Da madeira, Mestre Jorge deu ritmo para casais na pista de dança, vida para um sanfoneiro e movimento a indígenas. Cenas que foram entalhadas pelas suas mãos e que agora estão expostas no Museu Voluntários da Pátria, em Araraquara.
Homem negro e autodidata, o araraquarense Jorge Brandão Coutinho nasceu em 1932. Ao longo de 80 anos, ele esculpiu mais de 200 obras e parte delas integra a exposição “Ocupação Mestre Jorge” em comemoração ao Dia Internacional dos Museus.
Josmar Brandão Coutinho, filho do artista, lembrou que desde muito novo o pai demonstrava aptidão pela arte. “Aos 16 anos, ele tentou entrar para a escola de Belas Artes de Araraquara. Ele tinha uma aptidão muito grande para desenho, mas foi impedido por não ter o ginasial completo. Aí, ele se aventurou na escultura de madeira e começou a esculpir“, disse em entrevista à EPTV.
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Das mãos do artista, saíram ainda O Lenhador, em homenagem à profissão do pai e até mesmo uma autoescultura. As idas ao coreto da praça e a alegria do seu tempo de adolescência e juventude também foram eternizados em seus trabalhos.
“Ele representou o preto velho enquanto anseio por justiça social, também era muito forte a questão indígena, dos movimentos sociais, do MST, dos retirantes nordestinos, tudo isso faz parte da trajetória dele“, lembrou Josmar.
Ao todo são 23 obras expostas e com significados importantes. Algumas, inclusive, se misturam com o trabalho de outros artistas, como a imagem de Jesus Cristo, que ganhou outro contorno nas mãos de Mestre Jorge.
“Quando a gente olha para essas imagens, para estes trabalhos, de um artista que foi invisibilizado por pertencer a uma camada socioeconômica que não era a elite, a gente está fazendo uma promoção de bem-estar porque está falando de justiça social, de busca por igualdade. Então, olhar para estes artistas é muito importante para divulgar e difundir que a arte de fato é e deve ser para todos”, afirmou o coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca.
Neste Dia Internacional dos Museus, Fonseca destacou que o espaço deve ser de reflexão e de construção de futuro. “Museu não é um lugar de coisas antigas, é um espaço de difusão, educação, comunicação e um lugar de bem-estar. Então, a gente abre as portas dos nossos museus, cada um com o seu tema, porque sobretudo é uma experiência para entender o que foi o passado e construir o nosso futuro“, concluiu.
O Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria fica na Praça Pedro de Toledo, s/nº, na altura do cruzamento da Rua Carlos Gomes com Avenida Duque de Caxias, na região central de Araraquara. A visitação acontece das 9h às 17 horas. (Com informações da EPTV)
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