Em poucos dias, o quilo do pão francês ficou em média R$1 mais caro, em Araraquara. O aumento do preço da farinha de trigo, além do valor do combustível, ajuda a explicar esta alta.
Em uma panificadora da Vila Xavier, o quilo saltou de R$11,99 para R$12,99. O aumento, segundo o proprietário, é puxado, principalmente, pela alta da farinha de trigo.
Márcio Corvello explica que antes pagava R$74 pelo saco de 25 kg, hoje, desembolsa R$90. O custo com o ingrediente ficou 21% maior e a previsão é de novos reajustes.
“Tivemos também o aumento de outros insumos, como o fermento e o óleo. Infelizmente, a gente vai ter que repassar [para o consumidor] de uma forma ou de outra”, diz ele.
O comerciante destaca que muitos clientes estão comprando menos. “A pessoa que levava dez, tem levado oito, sete”, diz.
É o caso da dona de casa Francisca Ferreira Andrade, de 43 anos. Ela diz que antes comprava pão para o café da manhã e da tarde, mas que “não tá dando mais”. “Se você compra cinco pãezinhos, paga R$8”, conta.
Em outra panificadora, que fica no Jardim Silvânia, o quilo do pão francês foi de R$12,50 para R$14, e a explicação é a mesma.
A proprietária, Paula Roberta Toledo, conta que o saco do ingrediente passou de R$69 para R$94 alta de 36%.
Pensando nos sucessivos aumentos, o estoque que antes era comprado apenas para uma semana desta vez foi feito para o mês todo. “Se eu utilizo 10 sacos por dia são R$250 a mais só com a farinha”, destaca.
A aposentada, Rosângela Aparecida Santos, 59, lembra o preço da cesta básica subiu muito e que “às vezes deixa de comprar outros itens para suprir os que são de primeira necessidade”. “É de doer no bolso, mas não dá para deixar de comer um pãozinho”, afirma.
PORQUÊ
O economista do Sincomércio Araraquara, João Delarissa, explica que a guerra na Ucrânia agravou o cenário que já não era animador. Considerando, principalmente, que nos últimos 12 meses, a farinha de trigo já tinha acumulado alta de 17,89%.
Delarissa destaca que, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria, o Brasil importa aproximadamente dois terços do trigo que é consumido internamente. Juntas, Rússia e Ucrânia são responsáveis por aproximadamente 30% da oferta global de trigo.
“O aumento da cotação internacional ainda incentiva o produtor brasileiro de trigo a exportar um volume cada vez maior da sua produção, a fim de maximizar os seus ganhos pela negociação do seu produto em dólar. Ou seja, a preocupação do setor produtivo não se limita às altas de preços do trigo, mas também na possibilidade de falta do cereal”, aponta.
Além da alta do trigo, o economista destaca que os demais ingredientes utilizados na preparação do pão francês também ficaram mais caros. “O preço do produto ainda sofre com o reajuste dos combustíveis, do gás de cozinha e o encarecimento da energia elétrica que ainda mantém a bandeira tarifária escassez hídrica”, finaliza.