A falta de pagamentos por parte da prefeitura teria resultado na rescisão contratual da empresa terceirizada responsável pelos controladores de acesso das UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) em Araraquara.
Os 24 profissionais que prestam serviços nas unidades irão trabalhar somente até 30 de junho.
Questionada, a prefeitura disse que a decisão de rescindir o contrato partiu da empresa. Contudo, a administração municipal não admitiu e nem negou se deixou de fazer os pagamentos à terceirizada. (Veja o posicionamento no fim da matéria)
Segundo a prefeitura, guardas municipais em locais com maior fluxo de pessoas devem substituir os controladores.
Mais do que ‘seguranças’
Uma petição on-line – que acumulava mais de 370 assinaturas nesta segunda-feira (23) – foi criada para apoiar a manutenção dos controladores de acesso nas UPAs.
Funcionárias na UPA do Valle Verde, as terceirizadas Ana Beatriz Braz da Costa, de 24 anos, e Ina Nayara, 33, foram surpreendidas pela decisão de desligamento. Para elas, o trabalho dos controladores vai além de garantir a segurança da unidade.
“Nós controladores de acessos estamos ali para ajudar também quando se perde uma ficha de algum paciente
Quando chega paciente que necessita de ajuda, estamos ali. Não deixamos que a situação saia fora do controle, controlamos o excesso, quem entra e quem sai”, comentou Ana Beatriz.
“Creio que até mesmo os enfermeiros sabem o quanto nosso serviço é essencial e o como nós ajudamos no atendimento e controle de pacientes”, complementa Ina.
Sem diálogo
Segundo a Master Serviços, a terceirizada – que presta serviço à Fungota (Fundação Municipal Irene Siqueira Alves) – não recebe os repasses desde janeiro deste ano, e já teria tentado dialogar com a administração municipal.
“Tentei qualquer tipo de proposta, acordo, alguma negociação para que fosse bom para ambos, contratante e contratada. A resposta era que a prefeitura não estava repassando as notas e não teria acordo. Em fevereiro, quando estava para vencer a terceira nota, a Master atrasou o salário dos colaboradores por três por falta de fundos. Mais uma vez busquei resolução (…) a negociação ficou apenas na tentativa”, disse Isabela Leon, supervisora e representante da Master em Araraquara.
O montante da dívida, segundo Isabela, já soma mais de meio-milhão. Apesar de um atraso de pagamento pontual por parte da empresa, os funcionários continuaram recebendo seus vencimentos, com verbas retiradas do caixa geral da terceirizada.
Depois das tentativas de comunicação com a administração, o ultimato veio no mês passado.
“Tentamos uma última conversa, agendamos uma reunião com os responsáveis da prefeitura e Fungota, em maio, para resolver a questão (…). Temos diversos e-mails sem resposta até o dia de hoje. Até que o financeiro da Fungota, no começo de junho, respondeu a Master dizendo que o quadro era aquele e continuaria assim.”
Sem diálogo, prognóstico ou resolução. Sem dinheiro não dava para continuar os serviços. Com isso a Master resolveu encerrar o contrato.
O que diz a Prefeitura?
Em nota, a prefeitura, por meio da Fungota admitiu que a “rescisão do contrato de controle de acesso nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) foi solicitada pela própria empresa responsável, a Master.”
A administração disse que “para garantir a segurança de pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde”, a GCM (Guarda Civil Municipal) deve “reforçar a presença ostensiva nos lugares com maior fluxo de pessoas.”
“Atualmente, cada UPA conta com dois agentes da GCM atuando 24h por dia, e a presença da Guarda será ainda mais intensificada como medida de contenção e prevenção de ocorrências, assegurando o bom funcionamento dos serviços”, completou a prefeitura.

