Por Matheus Andrade
Após a rejeição da proposta de orçamento do governo argentino para 2022 pela Câmara dos Deputados, o presidente Alberto Fernández e a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, tiveram uma reunião, na qual disseram terem concordado em seguir trabalhando nas negociações. Em uma postagem no Twitter, a dirigente disse que foi um encontro muito bom sobre o avanço do trabalho para sustentar a “recuperação da Argentina e enfrentar seus desafios econômicos”.
Na mesma rede social, Fernández disse que ambos reconheceram “o inesperado problema da rejeição do Orçamento, mas nos comprometemos a continuar trabalhando totalmente focados na concretização de um acordo que não comprometa a continuidade da recuperação econômica inclusiva” do país.
Depois de mais de 20 horas de debate, a Câmara dos Deputados rejeitou por 132 votos contra, 121 a favor e uma abstenção a proposta orçamentária do governo, que era vista como fundamental para seguir com as tratativas do país quanto à dívida junto ao FMI. A recusa ocorreu diante da perda de força da coalizão governista da “Frente de Todos” contra a oposição “Juntos por el Cambio”, após a derrota nas eleições legislativas de novembro. Uma vez aprovado pelos deputados, precisava ser tramitado no Senado, cujo controle não está mais nas mãos do partido governista.
No Twitter, o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, fez duras críticas à oposição, que teria decidido deixar o país sem orçamento em 2022 em uma “falta de responsabilidade coletiva, que gera incertezas quando o que precisamos é continuar construindo certezas”. Segundo o ministro, a medida mostra que os oposicionistas “estão competindo para ver quem é mais contra o governo, e nossa Argentina precisa que isso mude”.
De acordo com Guzmán, a medida “significa rejeitar a programação macroeconômica que tem servido de base às negociações com o FMI para refinanciar a dívida absurda e danosa de US$ 44 bilhões”. Segundo ele, agora o presidente vai usar a Lei 24.156 para ampliar o orçamento atual, e administrar os recursos para que 2022 seja “mais um ano de recuperação, com mais capital público, educação, saúde e conhecimento, e que possamos avançar em um caminho de progresso duradouro”.