Pela segunda vez, o Tribunal do Júri absolveu Caio Augusto Rodrigues Oliezer, de 25 anos, da acusação de homicídio triplamente qualificado, após nove horas de julgamento no Fórum de Araraquara, na última terça-feira (17).
Caio foi um dos três réus, que responderam pela morte e ocultação do corpo da travesti Bruna Torres, em setembro de 2019, na Vila Furlan. Na denúncia, o Ministério Público pedia a condenação dos acusados por homicídio qualificado, por motivo torpe, emprego de tortura e emboscada, e ocultação de cadáver.
Em abril do ano passado, Caio foi absolvido das acusações. Porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo atendeu a pedido do MP e anulou o julgamento, por entender que a decisão dos jurados havia contrariado a prova constante nos autos.
No entanto, o novo júri manteve a absolvição do réu, condenando-o a pena de dois anos de prisão em regime semiaberto apenas pelo crime de ocultação de cadáver.
Segundo a advogada Nicole Guimarães Novaes Pinto, toda a dinâmica do crime, como a motivação e autoria, foi construída por uma testemunha que não presenciou os fatos, e as provas que constam no processo não demonstraram a participação de Caio no assassinato de Bruna.
Ainda de acordo com a defesa, o réu sempre confessou ter ocultado o corpo da vítima, mas sem ter participado em sua morte.
A defesa não foi a plenário clamar por uma absolvição total. A defesa foi a plenário buscar condenação justa. Isto é, que Caio fosse condenado pelo que fez e não pelo que não fez. Com a demonstração de todas as provas aos jurados, inclusive, gravações de áudio, eles se convenceram da inocência de Caio em relação ao homicídio.
Nicole Guimarães Novaes Pinto – advogada
O CRIME
O corpo de Bruna Torres, na época com 26 anos, foi encontrado com sinais de violência, com as mãos e pés amarrados às margens da Rodovia Deputado Vicente Botta (SP-215), próximo ao trevo da entrada do bairro Cidade Aracy, em São Carlos.
Na ocasião, o delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Gilberto de Aquino, disse que o crime ocorreu em uma pensão onde travestis ficavam hospedadas, na Vila Furlan, em Araraquara. Na sequência, o corpo foi abandonado na cidade vizinha.
Na pensão, os investigadores encontraram fios de cabelo e manchas de sangue espalhados em alguns cômodos. Também foram apreendidos objetos que demonstraram que a vítima devia R$ 800 para uma cafetina.
Vizinhos relataram à polícia que escutaram uma discussão e barulho de móveis sendo arrastados na pensão na madrugada do dia 15 de setembro.
Bruna Torres, como era conhecida nas redes sociais era natural de Manaus (AM), mas morava em Araraquara. O corpo dela foi levado até sua cidade na natal após ajuda de amigos.
OUTROS RÉUS
Em abril de 2023, o Tribunal do Júri condenou Tiago Augusto Chiarelli, a Tamy, a 22 anos e seis meses de prisão por homicídio e ocultação de cadáver, e Dionathas Batista Oliveira a 25 anos e seis meses de prisão pelos mesmos crimes.
Os réus respondiam por homicídio qualificado, por motivo torpe, emprego de tortura e emboscada, e ocultação de cadáver. Durante o julgamento, foram ouvidas testemunhas e policiais que participaram da investigação.
Na ocasião, a defesa de Tamy, que continua foragida da Justiça, negou as acusações ao acidade on. A advogada Josimara Veiga Ruiz disse que confiava na inocência da sua cliente e iria recorrer da decisão em “busca de Justiça para todos.”
Já o advogado de Dhionatas, Luis Roberto Moretti afirmou que, no entendimento da defesa, a condenação havia sido injusta e também iria recorrer da decisão. Segundo ele, o réu não participou do crime.
