadrinhos orienta sobre violência doméstica contra mulher  Revista em quadrinhos orienta sobre violência doméstica contra mulher

 

 

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O Instituto Cultural Mauricio de Sousa e o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançaram, nesta semana, uma revista em quadrinhos sobre enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres

O lançamento fez parte das ações do governo federal no mês da mulher.

A publicação, lançada nos formatos físico e digital, é destinada, sobretudo, ao público infanto-juvenil.

 Nela, a Turma da Tina aborda, com uma linguagem acessível, a igualdade de direitos de mulheres e homens e como enfrentar os vários tipos de violência sofridas por mulheres e meninas, na sociedade brasileira.

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Os personagens jovens do cartunista Mauricio de Sousa, dentro do cenário de uma faculdade, assistem à aula com exemplos sobre violências mental, física, econômica e sexual contra mulheres, praticadas de diversas formas com emprego de força física, constrangimento moral ou psicológico, menosprezo, restrição de direitos, abusos como opressão, ameaças, perseguição, hostilidade, intolerância ou dano patrimonial.

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No gibi, a professora da história, dona Ruth, explica aos alunos que a violência doméstica vem sendo praticada em vários contextos. 

Dentro e fora da casa da vítima, por familiares e amigos, e por agressor que mantém ou teve relação íntima com a mulher, como marido ou ex-companheiro.

Revista em quadrinhos orienta sobre violência doméstica contra mulher

 

Os desenhos de Mauricio de Sousa mostram as limitações impostas pela violência às mulheres e que essa brutalidade pode resultar no crime de feminicídio, previsto desde 2015 no Código Penal brasileiro, quando uma mulher é assassinada pelo fato de ser mulher.

Os exemplos citados nos quadrinhos têm o objetivo de ajudar a sociedade a identificar comportamentos considerados aparentemente corriqueiros e normais, como verdadeiras formas de violência. 

Outra lição é a do personagem Ivo, que sente um ciúme descontrolado da namorada. Ivo é aconselhado a procurar ajuda profissional especializada para que entenda que não existe propriedade de um homem sobre uma mulher.

No fim das 20 páginas, os personagens Tina, Rolo, Pipa, o namorado Zecão e outros se transformam em agentes multiplicadores das informações de paridade de gênero de direitos e enfrentamento da à violência doméstica e familiar contra mulheres.

Como buscar ajuda?
Os quadrinhos ainda mostram aos leitores que existe uma rede especializada de serviços para atender às mulheres que se sentirem vítimas da violência doméstica e familiar. 

A professora da história diz que a melhor forma de ajudar é encaminhar a vítima ao serviço especializado, onde os profissionais vão saber como agir nas diferentes situações.

Em muitas cidades brasileiras, a rede de enfrentamento conta com delegacias de polícia especializadas de atendimento à mulher (DEAM), Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher e até núcleos da Defensoria Pública.

Outro canal de atendimento destacado nas ilustrações de Maurício de Sousa é o Ligue 180, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. 

A Central de Atendimento à Mulher é nacional, funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive nos feriados, no Brasil e em outros 16 países. 

Além de informações sobre direitos da mulher, amparo legal e a rede de serviços de atendimento e acolhimento, a central telefônica é, também, canal de denúncia. O serviço registra os relatos de violações contra mulheres, os analisa, encaminha aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.

A promessa do governo federal é que até o fim de 2026, cada capital vai contar com pelo menos uma unidade da Casa da Mulher Brasileira . 

A instituição reúne, no mesmo local, os serviços para mulheres em situação de vulnerabilidade. E nos casos necessários, oferece acolhimento, triagem, apoio psicossocial e alojamento temporário (casa de passagem) às vítimas e filhos, até que possam ser encaminhados a um local seguro.

Lei Maria da Penha
Na revista, os personagens Tina, Rolo, Pipa, o namorado Zecão e outros conheceram a história verdadeira da farmacêutica bioquímica Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da luta da violência contra a mulher.

Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte do ex-marido, o colombiano com cidadania brasileira Marco Antonio Heredia Viveros. Na primeira vez, em 1983, ele tentou matá-la com um tiro nas costas que a deixou paraplégica. Quatro meses depois, Maria da Penha foi mantida em cárcere privado por 15 dias e Marco Antonio tentou eletrocutá-la durante o banho.

O ciclo de violência vivido por Maria da Penha deu origem à Lei nº 11.340/2006. A legislação leva o nome de Maria da Penha como forma de reparação simbólica, após omissão do Estado brasileiro e a impunidade do agressor dela. A [lei] Maria da Penha traz medidas para proteger outras mulheres da violência doméstica e familiar e permitir o acesso à justiça às vítimas de violência no País.

Em 2009, a ativista fundou o Instituto Maria da Penha com a missão de trabalhar em projetos sociais, pedagógicos e educacionais dentro desta temática. Com sede em Fortaleza (CE) e representação no Recife (PE), o instituto, além da orientação às vítimas, trabalha a conscientização e o empoderamento de mulheres para aumentar a qualidade da vida física, emocional e intelectual delas.

Maria da Penha e a revista da Turma da Tina
Na quarta-feira (29), Maria da Penha participou remotamente do lançamento da revista em quadrinhos da Turma da Tina pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Por videoconferência, Maria da Penha, apostou na parceria com Mauricio de Sousa.

“Esse é um sonho muito antigo, uma revista em quadrinhos do Mauricio de Sousa abordando o tema de enfrentamento à violência doméstica contra mulher. Sempre acreditei no poder da educação, formal e informal. Não foi à toa que fundei o Instituto Maria da Penha, em 2009”.

A ativista refletiu que ainda há muito a ser percorrido no enfrentamento à violência contra a mulher.

 “Nosso foco de atenção deve ter maior engajamento da população para sermos mais fortes no enfrentamento, assim como resistir à proliferação da intolerância que nos mata”.

Em sua fala, durante o lançamento, ela defendeu que o caminho da superação passa pela educação.

 “Acreditamos que a cultura machista e patriarcal, a cultura da violência, precisam passar, impreterivelmente, pela educação para ser modificada a médio e longo prazos.”

Como a maioria das mulheres que sofrem violência doméstica são mães, Maria da Penha ainda lançou luz ao impacto causado aos filhos das vítimas da violência doméstica. “Por omissão, [a violência] promove o aumento incessante dos órfãos, nossas filhas e filhos, vítimas invisíveis da violência doméstica”.

Maria da Penha destacou que ela própria teria deixado três órfãs, se não tivesse sobrevivido às graves agressões.

 A segunda das três filhas de Maria da Penha, Claudia Fernanda Veras, é autora do livro “Sou filha da lei, sou filha do rei”. 

Uma história de superação, perdão e liberdade. Na obra, Claudia Fernanda fala da violência doméstica sob a ótica dos filhos das vítimas.

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