Durante audiência pública na Câmara de Araraquara, nesta segunda-feira (28), o padre Júlio Lancellotti, ativista social e pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, na capital paulista, falou sobre a importância de políticas públicas integradas para pessoas em situação de rua.
O encontro à distância devido à pandemia da covid-19 foi chamado pela vereadora Thainara Faria (PT) para discutir a Política Municipal para a População em Situação de Rua e o Programa Municipal “Novos Caminhos – a Rua e outras Possibilidades”.
O objetivo do projeto, que será discutido e votado, nesta terça-feira (29), pela Casa de Leis, é oferecer dignidade à população em situação de rua, envolvendo ações integradas de saúde, educação, habitação, cultura, esporte, segurança, proteção e bem-estar animal.
Em sua exposição, Lancellotti, aos 72 anos, relevou que estudou em Araraquara, no Seminário dos Padres do Verbo Divino, o “Juvenato Nossa Senhora do Carmo”, em 1962. Ele elogiou a iniciativa da Prefeitura e apontou o que considera essencial nas políticas públicas.
“Uma política pública não deve ser de tutela, mas, sim, de autonomia. Porque a tutela leva à lesão da população de rua e a uma dificuldade de entender que as pessoas devem buscar o seu próprio caminho”, afirma.
Para Lancellotti ter um projeto de lei para a população em situação de rua é um “ato de resistência neste momento necrófilo, dramático da nossa história”. O sacerdote aponta essas pessoas não devem ser tratadas como números, no sentido paternalista.
“É preciso que nós olhemos para as pessoas em situação de rua como seres humanos; nem anjos, nem demônios, mas, sim, seres humanos, com todas as dificuldades e as situações de altos e baixos que as pessoas têm”, considera.
“Ninguém tira as pessoas da rua. Elas saem com suas próprias pernas, fazendo seu próprio caminho. Apesar de todas as dificuldades, pressões, elitismo, é uma construção conjunta da comunidade”, completa.
EDINHO DEFENDE APROVAÇÃO
Presente na audiência pública, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), defendeu a aprovação da proposta pelos vereadores. Segundo ele, o projeto “consolida iniciativas importantes” que estão sendo construídas desde 2017.
“Um PL que normatiza nossas iniciativas e sinaliza para organização de outras iniciativas importantes, entre elas, políticas públicas de saúde para a população em situação de rua, a mudança total da concepção da Casa Transitória e possibilidade de reorganização da vida”, defendeu.
O Projeto de Lei será discutido, nesta terça-feira (29), pelos vereadores, a partir das 15 horas. O encontro semanal, também à distância, será transmitido pelas redes sociais e pela TV Câmara, no canal 17 da NET.