Para aqueles que não puderam adiar a saída da cama, restou a opção de encarar a manhã gelada desta quarta-feira (23) em Araraquara.
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A temperatura chegou a 5°C, a mais baixa registrada em 2025. Pelas esquinas da Rua 2 (Nove de Julho), no Centro, mãos nos bolsos dos casacos e ombros encolhidos nas orelha ilustravam a espera pela abertura dos semáforos.
Para sair de casa, toucas, jaquetas pesadas e até luvas acompanharam os araraquarenses. Nem o ‘Sol’ da Morada foi capaz de evitar os tremores e batidas de queixo nos pontos de ônibus alheios.
Trabalho nas ruas
O malabarista Rodrigo Beti, 27, encarou, sem escolha, a madrugada gelada ao relento junto a um amigo das artes. “Passamos a noite na rua, passou frio ontem. E agora estamos indo trabalhar no sinaleiro. Então vai, caminha um pouco, toma um pouco de sol, agora a pouco compramos roupa para passar um pouco menos de frio.”

Ele chegou a Araraquara há quatro dias e está sem abrigo. “A noite anterior foi mais fria. A gente tá, não acostumado, mas tentamos sobreviver”, contou o malabarista e viajante argentino.
Acordado desde às 6h, o seu Luís Carlos Ribeiro, 58, quase cedeu a tentação de não sair debaixo das cobertas.
“Se eu não tivesse compromisso eu não ia vim, é porque eu estava bem precisando trabalhar”, disse o baiano que vende doces e queijos mineiros há 10 anos pelas ruas de Araraquara.

Simpático e apressado, seu Luís passa de loja em loja para oferecer suas iguarias. Apesar de ‘gelados’ os ventos jogam a favor de quem vende alimentos nesta época do ano. “As pessoas compram mais doce no frio”, conta Luís.
A fome que resulta no crescimento da clientela também é algo observado pela chapeira Janaina Aparecida da Silva, 47, que vende lanches e hot dog no cruzamento da Rua 2 com a Avenida Feijó.
“O pessoal tem mais fome. Esfria e vem comprar roupas, cobertor no Centro. Quando pega o pessoal de surpresa é muito bom para o movimento tanto de alimentação quanto para as lojas.”
Acostumada a madrugar, ela levanta às 3h para preparar os ingredientes. Hoje não foi diferente, apesar dos desafios. “Esse corredor é muito gelado, mas hoje ficou bem mais. Hora que levantei estava 6°C, senti muito frio, mesmo com três blusas.”

Contrário a natureza araraquarense
Encarar o frio não costuma fazer parte da natureza do araraquarense, que planeja estratégias para sobreviver a esta temporada de inverno sem congelar.
“Tem que tomar banho muito mais cedo, porque se esperar entardecer não dá para tomar mais”, disse o barbeiro Edmilson de Almeida, de 47, que deu um desconto aos três filhos nesta quarta.
“Não foram para escola hoje”, disse sua esposa, a dona de casa Gislaine de Almeida, de 26.
“Tem que entender, compreender e se adaptar, né?”, finaliza o barbeiro araraquarense.


