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PolíticaCom ódio não vamos sair dessa situação, diz Edinho Silva

Com ódio não vamos sair dessa situação, diz Edinho Silva

Prefeito Edinho Silva (PT) fala de polarização política, desafios para 2022 e investimentos que prometem retomar emprego e renda em Araraquara

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O prefeito Edinho Silva (PT) fez um balanço de sua administração em 2021 e projeções para o próximo ano (Foto: Reprodução)

 

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O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), falou ao portal A Cidade On sobre temas envolvendo sua administração neste ano de 2021 e os desafios para o próximo ano. 

Ele comentou sobre o clima de polarização política que tem crescido cada vez mais no país e fez uma projeção em relação ao ambiente político em 2022, quando serão realizadas eleições presidenciais. “Infelizmente isso tudo deve se acirrar”, disse. 

Edinho também falou sobre a zeladoria da cidade, transporte público, contas da prefeitura e os investimentos que Araraquara vai receber em médio prazo, com possibilidade de geração de emprego e renda. 

Confira a entrevista completa:

A Cidade ON – A polarização política marcou bastante o ano de 2021, com diferentes lideranças políticas e o próprio presidente Bolsonaro citando Araraquara e o senhor em suas lives e criticando seu trabalho. Em sua avaliação, com a proximidade das eleições isso deve se intensificar?

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Edinho – Primeiro é importante entender que todos esses ataques que Araraquara sofreu no cenário político nacional e toda a tentativa de desgastar a cidade de Araraquara é porque ela acabou se tornando referência de cidade que se moveu respeitando a ciência e valorizando a medicina para tomar suas decisões. Então, Araraquara acabou tendo visibilidade nacional e internacional como cidade que fez o correto, soube enfrentar a pandemia valorizando a ciência. Acabamos nos tornando o antagônico daquilo que, infelizmente, o presidente da República defendia. 

A gente defendia a não aglomeração e ele a aglomeração, a gente defendia o uso de máscara, ele defendia o não uso de máscara. Nós defendemos que todos os tratamentos de saúde tinham que seguir os protocolos estabelecidos pela medicina. Ele se aventurou por tratamentos não reconhecidos pela medicina. Nós defendemos a vacinação, ele teve resistência de admitir a necessidade de vacina. Ele próprio acabou entendendo que Araraquara era o antagônico ao que ele defendia como presidente da República. Como consequência, Araraquara se tornou alvo de ataques políticos do presidente e dos que são alinhados à sua forma de pensamento. Infelizmente, o Brasil vive uma polarização política onde são disseminados o ódio e a intolerância. As pessoas incentivam a agressão e o xingamento em vez do diálogo. Não há nenhum problema em termos pensamentos divergentes na política, mas podemos dialogar mesmo assim. Podemos buscar pontos de convergência, o bem comum, os interesses maiores da sociedade. Mas, infelizmente, não é esse o ambiente estimulado no Brasil hoje. 

Com a proximidade do processo eleitoral, esse ambiente deve se acirrar ainda mais. Eu me entristeço por isso, porque poderíamos estar construindo o ambiente de um Brasil em que podemos ter pensamentos e projetos diferentes para o país, mas com capacidade de diálogo. O Brasil precisa nesse momento achar pontos de unidade para que tirarmos o país dessa situação. Estamos vivendo a maior tragédia humanitária de nossa história, uma pandemia que levou a óbito mais de 600 mil brasileiros, um período inflacionário que corrói a renda do trabalhador, um período de estagnação econômica que aumenta e agrava o desemprego e a vulnerabilidade das famílias. Não é com ódio, com xingamentos e agressividade que vamos tirar o Brasil dessa situação. É com capacidade de diálogo e achando o que nos une, para que a gente crie no Brasil um ambiente favorável à superação desse cenário muito triste e que vitimiza a população mais sofrida do Brasil e de Araraquara.

A Cidade ON – As podas de árvores e buracos no asfalto são sempre alvo de reclamações dos moradores. Como a Prefeitura pretende lidar com essa questão e apresentar soluções à população?

Edinho – Temos que ser transparentes e trabalhar com a verdade. Nós suspendemos todos os contratos que tínhamos em 2021, inclusive esses de manutenção da cidade, para direcionar todos os saldos orçamentários para a covid-19. Araraquara gastou 88 milhões de reais em recursos próprios, sem nenhuma ajuda extra do Governo Federal, para o enfrentamento à covid. Agora, saindo da covid, nós vamos fazer licitações novamente e reativar os contratos, para que a gente tenha toda essa estrutura de funcionamento da manutenção da cidade a partir do início de 2022.

A Cidade ON – Um dos problemas evidentes durante a pandemia foi a demanda por transporte coletivo. Tem sido comum a reclamação do usuário sobre o grande intervalo de horário em diferentes linhas e sobre a falta de veículos. Essa foi uma de suas bandeiras durante a campanha, inclusive com promessa de ar-condicionado nos ônibus. Quando isso deve ser implantado?

Edinho – Nós vamos trabalhar pra isso. O problema é que estamos saindo de uma pandemia na qual o transporte público foi muito afetado, porque as pessoas ficaram em casa. Muita gente ficou trabalhando em home office, tivemos aumento de desemprego, os estudantes não foram à escola. O transporte coletivo teve uma queda brutal no seu faturamento. O setor tem uma capacidade implantada de custo alto. Mesmo com as empresas reduzindo custos durante a pandemia, usando as brechas da legislação trabalhista pra reduzir os salários dos motoristas, a situação do transporte coletivo é grave. Penso que deveríamos ter um programa nacional que ajudasse, principalmente nesse período pós-pandemia, na manutenção do transporte coletivo, porque a maior parte dos municípios não tem como subsidiar transporte.

Quando crescem os transportes por aplicativo ou transportes alternativos, todo mundo acha legal. Mas a hora que esse crescimento significar o desmantelamento do transporte público, quem vai perder é a maioria da população. Ninguém consegue andar de aplicativo e transporte alternativo todos os dias. Então, precisamos ter transporte público com qualidade e que o trabalhador consiga pagar. Nós temos que tratar o transporte público como uma prestação de serviço da mesma importância que saúde, educação, assistência social e demais programas. Porque sem mobilidade a gente restringe o acesso à cidade e, se as pessoas não tiverem condições de se locomover dentro da cidade, não adianta oferecer saúde de qualidade. A pessoa não consegue sair do bairro dela para ir até uma clínica pública de especialistas ou ao hospital. O transporte público deve ser enfrentado na esfera nacional, porque não é um problema só de Araraquara, mas de todo esse modelo de cidade que construímos a partir do século 20.

A Cidade ON – O Tribunal de Contas do Estado (TCE) recomendou a rejeição das contas da Prefeitura em 2017. Na avaliação da Prefeitura, por que houve esses apontamentos e rejeição?

Edinho – A rejeição que o TCE recomendou não tem nenhum problema de licitação que feriu a legalidade ou de mal uso do dinheiro público, nada disso. O problema é um déficit que a Prefeitura tem e que se arrasta por um bom período. É um problema grave, estamos enfrentando, mas em uma cidade do tamanho de Araraquara você não resolve déficit orçamentário em curto prazo. Nós temos que trabalhar para superar esse cenário.

A Cidade ON E como fazer para retomar o emprego e a renda em 2022, ainda com tanta incerteza sobre o futuro na vida do araraquarense?

Edinho – Temos agora um desafio que é do mundo e se reflete aqui, que é o desafio de fazer com que a roda da economia gire, para gerar emprego e gerar renda. Uma parte importante da nossa população sofre muito com a pandemia. Aumentou a situação de desemprego e vulnerabilidade das famílias. Nesse sentido, Araraquara está vivendo um momento bem importante. Fizemos o Refis, um programa de recuperação para ajudar o pequeno e médio empresário, que sofre com os reflexos econômicos da pandemia. O programa, inclusive, foi discutido com o setor dos contabilistas e muito elogiado por todos que dialogam com a pequena e média empresa. 

E agora estamos extremamente empenhados em atrair investimentos de impacto para a cidade, pois eles movimentam toda a economia local. Conseguimos oficializar o anúncio da Estrella Galicia aqui em Araraquara, com investimento inicial de 2 bilhões de reais, para construção da primeira planta fabril da empresa fora da Espanha. São várias fases e o investimento inteiro será o maior investimento da história de Araraquara. Isso significa renda e trabalho para nossa população. 

Além de continuarmos sendo uma cidade importante para a agroindústria, Araraquara deve ser a maior produtora de cerveja do Brasil e, em termos de capacidade produtiva, a maior do mundo. Tem outros investimentos nessa área vindo para a cidade. E a Estrella Galicia, por si só, tem quatro fases de implantação. Ela já está comprando uma área de 100 mil metros ao lado daquela que havia comprado. Eles serão distribuídos pela Coca Cola, por isso vão crescer muito como marca. A partir da planta de Araraquara, a empresa vai exportar para toda a América do Sul. 

Outros investimentos importantes deverão ser anunciados em breve. Um deles é o da WTorres. Araraquara será o maior centro de eventos do interior de São Paulo. Esse investimento gera muito emprego, pois tem muita capilaridade, envolve todas as cadeias produtivas. E muda a configuração econômica do município. Hoje a cadeia econômica que mais cresce no mundo é a cadeia de eventos e lazer. Quando adquirimos as oficinas da Fepasa, nosso sonho era transformar a área em um grande centro de eventos. A Prefeitura nunca teve dinheiro para transformar aqueles barracões em um grande centro de convenções. Desde a década de 90, quando foi feita a primeira Facira, nosso sonho era que Araraquara fosse um grande centro de eventos. E agora essa oportunidade chegou. 

Então, tem muita notícia boa vindo aí. Em 2022, Araraquara será palco de grandes investimentos econômicos, o que vai gerar uma sinergia em toda a cadeia econômica, aumentando nossa capacidade de produção, de riqueza e empregos para nosso povo, que é nossa prioridade zero dentro de médio prazo.

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