O ex-candidato à prefeitura de Araraquara, Pedro Tedde (NOVO), usou as expressões “cordeirinho” e “mulher de malandro” para se referir aos correligionários Cel Prado e Baldassari. Em um longo áudio enviado a um grupo de WhatsApp, o empresário teceu duras críticas aos vereadores do partido. (Veja vídeo abaixo)
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“Fizemos uma reunião logo após a eleição, e eu falei que o NOVO deveria, na minha opinião, não participar da base; que o NOVO deveria ficar independente, exatamente para poder criticar o que precisasse ser criticado. E criticar coisas erradas não é se aliar ao PT, de forma alguma — muito pelo contrário”, declarou Tedde, logo após afirmar que Cel Prado estaria fazendo um “papel duplo”.
Na sequência, o empresário questionou qual teria sido a postura do vereador caso a ex-candidata à prefeitura de Araraquara, Eliana Honain (PT), tivesse arrumado “uma boquinha” para o marido e o irmão como assessores parlamentares — em referência à primeira-dama Daiana Galli Lapena Barreto, que atua como assistente especial parlamentar da deputada estadual Fabiana Bolsonaro (PL), com salário de R$ 15 mil, e ao irmão do prefeito, Marcelo Ricardo Lapena Barreto, nomeado como assistente parlamentar do deputado estadual André do Prado (PL), com salário de R$ 10,2 mil.
“Eu queria saber o que você estaria fazendo na Câmara se ela [Eliana Honain] tivesse nomeado dois ex-vereadores que não tivessem sido reeleitos, com dinheiro público — que deve ser considerado sagrado. Isso que eu queria saber: o que você estaria fazendo? Você teria subido naquela tribuna para descer o cacete no PT. Por que você não faz isso com o PL? Só porque é de direita?“, questionou.
Pedro Tedde disse ainda que Cel Prado está “nervosinho” por saber que seu “comportamento está errado”. “Se fosse o PT que estivesse fazendo essas barbaridades, você estaria criticando com muito mais ênfase”, declarou.
O empresário também acusou o parlamentar de distorcer uma de suas falas sobre a implantação de uma escola cívico-militar na cidade e chamou de “covardia” a conduta de Cel Prado. Ele se mostrou ainda “estarrecido” e pediu uma reunião com o presidente do partido, Felipe Coelho, para esclarecer o assunto.
“Quando você falou de ensino cívico-militar, não tenho absolutamente nada contra quem é a favor, e sou a favor de abrir escola, sim. Agora, julgar que a única solução para o ensino do Brasil é escola cívico-militar é declarar a falência da educação. Foi isso que eu te falei, olhando nos teus olhos, e, agora, aqui, no grupo, você distorce tudo. Que covardia!”, declarou. “Nós vamos precisar pôr um militar aposentado na escola, sentado lá, para a escola funcionar? Meu Deus do céu, essa é a única solução para a educação do Brasil? Então fecha tudo e vamos embora. Que isso, gente?”, completou.
Por fim, Pedro Tedde também defendeu o vereador Baldassari das acusações de racismo e afirmou que os parlamentares do partido ficaram sem reação frente às críticas feitas pela vice-prefeita sobre o assunto.
“O que a vice [Meire Laurindo] fez com o Balda é brincadeira. Vocês defendendo o governo e ela nem aí para vocês, pedindo a cabeça do Balda. Isso é brincadeira… Porque usou a palavra ‘negra’? O preconceito está na ação, a palavra tem que vir acompanhada de uma ação preconceituosa. O Balda foi infeliz na fala? Foi, mas jamais preconceituoso. E vocês aceitam como cordeirinhos, estão que nem mulher de malandro: quanto mais batem, mais vocês gamam“, concluiu.
PARTIDO DIVIDIDO
Procurado pelo acidade on, o presidente do NOVO Araraquara, Felipe Coelho, destacou que Pedro Tedde tem direito de se manifestar como qualquer filiado do partido. Entretanto, o empresário não fala em nome da executiva local, da qual também não faz parte.
“O Pedro Tedde é um filiado como qualquer outra pessoa, tem direito de se expressar. Se o vereador Cel Prado se sentir atingido e quiser processá-lo por uma questão de desrespeito pelas palavras, é uma questão pessoal deles. Institucionalmente, o partido simplesmente vai continuar com o seu trabalho normal. Dentro da nossa velocidade, a gente está apoiando os vereadores para que eles tenham, de fato, um trabalho relevante dentro da Câmara”, disse.
Segundo Coelho, opiniões divergentes são comuns, e ter um partido em que todos pensam da mesma forma em 100% dos tópicos é uma utopia.
O presidente do NOVO também minimizou a divulgação do áudio e disse que não haverá “caça às bruxas”. Para ele, o vazamento aconteceu de forma “natural” e “sem traição”.
“Colocou na internet, está registrado. Então, se colocou, ele já sabia que isso poderia vazar, assim como qualquer outra mensagem dos nossos grupos de filiados pode vazar. Se você faz as coisas corretamente, se você fala para a pessoa na frente dela o que fala atrás, não precisa esconder nada. Se você não fez nada de errado, não precisa ficar escondendo”, afirmou.
Pedro Tedde e Cel Prado não quiseram se pronunciar.
