Como uma forma de incentivar a leitura, a jornalista e empreendedora, Paula dos Santos, de 34 anos, decidiu retirar os livros que estavam pegando pó na estante e ‘perdê-los’ em vários lugares em Araraquara.
A araraquarense saiu em uma jornada com sua bicicleta para espalhar cinco livros. A iniciativa foi compartilhada nas redes sociais da jornalista e logo ganhou mais adeptos.
Paula espalhou os títulos por pontos de ônibus, em frente ao shopping Lupo e no Parque Infantil, nos arredores da Igreja Santa Cruz e na Biblioteca Mário de Andrade.
“No começo, deixava o livro no lugar e ficava de longe observando. Percebi que muitas pessoas passavam reto, talvez imaginando que o livro fosse de alguém. Agora eu deixo um bilhetinho na capa”, contou Paula.
Ela também parou de observar quem iria pegar os livros. “Algumas pessoas que encontram depois me mandam mensagens agradecendo e elogiando a ideia”, completou.
A ideia foi uma forma de retribuição. Há 20 anos, quando era adolescente, Paula também foi agraciada pelo acaso e encontrou um livro ‘perdido por aí’ propositalmente em um ponto de ônibus.
“Abri e tinha um recado falando de um projeto de perder livros por aí. A sugestão era ler o livro e depois perdê-lo de novo. Tinha um site e um código onde você conseguia ver por quais cidades o livro passou. Eu achei mágico, um livro viajante! Nunca me esqueci disso”, contou a jornalista.
A coleção literária de Paula foi crescendo ao longo dos anos. Ao separar títulos para doar e liberar espaço em suas prateleiras, ela sempre teve vontade de “perder” eles por aí também.
“[Os livros] são uma forma de viajar, de conhecer outros mundos, outras realidades, de lazer. Muitas pessoas perderam o hábito da leitura por conta da correria do dia a dia, das telas (…) As pessoas podem encontrar prazer e felicidade neles.”
Corrente das páginas
Depois da publicação sobre o projeto, ainda sem nome, outros curiosos apareceram para contribuir com 60 novos livros para iniciativa.
Ao receber as doações, Paula preparou os títulos com novas estratégias, inserindo os nomes de doadores, para agradecer a generosidade, além de colar recados com a intenção da iniciativa nas capas, para que os novos leitores entendam que o livro esquecido é um presente.
Ela também espalhou bilhetes pelos livros com a missão do projeto sem nome, para que os leitores que encontrarem os títulos possam participar dessa corrente, e ‘perder um livro’ por aí futuramente.
Foi com uma frase de Mário Quintana que ela finalizou a entrevista ao acidade on. “Livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.”
