Ao longo dos seus 71 anos de histórias, a Ferroviária sempre teve grandes nomes no seu setor defensivo. Zagueiros como Mauro Pastor, Marco Antonio, Rossi e Rodrigues, além de goleiros como Sergio Bergantin, Rosan, Abelha e Tadeu. Porém, nenhum deles conseguiu ficar tanto tempo sem ser vazado, como a equipe da Série D do Campeonato Brasileiro de 2021.
Com uma campanha sólida, líder do Grupo A6 com 25 pontos e já classificada para a segunda fase da Série D do Campeonato Brasileiro, a Ferroviária atingiu uma marca histórica no último jogo contra o Águia Negra, em Rio Brilhante (MS). A equipe está há 837 minutos sem tomar gol.
Com dois anos de clube e sua segunda Série D pela Ferroviária, o goleiro Saulo falou sobre o atual momento e destacou a entrega do elenco para que a marca fosse atingida.
“É um momento especial e marcante para nós atletas e também para a insituição, conseguir bater essa meta. Mas temos que encarar com os pés no chão e saber que não é nosso objetivo principal. Tem que enaltecer o trabalho do Elano, da comissão técnica e de todos os atletas. Um sistema defensivo que vem se empenhando e lutando muito em todos os jogos”, afirmou.
Para o técnico Elano Blumer, o feito alcançado é algo a se comemorar e parabenizar ao elenco e também a comissão técnica, mas afirmou que o objetivo é seguir trabalhando forte para alcançar os próximo objetivos.
“A gente fica feliz. Acho que o principal objetivo desta primeira marca conquistada, é destacar o comprometimento de todos. Temos que valorizar tudo que vem sendo feito até agora por todos os envolvidos. Mas temos que ser cientes de que conquistamos apenas jogos e nosso objetivo é o acesso. Manter a humildade, mas feliz já por tão pouco tempo ter entrado na história de um clube tão tradicional como a Ferroviária”, falou.
O caminho para alcançar a marca e entrar para a história do clube, começou com um duro golpe: derrota na estreia da Série D por 3 a 0. Porém, de lá até agora foram nove jogos sem perder e sem ser vazado. Fruto, de acordo com o volante Nando Carandina, de muito trabalho.
“Nós construímos isso jogo a jogo. Sofremos muito na estreia, quando a gente perdeu para o Uberlândia por 3 a 0 e acho que isso nos fortaleceu muito, fez a gente aprender que a competição pede que a gente não tome gol e depois pensar em fazer, é uma coisa natural do jogo. E a gente tem feito isso a cada partida. Quase não sofremos, vão poucas bolas ao nosso gol, mas temos que seguir evoluindo cada vez mais, porque vai ficando cada vez mais difícil”, declarou.
No meio deste caminho, a Ferroviária chegou próxima de não alcançar a marca. Em partida válida pela oitava rodada da competição, jogando na Arena da Fonte, a equipe recebeu o Boa Esporte (MG) e vencia o duelo por 2 a 0. Até que aos 45 minutos, o atacante adversário foi derrubado na área e o árbitro marcou pênalti.
O goleiro Wagner, que substituiu Saulo, que estava suspenso, naquela partida, defendeu a cobrança. “Foi um momento muito importante na minha carreira. Sabia que tinha esse tempo sem tomar gols e sabia que estava substituindo o Saulo, por isso tinha que dar o meu melhor. Deus me abençoou neste pênalti e eu pude fazer essa defesa, que deixou nossa meta em zero. É marcante para gente, por ser um recorde do clube, então é muito importante e ficamos muito felizes por isso.”
Pilar da zaga afeana, o zagueiro Bruno Leonardo é o único do setor defensivo que atuou em todas as partidas. Além de defender, ele também marcou um gol na vitória da Locomotiva por 3 a 0, contra o Rio Branco (ES).
O defensor já formou trio de zaga com a experiência de Guilherme Mattis e Léo Rigo, mas também com a juventude de Gustavo Medina, Matheus Fernando e Ian, estes formados nas categorias de base do clube e todos abaixo de 20 anos.
“A nossa defesa acaba sendo muito voluntariosa e essa é nossa principal característica. Todo mundo se dedica e se entrega muito para evitar o gol. Quando a gente vem para o clube, é com a expectativa de tudo acontecer bem. Os atletas que vem entrando, vem jogando bem. A gente tem tido muita humildade. Nosso time não tem vaidade, todo mundo se dedica, desde os atacantes até ao nosso goleiro”, comentou o zagueiro afeano.
Uma das máximas do futebol é que a melhor defesa, começa no ataque e com a Ferroviária, nesta Série D, não é diferente. Para ter esses números defensivos, toda equipe precisa estar em perfeita conexão.
“A orientação do Elano é sempre ajudar na marcação. Então, tanto eu quanto o Gleyson e todo pessoal que vem jogando no ataque, estamos fazendo isso bem, marcando forte na frente, para não sofrer gols lá atrás. É uma campanha muito boa que estamos fazendo e esperamos seguir assim até o final”, falou o atacante Júlio Vitor, um dos artilheiros da Locomotiva com três gols.
A última grande marcada defensiva da Ferroviária, aconteceu em 2016, entre a Copa do Brasil e a Copa Paulista. Na ocasião, a equipe ficou 762 minutos sem tomar e havia no grupo jogadores formados na base como Raniele, Ian, Sávio, Kaio Pantaleão e Gustavo Henrique. A Locomotiva foi vice-campeã do torneio e garantiu vaga na Copa do Brasil de 2017.
“Temos que valorizar o que já conquistamos, mas entender que nosso foco é o acesso. E como eu digo, o comprometimento de cada atleta, faz com que a gente alcance os objetivos. Temos que continuar, pois ainda tem muita caminhada pela frente”, falou Elano Blumer e o goleiro Saulo finalizou. “As marcas da equipe são importantes, vão ficar na história, mas isso vai acabar ficando no esquecimento se a gente não atingir o objetivo principal. Nós não viemos aqui para ter o artilheiro, a defesa menos vazada ou a melhor campanha, viemos para conquistar o acesso e esse deve ser nosso objetivo principal.”
(Com informações da assessoria de Imprensa)