Vão passando os anos, as gerações e o superesportivo Porsche não para de aumentar a sua legião de fãs. O primeiro Porsche 356 surgiu em 1947 e foi produzido até 1965. Recebeu essa nomenclatura porque era o 356º projeto que saía do escritório de design de Ferdinand Porsche.
Divino
Na sua oitava geração, o 911 Carrera S Cabriolet é um daqueles carros dos quais você não quer sair de dentro. E se tem que parar, senta numa cadeira na garagem para ficar admirando. E cuidando.
A combinação do modelo que andamos da cor grafite com a capota vinho é simplesmente maravilhosa.

Entrar no modelo, mesmo sendo um carro baixo, é muito fácil. Se acomodar, mais fácil ainda. Os bancos concha, com várias regulagens, são muito confortáveis e seguram muito bem o motorista. Atrás, dois bancos que têm dificuldade de acomodar até crianças muito pequenas. Servem como enfeite ou para carregar algum objeto.
Como é tradição nos modelos da marca alemã, a "chave" para acionamento do motor é do lado esquerdo do volante, ao contrário dos demais automóveis. Por quê? Simples. A resposta vem das pistas de corrida. Antigamente, principalmente nas provas de endurance, muito importante para as marcas, os bólidos ficavam de um lado e os pilotos do outro da pista. Quando o diretor de prova determinava a largada, eles corriam, entravam, ligavam os motores, engatavam e saíam. Quanto mais rápido melhor. Então, enquanto a mão esquerda girava a chave para dar partida no motor, a mão direita estava na alavanca de câmbio colocando a primeira. Depois que saíam é que os pilotos afivelavam o cinto de segurança. E a tradição das pistas foi transferida para os carros de rua e permanece até hoje.
Conforto
Mas vamos ao que interessa. O interior é primoroso, com acabamentos da melhor qualidade e muito bonitos. O painel espetacular, com o conta-giros ao centro e vários "relógios" circulares de informações em volta. A tela da central multimídia é de tamanho adequado e muito intuitiva, com vários gráficos em alta resolução. Como num cockpit de um carro de competição, todos os comandos estão perto das mãos ou no volante.

Na estrada, principalmente, onde estamos ainda mais focados, por duas vezes ao aumentar ou diminuir o ar, tocamos no seletor, que entrou em neutro. Isso é muito perigoso, pois deixa o carro sem "ação". O seletor de marchas poderia e deveria ficar para trás.
Veloz
Ao ligar o Porsche, começa a sinfonia. Mesmo quem não gosta de automóveis se encanta com a música, rouca, alta e maravilhosa que sai dos dois grandes escapamentos. No painel tem um botão no qual o motorista pode diminuir o som, mas para quê? Se não quisesse ouvir essa maravilha, não compraria um Porsche.

O motor de três litros, seis cilindros, boxer, oferece 450 cavalos e 54,1 kgfm de torque. A aceleração é simplesmente espetacular. Ao acelerar o corpo cola no banco. O 911 Cabriolet acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,5 segundos. E a velocidade máxima é de 306 quilômetros por hora (e olha que pesa 1.585 quilos). O câmbio é um PDK de dupla embreagem de oito marchas e a tração é traseira.

Aliás, diga-se de passagem, a estabilidade do 911 Cabriolet, em qualquer situação e em qualquer dos modos de condução, é maravilhosa. O carro está na mão e sempre pregado no asfalto. Além do excelente acerto da suspensão (na dianteira é tipo McPherson com barra estabilizadora, independente e molas helicoidais e atrás tipo multibraço com barra estabilizadora, independente e molas helicoidais), conta com a ajuda dos pneus 245/35 R20 na dianteira e 305/30 R21 na traseira. Lógico que também tem a ajuda da eletrônica, mas é muito bem competente.
Tudo neste carro impressiona, mas um dos destaques é a capacidade dos freios a disco (e enormes) de parar o esportivo. Mesmo nas velocidades mais elevadas, o 911 para em espaços curtos e sem qualquer desvio. E os números refletem isso: o modelo alemão freia de 60 km/h até a imobilidade em 12,4 metros. A 120 km/h a distância é de 48,2 metros.
Andar nas ruas é absolutamente normal ou quase, afinal você está num modelo que é o sonho de boa parte de quem gosta e até de quem não gosta de automóveis: com toda a certeza, os olhares são de admiração ou inveja. Várias pessoas querem interagir com quem o dirige, geralmente com enormes elogios. Ainda mais quando se abaixa a capota. Aí começa o show. E que maravilha, que sensação de liberdade e de quanto é bom ter dinheiro.

E não precisa ir rápido. Logo vem o comentário: "hum já chegou?". Agora, se for acelerando, é muito melhor. Mas chega muito rápido.
Apesar de não ter muito espaço, o esportivo alemão tem um pequeno porta-malas de 130 litros na frente, onde é possível acomodar compras ou duas pequenas maletas. Dá para viajar com as roupas de um final de semana.
O consumo é outro destaque: na cidade fizemos médias superiores a 8 quilômetros por litro e na estrada de 12. Na estrada, acompanhando o tráfego, chegamos a fazer quase 16 quilômetros por litro a 120 hm/h.
Obviamente, esses números desabam quando se acelera. Cada vez que se pressiona o pedal da direita, a gasolina vai diminuindo rapidamente no tanque de 64 litros.
Certa vez, segundo alguns "historiadores", Soichiro Honda (fundador da Honda e que faleceu em 1991) disse que numa estrada com uma motocicleta você não só aprecia a paisagem, você faz parte dela.
Digo que com um Porsche 911 você também faz parte da paisagem. E da vida. E por fim: o 911 Carrera S Cabriolet é sem dúvida um dos esportivos mais espetaculares e agradáveis de dirigir do mercado mundial.
Nota
Durante o teste, na estrada, você tem que se acostumar a levar fechadas porque as pessoas estão adorando o 911 e tem os bobinhos querem te seguir. Na cidade, não é diferente, mas nos semáforos não há quem não olhe. Mas aconteceu um fato muito engraçado. Enquanto filmávamos e fotografávamos (tanto que perdemos alguns materiais), um jovem a bordo de um Mitsubishi Lancer preto, rebaixado, escapamento aberto, nos seguiu por mais de 20 minutos. Alterávamos o nosso trajeto e o rapaz atrás, com o celular na mão. É assalto? Sequestro? Aproveitamos uma avenida sem movimento e fugimos facilmente dele. Voltamos ao trabalho quando, de repente, ele reaparece. Chamou para uma disputa, lógico que ignoramos e reclamamos da perseguição. Ele deu um "ok" e foi embora fazendo muito barulho.