A pandemia causada pelo novo coronavírus, que atingiu em cheio o Brasil e já causou a morte de milhares de pessoas, aumentou em 1,4% o número de óbitos por doenças respiratórias em Araraquara.
Entre 2019 e 2020, passou de 840 para 852. Entre as doenças deste tipo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) explodiu, registrando crescimento de 200%, seguida pelas de Causas Indeterminadas, que registraram aumento de 2%.
Os dados do Portal da Transparência , plataforma administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), mostram que as mortes registradas pelos Cartórios de Araraquara em 2020 totalizaram 1.899.
O número de óbitos registrados em 2020 pode aumentar ainda mais, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência.
Além disso, alguns Estados brasileiros expandiram o prazo legal para registro de óbito em razão da situação de emergência causada pela Covid-19.
No estado de São Paulo, as doenças respiratórias cresceram 27,5% no mesmo período comparativo. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrou aumento de 723%, e as causas indeterminadas, 26,7%.
Em relação às doenças cardíacas, a comparação entre os dois anos mostra um crescimento de 6,4%, com a maior alta por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, 50%.
MORTES EM CASA AUMENTAM
O receio das pessoas frequentarem hospitais ou mesmo realizarem tratamentos de rotina durante a pandemia, assim como a falta de leitos em momentos críticos da covid-19 no Brasil, fez com que o número de mortes em domicílio crescesse no município de Araraquara quando se comparam os anos de 2019 e de 2020, registrando um aumento de 2,7%.
Os registros de óbitos, feitos com base nos atestados de óbitos assinados pelos médicos, apontam que 3 moradores do município morreram de Covid-19 em suas casas, no ano de 2020.
Os óbitos por causas cardíacas fora de hospitais também cresceram em 2020, com registro de aumento de 10,8% na comparação com o ano anterior.
Neste tipo de doença, o maior aumento se deu nas chamadas causas cardiovasculares Inespecíficas (31,3%), muito em razão de o falecimento ocorrer sem assistência médica, dificultando a qualificação da doença.
Já em nível estadual, os óbitos em domicílio cresceram 15,3% no mesmo período comparativo, aumentando em 1.600% as mortes por SRAG, 11,6 por Septicemia e 47,9 por causas indeterminadas.
De acordo com os atestados médicos, 1.492 paulistas morreram de covid-19 em suas casas. Os óbitos por causas cardíacas fora de hospitais tiveram alta de 22,4% em 2020.
As causas cardiovasculares Inespecíficas (118%) e o AVC (18,6%) aparecem em seguida.
PRAZOS DO REGISTRO
Mesmo a plataforma sendo um retrato fiel de todos os óbitos registrados pelos Cartórios de Registro Civil do país, os prazos legais para a realização do registro e para seu posterior envio à Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), regulamentada pelo Provimento nº 46 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), podem fazer com que os números sejam ainda maiores.
Isto por que a Lei Federal 6.015/73 prevê um prazo para registro de até 24 horas do falecimento, podendo ser expandido para até 15 dias em alguns casos.
Durante a pandemia, normas excepcionais em alguns Estados expandiram ainda mais este prazo.
A Lei 6.015/73 prevê um prazo de até cinco dias para a lavratura do registro de óbito, enquanto a norma do CNJ prevê que os cartórios devam enviar seus registros à Central Nacional em até oito dias após a efetuação do óbito.
A Covid-19 é uma doença altamente contagiosa que já deixou quase 2 milhões de mortos no mundo. A primeira morte em decorrência da infecção pelo novo coronavírus foi registrada no Brasil no dia 16 de março.
Entre seus sintomas, estão tosse seca, coriza, dor no corpo e febre todos muito semelhantes aos apresentados em casos de gripes e resfriados.
Mais de 215 mil pessoas já faleceram no Brasil vítimas da doença.