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AraraquaraPolíticaVereadores têm acesso às provas contra Sponton antes de votar comissão processante

Vereadores têm acesso às provas contra Sponton antes de votar comissão processante

Documentos foram disponibilizados para análise nesta sexta-feira (9) no plenário da Câmara Municipal

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Vereadores de Araraquara tiveram acesso às provas encaminhadas pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) contra Emanoel Sponton (Progressistas) antes de votar sobre a abertura ou não de comissão processante por quebra de decoro. O parlamentar é suspeito de operar um esquema de rachadinha em seu gabinete e usar o cargo de vice-presidente da Casa de Leis para afastar uma ex-assessora que trabalhava em uma empresa terceirizada.

Ao longo desta sexta-feira (9), das 15h às 17h, no Plenarinho, os parlamentares puderam acessar a íntegra dos depoimentos de três ex-assessores, bem como os 14 comprovantes de Pix que uma ex-assessora apresentou ao órgão estadual. O conteúdo é “guardado a sete chaves” e está em sigilo tanto pelo MP-SP quanto pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

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O objetivo é dar subsídios para votar se abrem ou não uma comissão processante para apurar possível quebra de decoro parlamentar de Emanoel Sponton, conforme pedido do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Para abertura do processo serão necessários 2/3, ou 12 votos.

Segundo apurado, compareceram à apresentação: Paulo Landim (PT), Marcão da Saúde (MDB), Dr. Lelo (Republicanos), Cristiano da Silva (PL), Maria Paula (PT), Alcindo Sabino (PT), Balda (Novo), Rafael de Angeli (Republicanos), Aluísio Boi (MDB) e Guilherme Bianco (PC do B).

Já os ausentes foram: Marcelinho (Progressistas), Emanoel Sponton (Progressistas), Filipa Brunelli (PT), Geani Trevisóli (PL) e Enfermeiro Delmiran (PL). Os membros do Conselho de Ética, segundo apurado pela reportagem, foram dispensados por terem conhecimento do conteúdo e assinado por unanimidade o relatório que solicitou a comissão processante – Coronel Prado (Novo), Michel Kary (PL) e Fabi Virgílio (PT).

Uma nova rodada para apresentação dos documentos, porém, não está descartada caso haja interesse por parte dos vereadores. Vale ressaltar que a abertura ou não da comissão processante será analisada em plenário na terça-feira (13) pelos parlamentares.

O QUE SE SABE SOBRE OS DEPOIMENTOS

Mesmo mantido a “sete chaves” pelo MP-SP e pelo Conselho de Ética, o acidade on apurou que os três depoimentos confirmam depósitos a pedido do vereador para uma conta registrada em nome de sua mãe. Uma das ex-assessoras apresentou 14 comprovantes de Pix, sendo 12 deles em valores médios de R$ 2 mil e em dias do mês semelhantes.

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Coincidência ou não, foi justamente a ex-assessora que apresentou provas ao Ministério Público que foi transferida de seu posto de trabalho na Câmara Municipal para outro local após uma suposta interferência de Emanoel Sponton junto à empresa terceirizada. Um áudio obtido pelo Conselho de Ética sugere que ele operou a transferência da ex-assessora pouco antes da denúncia de rachadinha vir à tona e ser divulgada pelo Jornal da EP, da rádio EPFM.

Outro ex-assessor de Sponton, apesar de não apresentar provas, relatou em oitiva ao MP-SP que deveria repassar metade de seu salário para o parlamentar durante três meses para cobrir gastos da campanha eleitoral e, posteriormente, um valor menor continuaria sendo entregue.

Uma terceira ex-assessora também não apresentou provas, mas disse ao MP-SP que recebia o salário e fazia repasses mensais para uma conta em nome da mãe de Emanoel Sponton, sob a alegação de que os valores seriam destinados à associação dos moradores do Hortências.

O conteúdo é considerado suficiente por membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para caracterizar quebra de decoro de Sponton, uma vez que, apesar de os depósitos serem realizados na legislatura anterior, a suposta manobra para afastar a ex-assessora após assumir a vice-presidência da Câmara revela uma manutenção do uso de seu poder político.

Quatro homens sentados à mesa durante oitiva do Conselho de Ética na Câmara Municipal, com microfones e documentos à frente.
Acompanhado de seus advogados, Emanoel Sponton prestou esclarecimentos ao Conselho de Ética (Foto: Reprodução)

O QUE ACONTECE EM CADA CENÁRIO?

Após a análise das provas pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o grupo de trabalho solicitou a abertura de uma comissão processante para, em 90 dias, emitir um parecer sobre as denúncias e dar oportunidade para que o vereador se manifeste sobre elas. Esse pedido será votado em plenário na terça-feira (13) e precisa de no mínimo 2/3 dos votos para abertura.

No primeiro cenário, os vereadores podem aprovar o pedido e colher mais informações sobre o ocorrido. Ao final, o relatório também será submetido ao plenário, que novamente decide por 2/3 do quórum, ou 12 votos em caso de presença dos 18 vereadores. Caso comprovadas as denúncias, o vereador pode perder seu mandato. Mas, em contrário, o assunto é arquivado na Casa de Leis e prosseguirá apenas a investigação paralela do Ministério Público do Estado.

Emanoel Sponton (Progressistas) deixa vice-presidência da Câmara Araraquara (Foto: Walter Strozzi/acidade on)

O QUE DIZ A DEFESA DE SPONTON?

Procurado, o advogado de Sponton, Paulo Valili, afirmou que não teve acesso a qualquer documentação oficial do Conselho de Ética, o que comprometeu sua resposta. Desde o início, Sponton e seus representantes negam prática criminosa.

“Causa surpresa o suposto encaminhamento de denúncia sob alegação de abuso de poder, especialmente considerando que a matéria foi arquivada por perda de objeto com a renúncia ao cargo de vice-presidente”, disse o advogado.

“Reafirmamos a tranquilidade da defesa e a confiança de que, no Judiciário, será possível demonstrar a inexistência de irregularidade, reafirmando a inocência do vereador, conforme o devido processo legal e as garantias constitucionais”, concluiu.

Paulo Valili, advogado de defesa de Emanoel Sponton

Questionada sobre as provas do MP-SP e as supostas transferências da ex-assessora, a defesa não se manifestou, alegando desconhecimento do conteúdo e afirmando não ter “preocupação”.

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Walter Strozzi
Walter Strozzihttp://www.acidadeon.com/araraquara
Formado em Jornalismo pela Uniara (Universidade de Araraquara), Walter Strozzi é repórter no acidade on desde 2018. Anteriormente atuou na Tribuna Impressa, Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal e CBN Araraquara.
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