No primeiro dia de retomada no uso obrigatório de máscaras em Araraquara, nesta quarta-feira (1º), a população está dividida. Para alguns, o item deveria ser opcional para cada morador, enquanto outros concordam com a obrigatoriedade.
Com o crescimento no número de casos de covid-19, a Prefeitura voltou a obrigar o uso de máscara facial visando impedir a transmissão do coronavírus. O novo decreto foi publicado no Diário Oficial de hoje, com uso obrigatório em locais fechados e abertos com aglomeração.
A reportagem foi às ruas para saber a opinião da população e teve gente que não gostou da regra, como o motorista Tiago Gonçalves. Na opinião dele, não era necessária a obrigatoriedade, mas cada pessoa decidir se deve ou não utilizar o item para proteção.
“Achei desnecessário, não sou a favor, até porque é ruim para respirar, não temos uma circulação de um ar bom, ficamos reutilizando o nosso próprio ar, principalmente, em atividade física, ficamos presos e sufocados”, defendeu.
Com argumento parecido com o de Tiago, a vendedora Camila Favareto não gostou da volta do uso da máscara em espaços fechados. Na opinião dela, o que deve avançar é a vacinação contra a covid-19.
“Não gosto de usar máscara, penso que temos que ter esse contato com outras pessoas. O coronavírus vai ficar aí por muito tempo, não vai sair e vai ser como uma gripe. As doses da vacina precisam ser anuais, e todo mundo precisa tomar”, considerou.
Por outro lado, há quem acredite que a máscara é fundamental, afinal, a pandemia não acabou. A aposentada Tereza Fátima Queiroz defendeu o uso da proteção como forma de respeito à comunidade.
“Principalmente os jovens, pois vão sempre para essas baladas, eles ficam sem máscara e sem nada. Penso que seria bom voltar mais um pouco, porque essa covid voltou devido a essas situações”, afirmou.
Tamires Bianca Oliveira Silva é proprietária de uma marmitaria e, para ela, o uso de máscara pode incomodar, mas se faz necessário no contexto pandêmico. Ela disse ter tomado três doses da vacina, mas mesmo assim faz um apelo para que as pessoas usem o item.
“Se o povo pode segurar em festa, tivemos shows liberados, então temos que arcar com as consequências, pois queremos ou não ainda tem gente que morre com essa doença. Precisamos nos prevenir. Atrapalha um pouco, mas é necessário”, opinou.
Para o infectologista da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Fernando Vilar, a liberação do uso de máscaras aconteceu cedo demais.
“Em minha opinião foi uma medida mais política, do que de saúde. Ela foi uma medida que visava muito mais chamar atenção da opinião pública, do que necessariamente pautada em paradigmas seguros de melhora da pandemia”, introduziu.
O especialista afirmou que era necessário ter sido feito um planejamento maior sobre como flexibilizar o uso de máscaras em ambientes fechados, por exemplo. Além disso, houve aglomerações no Carnaval e também nos feriados prolongados.
“Se nós tivéssemos naquele momento segurado um pouco e esperado passar esse momento, início de inverno, essa nova variante que está surgindo, uma variante da própria Ômicron, nós talvez pudéssemos ter tido um sucesso maior na retirada definitiva das máscaras”, disse.
O especialista concluiu dizendo que mais uma vez é preciso apoio e adesão da população ao uso de máscara para sucesso das medidas de contenção e enfrentamento da doença.
“Agora, realmente, estamos vendo que com esse vírus não se deve brincar, ele está presente e o uso de máscara é um dos fatores fundamentais para que ele não se alastre”, finalizou.