Dois dias após prejudicar um projeto de lei durante sessão ordinária da Câmara Municipal para garantir exames adicionais de pré-natal para gestantes em Araraquara, vereadores da base de Dr. Lapena (PL) apareceram ao lado do prefeito para a assinatura de um decreto que amplia a oferta de um ultrassom morfológico gratuito na rede pública municipal de Saúde.
A iniciativa foi divulgada na noite desta quinta-feira (10) na rede social do prefeito, após um encontro com parte de sua base no Legislativo – Coronel Prado (Novo), Enfermeiro Delmiran (PL), Cristiano da Silva (PL), Emanoel Sponton (Progressistas), Rafael de Angeli (Republicanos), Geani Trevisóli (PL), Dr. Lelo (Republicanos), Michel Kary (PL) e Marcelinho (Progressistas).
“Estamos recebendo a visita da maioria dos vereadores da nossa base trazendo uma sugestão em relação ao número de ultrassons realizados pelas gestantes na rede pública. Hoje são realizados dois exames em gestantes sem complicações, que não têm alto risco, pois esses casos são tratados de maneira diferente, com cuidado para que tudo corra bem”, introduziu.
“Com essa demanda que eles estão trazendo, estamos instituindo, por meio de decreto, a obrigatoriedade para que toda gestante que não esteja em alto risco passe a fazer também o ultrassom morfológico. Sabemos que esse ultrassom está disponível na rede particular, então todas as gestantes de Araraquara serão contempladas com esse exame”, completou.
Dr. Lapena (PL), prefeito de Araraquara
Sem mencionar a rejeição do projeto de lei protocolado por Fabi Virgílio (PT), que previa a ampliação do ultrassom morfológico e mais um ultrassom obstétrico na rede pública municipal, o prefeito agradeceu a “sugestão” de sua base e a “vontade de trabalhar”.
“Agradeço a todos pelo empenho, pela vontade de trabalhar pela nossa população, pois está no nosso plano de governo acompanhar desde o início da gestação até a criança atingir uma idade mais avançada. Temos índices ruins de mortalidade infantil”, concluiu.
Minutos depois, a publicação recebeu uma enxurrada de agradecimentos à vereadora Fabi Virgílio pela autoria da proposta na Câmara Municipal. Na sequência, a parlamentar também se manifestou em uma rede social, classificando a ação do prefeito como “vergonhosa”.
“Não é possível que o prefeito chamou a base dele, que votou contra meu projeto de ampliação de direitos para as mulheres na rede pública – de um ultrassom obstétrico e um ultrassom morfológico para mulheres que não estão em alto risco – e agora acabou de falar que está assinando um decreto para incluir a pedido dos vereadores da base”, disse.
“Fico feliz porque as mulheres terão, a partir desse decreto, acesso ao ultrassom que era nossa vontade. Mas eles prejudicaram meu projeto. Tive que reapresentar. Na quarta de manhã, o líder do governo, junto com o secretário, fez um vídeo inviabilizando, dando a entender que era inviável. E agora assinam decreto ampliando o ultrassom morfológico. É porque sou da oposição? Isso é fazer política com o fígado”, concluiu.
Fabi Virgílio (PT), vereadora de Araraquara
Apesar do anúncio e da publicação do vídeo na rede social oficial do prefeito, o decreto com a ampliação do número de exames no pré-natal ainda não havia sido publicado até o fechamento desta reportagem. Tão logo isso ocorra, uma atualização será publicada.
PARA RELEMBRAR
Terminou prejudicada a votação de um projeto de lei que previa exames adicionais de pré-natal para gestantes de Araraquara. Pautada na sessão ordinária desta terça-feira (8) na Câmara Municipal, a proposta assinada pela vereadora Fabi Virgílio (PT) não recebeu a quantidade de votos necessários para ser aprovada ou rejeitada pelo plenário e rendeu intenso debate.
Com texto simples, prevendo a inclusão de um exame de ultrassonografia morfológica e um exame de ultrassonografia obstétrica durante o terceiro trimestre de gestação, o projeto de lei foi defendido por Virgílio como demanda das mulheres grávidas atendidas na rede pública.
Após intensa discussão entre base e oposição, foram favoráveis ao projeto de lei os vereadores Alcindo Sabino (PT), Aluísio Boi (MDB), Balda (Novo), Fabi Virgílio (PT), Filipa Brunelli (PT), Guilherme Bianco (PCdoB), Marcão da Saúde (MDB), Maria Paula (PT) e Paulo Landim (PT).
Já os vereadores contrários foram: Coronel Prado (Novo), Cristiano da Silva (PL), Dr. Lelo (Republicanos), Emanoel Sponton (Progressistas), Enfermeiro Delmiran (PL), Geani Trevisóli (PL), Marcelinho (Progressistas) e Michel Kary (PL). O presidente, Rafael de Angeli (Republicanos), não participa desse tipo de votação segundo o regimento interno.
A votação terminou com nove favoráveis e oito contrários, prejudicando o projeto de lei – quando não há a quantidade suficiente de votos para aprovação, ou seja, 10 votos. Neste caso, a iniciativa podia ser reapresentada pela autora e novamente debatida em plenário.

