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Sobre Coutinho, Tite age bem ao nadar contra a corrente

Coutinho acaba de desembarcar no Aston Villa, onde tentará se reencontrar com o bom futebol no país em que conheceu sua melhor versão

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Coutinho marca o gol de empate do Aston Villa contra o Manchester United. (Foto: Reuters/John Sibley)

 

A convocação de Philippe Coutinho para a seleção brasileira, para os jogos contra Equador e Paraguai, provocou reações adversas em quase toda a comunidade futeboleira. O meia-atacante, que deixou o Liverpool rumo ao Barcelona em 2018, nunca mais repetiu as atuações que fizeram dele príncipe em Abbey Road, quando também era figura inequívoca no selecionado brasileiro.

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Para o seu lugar, muito se falou em Raphael Veiga, protagonista no ano mágico palmeirense que terminou com a conquista de duas Libertadores e uma Copa do Brasil. Houve também quem se lembrou de Lucas Moura, que atua no Tottenham e tem se destacado desde que Antonio Conte assumiu o comando técnico dos Spurs. Por outro lado, Coutinho acaba de desembarcar no Aston Villa, um clube de pretensões tímidas no futebol inglês, onde será treinado por Steven Gerrard e tentará se reencontrar com o bom futebol no país em que conheceu sua melhor versão.

Se qualquer um desses jogadores fosse chamado por Tite e recebesse a oportunidade de atuar pelo Brasil, não haveria injustiça alguma a ser apontada nessa escolha mesmo que Veiga sequer seja o melhor meia-atacante em atividade no futebol brasileiro. Contudo, vale refletir criticamente sobre a premissa hegemônica que embasa a oposição à convocação de Philippe Coutinho.

Em alguma medida, alega-se um determinado princípio meritocrático, em que o momento técnico vivido por qualquer atleta deveria ser o critério mais relevante para distinguir quem deveria ser chamado ou não para defender a seleção brasileira. Em primeiro lugar, essa concepção desconsidera a dimensão coletiva do processo de formação de um time futebol, como se uma equipe pudesse ser gerada a partir da união de rompantes momentâneos de talento. A relação entre os atletas, mediada pelo treino e tempo, é necessária para que uma intencionalidade coletiva se estabeleça.

Em segundo lugar, ignora experiências prévias que contradizem esse pressuposto. Quando foi convocado por Tite em 2016, Paulinho estava exilado no futebol chinês e do imaginário do torcedor brasileiro, mas veio a se tornar uma figura chave no Brasil que voltou a ser encantador dentro de campo. Do mesmo modo, como rememorou o jornalista inglês Tim Vickery, se seleção fosse só momento, Ronaldo deveria estar ausente na Copa do Mundo de 2002.

Por fim, desvaloriza a subjetividade dos atletas ao considerar que o esporte de alto rendimento não é um espaço para que os indivíduos sejam “recuperados”. Premiasse a eficiência das “máquinas” e se despreza a fragilidade humana, estigmatizando aqueles que, por algum momento, tenham dado indícios de que sucumbiram quando submetidos a situações de “pressão”.

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Pois bem, em sua estreia no Aston Villa, no dia seguinte à convocação de Tite, Coutinho entrou no segundo tempo, deu uma assistência e marcou um gol, permitindo que seu novo clube, que estava sendo derrotado por 2 a 0, buscasse um empate contra o Manchester United. Se há alguma relação entre sua atuação e seu chamado para a seleção brasileira, só o jogador poderá responder.

O fundamental é que analisar tecnicamente o que acontece dentro do universo das quatro linhas não deve justificar a elaboração de uma narrativa desumanizada sobre futebol. Nesse caso, Tite age bem por nadar contra a corrente.

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