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Lazer e culturaAraraquara recebe premiado espetáculo "Dois a Duas" em versão online

Araraquara recebe premiado espetáculo “Dois a Duas” em versão online

Dois a Duas discute a descoberta da sexualidade e se apresenta no YouTube da Prefeitura de Araraquara

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“Dois a duas” discute sexualidade e adolescência (Foto: Divulgação)

 Sucesso de crítica e super premiado, o espetáculo “Dois a Duas”, escrito por Maria Fernanda de Barros Batalha e dirigido por Erica Montanheiro e Mariá Guedes, ganha uma versão audiovisual para tempos pandêmicos. 

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As apresentações acontecem online no canal da Prefeitura de Araraquara no YouTube nesse próximo sábado (07), às 20 horas.  

A apresentação é uma realização do Proac – Editais 2019, com apoio da Prefeitura de Araraquara, por meio da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart. 

SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA

“Dois a Duas” fala sobre a descoberta da sexualidade na adolescência e tem uma presença muito forte da música, com uma trilha que inclui músicas de Nina Simone, Tim Maia, As Bahias e a Cozinha Mineira, Mc Linn da Quebrada, Cássia Eller e outros.  

O espetáculo para a versão audiovisual foi captado e editado pela Bruta Flor Filmes.

Bruna Betito, Daniela Flor, Jhenny Santine, Luis Seixas e Luzia Rosa formam o elenco que dá vida a história de Lígia, uma estudante de uma escola particular de São Paulo, na qual sua mãe trabalha como bedel. 

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Por ser a aluna mais dedicada da turma, acaba ficando muito próxima da professora de literatura, Cecília. Seus melhores amigos, Ana e Márcio, vivem uma conturbada relação e Ligia só quer que o ensino médio acabe logo.

A peça, com 75 minutos, nasceu da vontade da dramaturga Maria Fernanda de Barros Batalha (que é mulher, lésbica e trabalha com adolescentes há cerca de uma década e meia) de falar com o público jovem sobre problemas e questões que sempre afligem adolescentes: amadurecimento, conquista de espaço, descobertas sexuais, racismo, machismo, ética e choque de gerações.  

A produção cultural para essa faixa etária é muito escassa no País e parte das referências são, em sua maioria, de outras partes do mundo, o que nem sempre reflete a realidade de um jovem brasileiro.  

Quando se parte para questões como a descoberta da homossexualidade (ainda mais quando falamos de mulheres), as opções diminuem ainda mais.

“Quando recebi o convite para dirigir a montagem, fizemos uma leitura do texto e surgiu a ideia de alterarmos a história e para falarmos de uma jovem negra. Foi aí que vi que a direção não podia ser assinada só por mim e resolvemos chamar a Mariá para compartilhar essa tarefa”, explica Erica.  

Mariá completa que, já que estavam contando a história de uma mulher, resolveram também se cercar de profissionais femininas na montagem (o que se repete nessa versão online), tendo alguns poucos homens na equipe.  

“Cerca de 90% dos profissionais envolvidos são mulheres”, contabiliza Mariá, explicando que a decisão contribui para que signos e a comunicação com o público ganhe proximidade.

PEGADA POP E CINEMATOGRÁFICA 

Para as diretoras, transpor o espetáculo dos palcos para as telas não foi tão complicado porque na cabeça delas, Dois a Duas sempre teve uma pegada cinematográfica, às vezes funcionando como videoclipe. A principal questão foi como estabelecer a relação que se tinha com o público no palco.

“O público ficava inserido na cena e, dependendo de onde estava sentado, acompanhava uma peça diferente sempre. Na versão audiovisual, nós trabalhamos mais a questão de que os personagens, assim como pessoas normais, não são maniqueístas e possuem diversas facetas. Ninguém é, essencialmente, mau ou bom. Além do que, em vez de o público acompanhar diferentes versões, ganham diferentes versões de um mesmo acontecimento dependendo do personagem que narra o fato”, conta Érica.

A banda, que na versão teatral era uma das grandes atrações, agora entra no espetáculo de algumas outras maneiras, como compondo os alunos da escola onde se passa o espetáculo, mas as músicas continuam de maneira forte. A trilha traz músicas que conversam com o universo da dramaturgia, seja pela temática ou pelos intérpretes. São elas: Aint got no life, de Nina Simone, Leiam o livro, de Tim Maia, Jaqueta Amarela, As Bahias e a Cozinha Mineira, All you need is love, dos Beatles, Romeu and Juliet love theme, de Nino Rota, Ill be seeing you, Billie Holiday, Natural Woman, Aretha Franklin, Bixa Preta, Mc Linn da Quebrada, e Gatas extraordinárias, Cássia Eller.

OFICINA GRATUITA 

Com o intuito de compartilhar o processo de concepção e criação do espetáculo Dois a duas e o diálogo entre dramaturgia e direção, as diretoras Erica Montanheiro e Mariá Guedes e a dramaturga e idealizadoras do projeto, Maria Fernanda Batalha, farão uma oficina que funciona como uma provocação teórica e prática sobre a escrita cênica e a direção, a partir do olhar criativo da potência intuitiva e pessoal para transformá-la em ficção levando em consideração o lugar de fala, podendo ou não deslocá-lo.  

O trio parte de materiais de pesquisas e vivências pessoais dos participantes como ponto motor para a criação artística. A atividade acontecerá de maneira remota, pela Oficina Cultural Oswald de Andrade, nos dias 16 e 17 de agosto, das 18h30 às 21h30.

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