Cinco candidatos que disputam a preferência dos cerca de 170 mil eleitores de Araraquara participaram, nesta quarta-feira (18), do primeiro debate entre os postulantes à Prefeitura. O encontro ocorreu nos anfiteatros da FCLAr (Faculdade de Ciências e Letras) da Unesp (Universidade Estadual Paulista), organizado por iniciativa dos estudantes.
Os candidatos tiveram tempo para apresentar suas propostas, confrontar ideias e responder aos questionamentos formulados pelos estudantes. No primeiro bloco, cada um se apresentou e utilizou os quatro minutos disponíveis para destacar o que consideram prioridade em suas campanhas.
Doutor Marcos Garrido (PSD) criticou o pacto federativo, ressaltando que a maior parte do orçamento fica com os governos federal e estadual, prejudicando os municípios. O candidato também destacou sua proposta de armamento da GCM (Guarda Civil Municipal) (Leia a íntegra abaixo).
O candidato do PL, Dr. Lapena, mencionou sua formação em medicina na Unesp, suas raízes em Araraquara, e comentou sobre indicadores de famílias em situação de vulnerabilidade. Ele criticou a falta de água em alguns bairros e a dívida da Prefeitura em curto, médio e longo prazo (Leia a íntegra abaixo).
Eliana Honain (PT) enfatizou sua experiência como funcionária pública municipal e defendeu os investimentos em andamento durante a gestão do atual prefeito Edinho Silva, como a recuperação da canalização da Via Expressa, reformas de unidades de saúde e novos equipamentos públicos (Leia a íntegra abaixo).
Pedro Tedde (Novo) afirmou que a cidade está abandonada e que a Prefeitura se encontra falida. Propôs um “choque de gestão” e disse estar preparado para assumir a administração. Tedde destacou que pretende contratar seus secretários municipais por meio de processos seletivos.
Por fim, Tiago Pires (PCO) destacou que sua candidatura é uma construção coletiva e usou seu tempo para criticar o processo eleitoral, argumentando que sua legenda não tem tempo de televisão e ainda não recebeu os recursos do Fundo Eleitoral. Ele também defendeu o armamento da população.
Depois, os postulantes foram questionados sobre temas determinados pela organização do encontro. A primeira pauta abordou o transporte público coletivo, a valorização dos servidores públicos municipais e a possibilidade de parcerias com as universidades locais para solucionar problemáticas no município.
Nos blocos seguintes, os candidatos responderam a questionamentos formulados por cidadãos, tiveram um confronto direto no terceiro bloco e fizeram considerações finais no quarto e último bloco. A íntegra do debate pode ser conferida na página do YouTube do CAAP (Centro Acadêmico de Administração Pública) e da Rádio FCL.
DOUTOR MARCOS GARRIDO (PSD)
Tudo acontece no município. É o prefeito que está próximo das pessoas, é o prefeito que sabe o que as pessoas precisam e não precisam. Mas o pacto federativo é cruel com os municípios. Aquela divisão tripartite, sabe? Além de o município ter a menor parte da receita, ele ainda tem que colaborar com algumas despesas que poderiam ser do Estado ou do governo federal.
Já existe o sindicato e a associação dos prefeitos, mas precisamos discutir uma alteração nesse pacto federativo para trazer mais receita para as prefeituras. Estando mais próximas da população, elas poderão fazer o melhor para as pessoas, pois sabem o que elas precisam, certo?
Outro ponto fundamental que está acontecendo no Brasil, e todos precisam prestar atenção, é a municipalização da polícia. A polícia vai ser comandada pelo prefeito municipal. O prefeito será o grande comandante da polícia municipal e a Guarda Municipal vai se tornar, obrigatoriamente, a polícia do município.
Temos uma guarda com um bom desempenho, mas precisamos prepará-la ainda mais. Devemos fomentar cursos de formação para que eles se tornem policiais de verdade. Temos que armar a nossa guarda. Não é admissível que apenas a Polícia Militar cuide da segurança pública. É essencial, diante desse novo sistema que está sendo implantado no Brasil, com decisões do Supremo Tribunal Federal, que estabelece a Guarda Civil como polícia municipal.
Devemos estar atentos a isso, pois, se deixarmos nossa guarda de lado, se não investirmos nela, se não fizermos projetos que garantam carreira, estabilidade e segurança, teremos sérios riscos e problemas no futuro.
DR. LAPENA (PL)
Fiz minha formação em medicina, cirurgia geral e cirurgia plástica na Unesp, em Botucatu. Estar aqui me traz grandes lembranças, e sinto-me acolhido. Quero cumprimentar a todos os presentes, os candidatos e todos que estão aqui. Sei que é desagradável ficar de costas, mas cumprimento a todos. Espero que possamos fazer um debate extremamente produtivo, expondo nossas ideias, propostas e projetos para fazer de Araraquara uma cidade melhor.
Araraquara é uma cidade maravilhosa. Nasci aqui há 60 anos, na Santa Casa. Conheci uma Araraquara pujante, com grande desenvolvimento. Hoje, vejo uma cidade que tem ficado para trás em comparação com cidades de mesmo porte na nossa região e no estado de São Paulo. Vemos nossos indicadores caindo e nossa população sofrendo.
Eu trabalho sempre com índices oficiais e, atualmente, 25% das famílias de Araraquara estão em situação de vulnerabilidade. São 12 mil famílias no Bolsa Família, e 7,5% da nossa população vive em extrema pobreza. Problemas afetam todos os setores, e aquela Araraquara maravilhosa em que vivíamos está regredindo.
A maioria dos bairros de Araraquara enfrenta problemas com falta de água. Vocês sabem como é chegar em casa depois de um dia de trabalho e não ter água para fazer comida, tomar banho ou dar descarga. Recebi informações de funcionários do DAAE que mais de 50% da água tratada se perde porque nossas tubulações são antigas. A última vez que alguém trocou as tubulações em Araraquara foi durante a gestão do prefeito Valdemar de Santi.
Então, o que está acontecendo com nossa cidade? Por que esses problemas estão se agravando? Por que Araraquara gera menos empregos que São Carlos, Rio Claro e Matão? Essa preocupação é o que me move a buscar a possibilidade de ser prefeito. Araraquara tem uma arrecadação próxima de dois bilhões de reais, mas uma dívida consolidada de 300 milhões, além dos precatórios e restos a pagar, totalizando mais de meio bilhão em dívidas.
Precisamos administrar Araraquara de modo técnico, e não político. Nossa população está sofrendo. Temos uma Araraquara nas regiões centrais e outra nas periferias, onde as pessoas enfrentam dificuldades com o transporte público, moradias, falta de água e problemas alimentares.
Há índices que mostram que 44% das nossas crianças, especialmente nas escolas públicas, não sabem ler, escrever, fazer contas ou interpretar textos até o segundo ano. Vocês acham que o potencial dessas crianças será o mesmo que o de vocês, que estão em uma universidade? Precisamos diminuir essas diferenças e ter uma preocupação extremamente grande com o social, especialmente com nossa população mais vulnerável.
Tenho essa responsabilidade comigo. Assumindo a prefeitura, farei uma mudança, economizando cada centavo do dinheiro público para que a Prefeitura preste serviços de qualidade à nossa população.
ELIANA HONAIN (PT)
Sou Eliana Honain, enfermeira formada pela USP de Ribeirão Preto, casada com o Dr. Eduardo Onain, tenho 63 anos, dois filhos e dois netos. Sou funcionária pública da Prefeitura de Araraquara há 38 anos, e minha missão ao longo desse tempo sempre foi cuidar da população. O maior desafio da minha carreira foi liderar as ações do município de Araraquara durante a pandemia. Tenho muito orgulho, pois essas ações, lideradas por mim e pelo prefeito Edinho, foram reconhecidas nacional e internacionalmente.
Gostaria de falar sobre o momento especial que Araraquara está vivenciando. Temos recebido muitos investimentos, tanto do governo estadual quanto do federal. Somente as obras no valor de R$ 143 milhões vão transformar a infraestrutura da cidade. Não teremos mais enchentes, com garantias para os próximos 100 anos, além da criação de quatro grandes parques ecológicos, com áreas verdes, lagos e espaços de convivência e lazer para a população.
Estamos investindo mais de R$ 30 milhões nas reformas das UPAs, unidades básicas de saúde, e também na construção dos CAPS. Na educação, estamos investindo mais de R$ 30 milhões na reforma de 16 unidades de ensino infantil e fundamental. Além disso, na assistência social, estamos construindo três Centros Dia para Idosos, considerando a mudança no perfil da nossa população.
Mas estou aqui também para apresentar propostas. Araraquara precisa continuar avançando. Uma das minhas propostas é expandir o horário de funcionamento de todas as unidades básicas de saúde até as 20h, para facilitar a vida dos trabalhadores. Pretendo também expandir o horário dos Centros de Educação e Recreação até as 18h, pensando especialmente nas mães trabalhadoras.
Vamos ampliar e manter o programa Saúde Cidadã, pois não queremos filas no SUS. Já fizemos isso com muita competência e continuaremos. Agora que a pandemia deu uma trégua, queremos focar no projeto Cidade Bela, garantindo uma zeladoria permanente para cuidar dos nossos jardins, parques e ruas. Estamos realizando o maior projeto de recapeamento da história de Araraquara, com investimentos de R$ 22 milhões, provenientes dos governos estadual, federal e recursos próprios.
Vamos cuidar muito da nossa cidade. Vamos plantar mais de cinquenta mil mudas de árvores, pensando na sustentabilidade do nosso município. Vamos ampliar o número de leitos na Santa Casa de Araraquara em parceria com o Governo Federal e também ampliar os o número de leitos no Melhado para que as pessoas possam fazer as suas cirurgias de pequena complexidade com a construção de um novo centro cirúrgico. Trago propostas para você, porque Araraquara precisa avançar e eu conheço o caminho.
PEDRO TEDDE (NOVO)
Engenheiro civil, sou casado e tenho 23 anos de experiência. Desde janeiro, estou percorrendo Araraquara em uma pré-campanha intensa. Nunca vi minha cidade tão mal cuidada e abandonada. Fico impressionado em ver, durante as eleições, candidatos que estão no poder há 8 anos prometendo soluções. Quem quiser acreditar em Papai Noel, que acredite.
A Prefeitura de Araraquara é hoje uma instituição falida, com uma dívida de R$ 770 milhões, mais de metade do orçamento da cidade. Araraquara precisa de mudanças, mas mudanças para melhor. E para garantir essa transformação, precisamos de um choque de gestão.
As pessoas que querem assumir responsabilidades devem estar qualificadas. Se eu quiser pilotar um avião, preciso fazer o curso e tirar o brevê. Se não fiz isso, o avião vai cair. Eu passei minha vida me qualificando para assumir um cargo como esse e promover mudanças. Tenho 44 anos de experiência administrando empresas, gerindo obras e pessoas.
Proponho uma nova forma de governar. Em Araraquara, vamos implementar o que nunca foi visto. Não prometi cargos, nem secretarias. Quem quiser ser secretário municipal, seja funcionário público ou não, vai mandar seu currículo. Vamos selecionar os 4 melhores e o mais qualificado será o escolhido.
Vamos acabar com o cabide de empregos na Prefeitura. Hoje, há mais de 250 cargos de confiança, muitos com pouca produtividade. Funcionários me dizem que há mais caciques do que índios na Prefeitura e no DAAE. Vamos reduzir para 30 cargos de confiança, ocupados por pessoas que realmente trabalham.
Vamos revisar todos os custos e contratos da Prefeitura, pois não se faz mudanças sem dinheiro. Com essa economia, vamos investir nas áreas prioritárias: saúde, educação, segurança e transporte. E, principalmente, na saúde, que não pode esperar.
Também cortaremos privilégios, mesmo que pequenos. Por exemplo, se eu for eleito, não utilizarei carro oficial para me buscar em casa. Há 44 anos vou para minha empresa com meu carro, e isso é uma demonstração de que o prefeito não é melhor que ninguém. Toda economia será direcionada para melhorar os serviços públicos.
TIAGO PIRES (PCO)
Em primeiro lugar, queria parabenizar pela iniciativa, que isso aqui sirva de exemplo para os sindicatos que falham na democracia, que falham em chamar o trabalhador para discutir aquilo que é do seu interesse. Então, um puxãozinho de orelha nos sindicatos e na central única dos trabalhadores. Bom, eu apresento aqui a nossa candidatura do PCO. Eu não tenho nenhum sonho pessoal, não é um interesse pessoal apresentar nossa candidatura. Foi decidido numa conferência nacional junto a todos os militantes do nosso partido que eu representaria o PCO, para disputar a consciência dos trabalhadores, para apresentar um programa para a vitória dos trabalhadores sobre a opressão que nós vivemos, para colocar um programa de luta na perspectiva de enfrentar.
Os nossos verdadeiros inimigos, que são os banqueiros, que ficam com quase R$ 1 trilhão por ano de tudo que é arrecadado nesse país. Precisamos colocar a luta na perspectiva de dar um calote na dívida pública, de acabar com o teto de gastos, de acabar com a independência do Banco Central, que significa colocar os banqueiros para controlar a economia. Hoje, no país, nós temos uma dualidade de poder, onde o presidente não consegue lançar a mão de um programa econômico porque a economia está sequestrada pelos banqueiros.
Eu queria falar também que vamos usar a campanha como uma tribuna para denunciar esse processo que é antidemocrático, onde os partidos pequenos, eles têm menos, não é menos, eles não têm tempo nenhum de rádio. Nem um tempo de TV, quando chamam a gente para entrevista, é sempre um tempo menor, o candidato que tem a máquina pública, os partidos do regime, tem 15 minutos para falar, nós temos dois, até agora o nosso fundo eleitoral está bloqueado arbitrariamente pelo TSE, que participa dessa fraude que é a eleição, é importante dizer, e nesse momento nosso partido está sendo atacado, porque o regime está em total crise e a esquerda brasileira está abraçada num regime que está falindo.
E por que nós estamos sendo perseguidos? Por que não querem liberar o nosso fundo para a gente poder ir para a rua fazer a campanha? Porque não temos medo de dizer aquilo que a gente pensa, de defender, por exemplo, o armamento da população, porque quando falta democracia o último recurso é o povo de armas na mão, como fazem os palestinos nesse regime nazista, e os Estados Unidos o imperialismo. Não temos medo de dizer, por exemplo, que é preciso defender a liberdade de expressão, porque não adianta a gente defender a liberdade de expressão só quando nos interessa, só quando persegue nossos inimigos, porque amanhã essa mesma supressão de direito vai se voltar contra nós.
E no final das contas, por que nós estamos sendo perseguidos? Porque desde o início nós não tivemos, não titubeamos em nenhum momento em defender a resistência armada do povo palestino, que agora está comprovado que não teve nada de ato terrorista. Quem matou aquelas pessoas naquela festa, naquela rave, agora vazaram os vídeos, foi o próprio exército de Israel. Então é por isso que nós estamos sendo perseguidos, porque nós estamos defendendo a Palestina e a luta dos palestinos é a mesma luta que o povo brasileiro que sofreu um golpe de Estado para colocar o nosso país aí de joelho.