A Câmara de Araraquara aprovou, nesta terça-feira (08), moção de repúdio ao deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei. Áudios do parlamentar sobre sua visita à Ucrânia, enviados a um grupo de amigos, caíram como bomba devido ao conteúdo sexista.
O documento apresentado no legislativo local é assinado pela bancada feminista – formada por Luna Meyer (PDT), Fabi Virgílio (PT), Filipa Brunelli (PT) e Thainara Faria (PT) -, e subscrito pelos vereadores Guilherme Bianco (PC do B) e Rafael de Angeli (PSDB).
Os parlamentares consideraram a atitude do deputado desrespeitosa com o povo ucraniano em meio à guerra com a Rússia, além de condenarem o desrespeito às mulheres e o “incentivo” ao turismo sexual no leste europeu.
“Muito simbólico que no dia 08 de março nós tenhamos que vir aqui votar uma moção de repúdio a uma coisa que nunca imaginávamos que viria de um parlamentar. Ainda mais no contexto em que foi feito”, considerou Luna Meyer.
“O Arthur do Val conseguiu atingir um teto que nunca ninguém tinha antes, de total desrespeito. O cara vai a uma terra estrangeira com o suposto pretexto de ajudar aquela população na pior situação de toda a vida da maioria deles”, completou.
Fabi Virgílio disse ter refletido sobre a atitude do deputado estadual de São Paulo. Ela questionou sobre quantas pessoas receberam áudios semelhantes e naturalizam a agressão ou até mesmo riem de situações de desrespeito contra a mulher.
“Espero que essa conduta mostre ao povo do Brasil que essa gente não merece ser eleita, ter cadeira na Assembleia Legislativa, estar em nenhum lugar de destaque porque é aquilo que há de pior na vida, o mais rasteiro e sórdido na nossa sociedade”, afirmou.
O vereador Marcos Garrido (Patriota) disse se sentir envergonhado devido à ação do deputado estadual. Garrido pediu desculpas para todas as mulheres do mundo e considerou que a fala sexista de Arthur não atingiu somente as brasileiras e ucranianas.
“Fico envergonhado, como homem, que alguém possa atribuir palavras dessa estirpe e natureza contra a alma, integridade e honra feminina. Quero pedir desculpa a todas. Me envergonha ser homem em um momento desse”, pontuou.
O vereador Gerson da Farmácia (MDB) defendeu que Arthur do Val não se elege mais para cargos públicos após o episódio. “É complicado a pessoa atravessar o mundo, ir em uma guerra se dispondo a ajudar e fazer um papel desse”, considerou.
Durante sua fala, a vereadora Filipa Brunelli (PT) alertou que práticas semelhantes acontecem com frequência. Ela considerou que a diferença do áudio do parlamentar para os demais casos de sexíssimo cotidianos é que o de Arthur do Val se tornou público.
“Se quebrássemos a criptografia do WhatsApp íamos descobrir uma deep web – pois na minha época falávamos dep web -, encontraríamos o limbo, a coisa mais asquerosa que tem. Todo celular desses grupos de homens de futebol tem questões misóginas e sexistas”, opinou.
Já a vereadora Thainara Faria usou a palavra para ressaltar o papel da sociedade em denunciar a fala do deputado e criticou um possível uso da situação para promoção pessoal visando à disputa eleitoral. Ela também citou que Arthur do Val não calculou o estrago de sua fala.
“Não calculou o tamanho do estrago que faria uma fala desse tipo, porque a cada dia que passa nós mulheres estamos fortalecidas e mais organizadas. As denúncias são sérias e graves. Por isso disse que o partido precisa se posicionar e a população responder nas urnas”, disse.
Após a fala de Thainara Faria, que presidiu a sessão neste Dia Internacional da Mulher, a moção de repúdio acabou aprovada em votação simbólica.