Um grupo de servidores protestou na noite desta terça-feira (13) contra a proposta da Prefeitura de Araraquara que manteve o reajuste de 5,49% no salário e a proposta de incorporar o abono pecuniário no vale-alimentação, na discussão sobre a data-base 2025. A iniciativa do Executivo protocolada na Câmara já havia sido recusada em assembleia.
Inicialmente, os trabalhadores cobram da Prefeitura a reposição da inflação, acrescida de aumento real de 10%; aumento no vale-alimentação para R$ 1,2 mil; desvinculação das faltas abonadas do vale-alimentação; majoração do abono pecuniário para R$ 250; entre outras pautas. Por outro lado, a administração municipal ofereceu apenas 5,49% de reposição da inflação e vale-alimentação de R$ 1,1 mil, mas com a incorporação do abono pecuniário (sai do salário e vai para o vale-alimentação) e da incorporação de um bônus de R$ 200. Na prática, o reajuste do auxílio-alimentação seria de R$ 97,29 pela proposta do Executivo.
“Recebemos com uma sensação de traição, pois tivemos uma assembleia democrática, passamos para a categoria uma proposta que sabíamos que não era boa, ponderamos, conversamos, trouxemos contraproposta, tudo como manda uma negociação sadia, às claras, e o governo hoje, enquanto estávamos em demanda por outras situações, manda o projeto para a Câmara e ficamos sabendo por terceiros, atropelando o respeito e as negociações”, disse.
Gustavo Jacobucci, presidente do Sismar
Durante a tarde, representantes do Sismar (Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região) estiveram na Casa de Leis para negociar com vereadores para que a proposta não fosse votada de afogadilho, uma vez que existe pedido do Executivo de urgência.
“A categoria está descontente e pronta para a discussão. Estamos afrontando e ameaçando? Não. Estamos trazendo os fatos de que a categoria está brava e fará o que precisar. O governo tem amanhã o dia inteiro, quinta e sexta para abrir negociação. Diferente do que o governo fez, nós queremos negociar, porém, na sexta teremos assembleia deliberativa e faremos o que for necessário para mostrar ao prefeito que não viemos para brincar”, pontuou.
Gustavo Jacobucci, presidente do Sismar
Uma nova assembleia foi convocada para sexta-feira (16), às 19h, na frente da Prefeitura, para deliberar sobre proposta da administração municipal – caso seja encaminhada uma nova –, ou quais os próximos passos, uma vez que a categoria já está em estado de greve.
Para além das discordâncias nas cláusulas econômicas, os trabalhadores também não concordam com a saída do abono pecuniário do salário para incorporação no vale-alimentação. Na visão do Sismar, essa alteração reduziria os menores vencimentos na Prefeitura.
“É uma interpretação nossa, dos servidores e da matemática. Vamos arredondar para R$ 200 em férias, 13º, reflexo das horas extras e contribuição para o FGTS. Na visão deles, a Prefeitura faria uma economia imensa não colocando, mas é algo que está há mais de dez anos funcionando, tem orçamento, dotação, então não há entendimento do porquê”, introduziu Jacobucci.
“Sim, os trabalhadores vão perder esse dinheiro, muito mais do que os R$ 200 que serão retirados e colocados no vale-alimentação. Até porque, colocar no vale-alimentação, dada a inconstitucionalidade que a Prefeitura diz, temos medo de que amanhã ou depois ela mesma vá para a Justiça pedir para que tire. Diferente de incorporar no salário”, completou.
Gustavo Jacobucci, presidente do Sismar
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS TRABALHADORES
1 – Reposição da inflação referente ao período de maio de 2024 a abril de 2025, acrescida de 10% de aumento real;
2 – Aumento do valor do vale-alimentação para R$ 1.200,00, tendo como base o custo da cesta básica, que já ultrapassa os R$ 1.000,00;
3 – Desvinculação das faltas abonadas ao vale-alimentação, garantindo que o servidor adoecido não perca o benefício;
4 – Majoração do abono pecuniário para R$ 250,00;
5 – Implantação de subsídio ao plano de saúde dos servidores da Fungota, nos mesmos moldes concedidos aos servidores da Prefeitura e do DAAE, conforme aprovado na data-base de 2024;
6 – Estabelecimento de um cronograma de reposição das perdas salariais acumuladas ao longo dos últimos cinco anos;
7 – Evolução salarial proporcional ao tempo de serviço, com base no piso instituído para o funcionalismo público municipal de Araraquara;
8 – Criação de licença sem vencimentos e concessão de faltas abonadas aos funcionários da Fungota, nos mesmos moldes dos servidores da Prefeitura;
9 – Alteração na forma de aplicação do subsídio.