No mesmo dia em que o prefeito de Araraquara, Dr. Lapena (PL), protocolou projeto de lei para rebatizar a “Avenida 8 de Janeiro – Dia da Vitória da Democracia” como “Papa Francisco”, a vereadora Maria Paula (PT) apresentou proposta semelhante para alterar o nome da Rua Major Carvalho Filho (Rua 0) para o do pontífice, vítima de um AVC e insuficiência cardíaca.
Considerada uma das primeiras ruas do município, a Rua 0 foi criada para preencher o espaço entre o córrego e a Rua 1, recebendo inicialmente o nome de Antônio Prado. Após a morte do major Antônio Joaquim de Carvalho Filho, em 30 de maio de 1925, a via foi rebatizada.
Fazendeiro de café e casado com uma filha de Antônio Lourenço Correia, o major ocupou os cargos de suplente de juiz de Paz, vereador, presidente da seção eleitoral, vice-presidente da Câmara Municipal e presidente do Banco de Araraquara. No livro Poder local na República Velha, de Rodolpho Telarolli, Tito de Carvalho, como era conhecido, é citado em um processo sobre o ataque à cadeia e o linchamento dos Britos, após o assassinato de seu pai, Antônio Joaquim de Carvalho.
Sem mencionar os motivos da mudança na justificativa do projeto, a parlamentar destacou apenas o currículo do novo homenageado, falecido na última segunda-feira (21). “O Papa Francisco representa, no cenário contemporâneo, um símbolo de compromisso com a paz, a dignidade humana, a justiça social, a solidariedade e o cuidado com o meio ambiente.”
Após o protocolo na Câmara, o projeto deve iniciar tramitação oficialmente na próxima terça-feira (29), quando será julgado objeto de deliberação. Ainda não há prazo para análise, já que depende de aval das comissões permanentes.
PAPA É POP
A proposta de Maria Paula é semelhante ao projeto apresentado pelo prefeito Dr. Lapena, que previa a alteração do nome da “Avenida 8 de Janeiro – Dia da Vitória da Democracia”, no Parque das Árvores, para “Papa Francisco”.
Menos de 24h depois, porém, o próprio chefe do Executivo solicitou a retirada da proposta, que pretendia rebatizar a avenida em alusão ao dia em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), interrompeu uma visita à cidade para assinar, do gabinete do então prefeito, a intervenção nas forças de segurança do Distrito Federal.
Em coletiva de imprensa no sexto andar da Prefeitura, Lula afirmou que a medida foi necessária após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília — Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF (Supremo Tribunal Federal).