A Câmara Municipal de Araraquara rejeitou, nesta terça-feira (03), a admissão de pedido para impeachment do prefeito Edinho Silva (PT). Após intensa discussão, 13 vereadores votaram pelo arquivamento do pedido, enquanto quatro votaram favoráveis a comissão protestante.
Apenas os vereadores Marcos Garrido, Marchese da Rádio e Carlão do Jóia, que compõe a bancada do Patriota; além do vereador Lineu Carlos de Assis (Podemos), votaram pela admissão.
INTENSA DISCUSSÃO
Logo no início da sessão, o líder do Governo, Paulo Landim (PT), pediu a inversão da pauta para antecipar a discussão sobre o pedido de impedimento do prefeito e votação nominal. Com isso, o assunto foi o primeiro discutido na sessão desta terça.
Cada parlamentar teve direito a defender seu posicionamento por cinco minutos. O primeiro a fazer o uso da palavra foi o líder do Governo, que classificou o pedido de impeachment como “terceiro turno” das eleições municipais.
“Ninguém atira pedra, vou falar o português claro, em cachorro morto”, resumiu.
O líder do Patriota, Marcos Garrido, defendeu a legalidade do pedido de impedimento ao prefeito Edinho Silva. Ele também apontou que em nível nacional, o PT defende o impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Fabi Virgílio (PT) foi a terceira a usar a palavra, também para se posicionar pelo arquivamento da denúncia contra Silva. Na sequência, Luna Meyer (PDT) fez uma dura crítica ao que estava sendo proposto.
“Pedido patético, onde alguns claros candidatos a deputado estão usando uma bandeira política para se promover. Isso é uma vergonha. Baseado em muito achismo e nenhuma investigação pautada no real ou prova”, completou.
Quem também fez uma dura crítica a oposição foi a vereadora Filipa Brunelli (PT). Segundo ela, o pedido de impedimento do prefeito de Araraquara é uma deturpação do que é democracia. “Tenho dó da frustração dessas pessoas que assinam esse documento”, em alusão aos ‘derrotados nas urnas em 2020’.
Apesar de não ter direito a voto, o presidente da Câmara, Aluísio Braz, o Boi (MDB), também se posicionou pelo arquivamento do pedido de cassação de Edinho Silva.
“Sou um defensor da democracia, do voto direto, das urnas que são o meio das pessoas se expressarem. Vejo que essa Casa tem várias comissões de debates, mas esse momento hoje é de tristeza”, defendeu.
O vereador Lucas Grecco (PSL) disse que consultou as lideranças de seu partido, bem como sua base e não votaria favorável ao impedimento do prefeito. “Analisando o pedido em questão é importante ressaltar que está em curso nessa Casa de Leis a CEI para apurar possíveis irregularidades referente ao caso dos respiradores”, afirmou.
Emanoel Sponton (Progressita) ressaltou que a “briga” deve ser nas urnas, com respeito ao voto popular que escolheu o projeto político que está administrando a cidade.
“Em plena pandemia, ao invés de união para ajudar as pessoas vemos uma guerra política sem fundamento em Araraquara”, pontuou.
Já o vereador Guilherme Bianco (PC do B) considerou o pedido de impedimento do prefeito Edinho Silva como “política vil”, uma vez que os autores “brincam com a vida do povo”.
“A história vai nos julgar e estamos ao lado da vida. Por isso nosso voto é não, porque a Justiça e democracia se defende todos os dias. Abaixo essa tentativa de tapetão em Araraquara”, disse.
A vice-presidente da Câmara, Thainara Faria (PT), disse que Eduardo Bolsonaro (PSL) veio a Araraquara aprender a governar.
“Pelo visto, ele segue os mesmos criadores do araraquarenses comem gato, também aqueles que invadem hospitais para criar fato político”, apontou.
Os dois vereadores do PSDB, Rafael de Angeli e João Clemente também se posicionaram contra a abertura de comissão processante contra Edinho Silva.
De Angeli lamentou o quadro político e ressaltou que se posicionou como oposição a Edinho Silva nos últimos quatro anos, mas que não toma decisões preciptadas.
“Agora que está inviabilizada a chance de reeleição do prefeito aparecem oportunistas de todos os lados, visando principalmente as próximas eleições”, afirmou.
Clemente relembrou a cobrança para assinatura da Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar supostas irregularidades no enfrentamento à pandemia em Araraquara.
“Não é hora de ficarmos preocupados por interesses próprios, vá a disposição do povo com nobreza, verdade, com Justiça, com caridade, mas não deixe de construir hoje”, defendeu.
O último a usar o microfone foi Edson Hel (Cidadania). O parlamentar ironizou o pedido e chamou os autores de desocupados e criticou o uso do “povo e da fome para se promover”.
“Isso é uma vergonha, chegamos ao fundo do poço, não vou admitir o uso da população e suas fragilidades para fazer palhaçada no nosso município. Temos que rechaçar esse tipo de conduta, se não a cidade vai virar o picadeiro da política nacional”, finalizou.
PARA ENTENDER
O pedido de impeachment foi protocolado na última segunda-feira (02) por partidos considerados de oposição ao prefeito Edinho Silva (PT). Além de membros do Patriota e Podemos, esteve no ato de protocolo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).
No documento, que possui 38 páginas, o grupo pede o impedimento do prefeito com base em parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) por supostas irregularidades na tentativa de compra de 25 respiradores. Na época, a Prefeitura chegou a dar R$ 1,049 milhão de entrada.
COMO CADA VEREADOR VOTOU?
Edson Hel (Cidadania) – Não;
Emanoel Sponton (Progressista) – Não;
Fabi Virgílio (PT) – Não;
Filipa Brunelli (PT) – Não;
Marchese da Rádio (Patriota) – Sim;
Gerson da Farmácia (MDB) – Não;
Guilherme Bianco (PC do B) – Não;
Hugo Adorno (Republicanos) – Não;
João Clemente (PSDB) – Não;
Lineu Carlos de Assis (Podemos) – Sim;
Lucas Grecco (PSL) – Não;
Carlão do Jóia (Patriota) – Sim;
Luna Meyer (PDT) – Não;
Marcos Garrido (Patriota) – Sim;
Paulo Landim (PT) – Não;
Rafael de Angeli (PSDB) – Não;
Thainara Faria (PT) – Não.