Com dificuldades para equilibrar receitas e despesas, a Vila Vicentina “pediu socorro” aos vereadores para manter o acolhimento de 69 idosos em situação de vulnerabilidade em Araraquara. Durante a Tribuna Popular da Câmara, nesta terça-feira (4), Sérgio Luiz Carvalho afirmou que a organização não conseguiu pagar o 13º de seus colaboradores e precisa de ajuda financeira para seguir com as atividades.
“Atualmente, está sob risco de sofrer uma morte lenta e dolorosa, por sufocação, causada pela recente falta de oxigênio que a mantém viva, que é verba permanente suficiente e necessária para custeio de suas atividades pelo menos no nível básico de atendimento que lhe é exigido por força tanto da obrigação espiritual e moral dos vicentinos, quanto da obrigação legal que lhe impõem os órgãos reguladores que a fiscalizam regularmente”, introduziu.
Sérgio Luiz Carvalho, representante da Vila Vicentina
O representante afirmou que o custo por idoso acolhido é de R$ 4,3 mil, garantindo abrigo, alimentação, higiene, saúde e administração. Parte deste valor é arrecadada através da aposentadoria do acolhido (25%) e o restante (75%) de articulações da sociedade civil e da comunidade vicentina de Araraquara com eventos, shows de prêmios, vendas de massas, bazar permanente de usados, Nota Fiscal Paulista e participação em eventos de terceiros.
“Quanto a verbas públicas, recebem-se o inacreditável e ínfimo R$ 100 por idoso do Fundo Municipal do Idoso, do Governo Federal, repassado pelo governo do Estado e, eventualmente, verbas de emendas de deputados estaduais e federais que têm utilização restrita, geralmente para obras e equipamentos que nem sempre são repassados a tempo.”
Sérgio Luiz Carvalho, representante da Vila Vicentina
Segundo Sérgio Luiz Carvalho, a situação financeira da Vila Vicentina se agravou após a pandemia da covid-19 e ficou insustentável. “Essa situação levou a esgotar nossas reservas, acumulando déficits progressivos, que culminaram na recente situação insustentável de não conseguir provisionar o pagamento do 13º salário de 49 funcionários, uma situação desesperadora, que precisa ser urgentemente resolvida”, completou.

Em resposta à fala, vereadores e membros da Frente Parlamentar dos Idosos, presidida por Paulo Landim (PT), abordaram a construção de um acordo para o repasse de recursos pela Prefeitura de Araraquara às entidades ainda neste ano, bem como a inclusão de uma emenda na LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2026, prevendo a destinação de R$ 1 milhão. O ofício endereçado ao prefeito Dr. Lapena (PL) solicitando mais recursos para as ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) foi assinado por todos os vereadores.
“Maior agradecimento cabe à proposta unânime dos vereadores de Araraquara na atual legislatura de incluir na emenda à LOA apresentada pela Prefeitura para contemplar no orçamento de 2026 com R$ 1 milhão a ser destinado ao Fundo do Idoso para serem repassados às entidades do município que abrigam em conjunto cerca de 200 idosos.”
Sérgio Luiz Carvalho, representante da Vila Vicentina
“Quando a emenda for aprovada, cabe o seguinte exercício matemático: R$ 1 milhão, dividido por 200 idosos, é igual a R$ 5 mil; dividido por 12 meses, dá o valor de R$ 417 por idoso. Ou seja, o valor destinado por idoso corresponderá somente a cerca de 10% do custo total, calculado em R$ 4,3 mil por mês. Em outras palavras, ajuda e muito, mas não resolve a insolvência que se avizinha, com risco até de encerramento das atividades da Vila Vicentina em um curto prazo, o que é minha preocupação e meu medo”, completou.
A Vila Vicentina vislumbra conseguir subsídios do poder público de pelo menos 50% do valor gasto pelas entidades assistenciais. “O que sonhamos para o futuro é uma LOA que destine ao menos R$ 2 mil por mês por idoso, ou seja, 50% do custo, possibilitando o cumprimento dos salários e encargos sem depender do esforço individual da sociedade e dos vicentinos, ainda necessário para se buscar os 25% restantes, ou seja, R$ 1 mil. Essa proposta de R$ 2 mil por 200 idosos significaria no orçamento um valor de R$ 400 mil por mês, somando R$ 4,8 milhões por ano, o que impactaria ínfimos 0,3% do orçamento municipal de mais de R$ 1,5 bilhão”, defendeu.
Com a indicação realizada pelos vereadores, cabe ao Executivo repassar os recursos solicitados para a Vila Vicentina. Durante as falas, foi mencionado pelo vereador Alcindo Sabino (PT) que o secretário de Finanças, Roberto Pereira, se reuniu com os parlamentares e garantiu o repasse.

