
“Com toda sua coragem, Zé Celso fez uma nova linguagem, foi destemido e, mesmo passado o tempo de regime militar, ele manteve sua arte militante, levantou a bandeira pela liberdade”, afirma a secretária de Cultura de Araraquara, Teresa Telarolli.
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Para Teresa, Zé Celso rompeu barreiras com seu modo de fazer teatro. “Zé Celso fez da controvérsia uma ferramenta de resistência”, concluiu Teresa.
Além da secretária, artistas e agentes culturais lamentaram a morte do Dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, mais conhecido como Zé Celso, que morreu na manhã desta quinta-feira (6).
INFLUÊNCIA
O ator, professor e produtor cultural Luís de Tolledo explica que Zé Celso influenciou sua geração. “Influenciou o teatro da minha geração, enobrecia e enobrece o teatro brasileiro.”
Ele relembrou como o artista, que era natural de Araraquara, era disposto a revistar a cidade.
“Trazia os espetáculos para Araraquara, sempre polêmico porque o trabalho dele sempre foi político, questionador, tocava nos pontos mais críticos da sociedade, um homem realmente ímpar. Um artista que mesmo estando em São Paulo, sempre presente nos eventos artísticos da cidade, com suas ideias, presença e história.”
POLÊMICAS

Natural de Araraquara, a atriz e professora Verônica Lobo relembrou quando esteve no polêmico espetáculo “Mistérios Gozosos”, em junho de 1995 durante a Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa.
Inspirado no poema de Oswald de Andrade “O Santeiro do Mangue”, a montagem causou diversas polêmicas na cidade e resultou em um processo contra o dramaturgo, que mais tarde foi arquivado.
“A proposta dele sempre foi de uma pesquisa do Teatro da Crueldade, muito trabalho no Antoine Artaud, uma estética visceral, causava as vezes um constrangimento na plateia”, disse Verônica, que na época tinha 15 anos.
Na ocasião, Zé Celso chegou a pedir emprestado objetos de liturgia da igreja Matriz de São Bento para a polêmica montagem. Mas o texto era uma sátira à moral cristã e o responsável pelo empréstimo não sabia do conteúdo da peça.
“Tem gente que tem dificuldade de digerir a estética de Zé”, disse Verônica. “Teve até uma passeata em Araraquara, para dar apoio ao Zé Celso durante o processo.”
Anos mais tarde, já formada em artes cênicas, ela voltou para assistir.
“Naquele momento eu fiquei chocada. Anos depois já profissional das artes cênicas outros trabalhos dele, fui assistir Boca de Ouro no Sesc Araraquara. Foi um outro olhar. A importância dele para o Teatro brasileiro foi inegável, trazendo uma estética completamente diferente do que era feito até aquele momento, que era tudo muito importado do teatro europeu e norte –americano, e de repente vem o Zé com proposta revolucionárias”, finalizou Verônica.
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