
Em Araraquara, o risco de morrer por covid-19 é quatro vezes maior do que por violência. Mesmo assim o número de pessoas que desprezam o vírus e se arriscam em aglomerações é grande.
Durante o ano de 2020, Araraquara registrou 92 mortes por covid-19 e 15 mortes no trânsito de acordo com o Infosiga, orgão que monitora os acidentes de trânsitos no estado.
Segundo dados Secretaria de Segurança Pública do Estado, foram sete homicídios dolosos que resultaram em oito mortes.
Comparados aos números de mortes de trânsito e homicídios, o risco de perder a vida por causa da covid-19 foi quatro vezes maior.
FASE DA NEGAÇÃO
Mesmo com o vírus sendo mais letal algumas pessoas entram na fase da negação e aparentam ter um medo maior de acidentes com carros e motos. Ou ainda ser assaltado e levar um tiro do que de pegar a doença, quando sai de casa sem mascara e não toma os cuidados básicos.
A psicóloga Naiara Mariotto explica o motivo que leva as pessoas a reagirem desta forma em relação aos medos invisíveis como o vírus e palpáveis como os acidentes.
“Nosso cérebro enxerga a realidade apenas sob os nossos sentidos, tato, visão, paladar , olfato, então lutar contra algo invisível como é a covid-19 faz com que se acentue ainda mais essa insegurança das pessoas da realidade. Quando olham dessa maneira acabam tendo uma percepção de que a covid e pandemia é algo menor do que se mostra. Aí a pessoa pode vir a acreditar que o risco de ser afetado é muito menor do que estar sujeito a outros problemas como a fome e problemas financeiros”, esclarece.
Outro ponto que ajuda as pessoas a não perceberem o quão grave é a pandemia do novo coronavírus é a negação.
Além do negar a sensação do não ter medo pode ser uma resposta a influência dos meios em que estamos inseridos.
“A negação de um problema pode significar também um passo inicial em relação a resiliência, ou seja, quando quero me sentir seguro eu nego, então quando temos um líder ou um gestor, que pode ser meu professor, meus pais. Automaticamente tenho um exemplo pra minha tomada de decisão pra uma confiança maior e resistência maior sobre aquilo”, explica.
As famosas fake news que disseminam tratamentos ineficazes, influencia e dificulta muito mais a luta contra algo que não é visível a olho nu.
“É aquela famosa história do copo meio cheio e ou copo meio vazio, tudo é uma questão de olhar individual. E hoje mais do que nunca vemos a polarização da população muito grande que está dividindo as opiniões e em relação a covid não é diferente. A imensidão da fake news traz cada vez mais dúvidas sobre segurança as pessoas”, pontua.
Mas enxergar a realidade só dos nossos sentidos ou a nossa própria realidade acaba resultando nessa sensação de que acidentes e homicídios são mais perigosos que a covid-19, mesmo que a covid matou quatro vezes mais pessoas em Araraquara no ano de 2020.
Por mais que lutar contra algo invisível possa parecer banal, não podemos deixar de lavar bem as mãos, usar álcool em gel e máscara.