Conhecida como “doença silenciosa”, o diabetes avançou entre os adultos jovens no ano de 2020, segundo dados da Pesquisa de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2020) divulgados no início deste mês. No geral, o diagnóstico avançou 11,6% na população adulta das capitais brasileiras, mas entre as mulheres na faixa etária de 24 a 35 anos, o número dobrou em relação ao ano anterior. Entre os homens, o avanço foi na faixa etária de 18 a 24 anos.
Este avanço é associado ao aumento do sedentarismo, seja pela falta de uma rotina de exercícios físicos ou pela piora nos hábitos alimentares – fatores que aumentaram muito durante os meses de isolamento do início da pandemia de Covid-19.
O principal alerta dos profissionais de saúde é que, mesmo com a possibilidade de levar uma vida plena com o diagnóstico de diabetes, ela é uma doença de prevenção simples para o tipo 2 (DM2), que corresponde a 95% dos casos no mundo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
A médica endocrinologista e professora Priscilla Alves, do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), explica que o diabetes mellitus pode ser do tipo 1 ou 2. Segundo ela, o tipo 1 atinge, em geral, crianças e adolescentes, requerendo aplicação de insulina de forma constante para controle. Já o tipo 2 acomete mais os adultos e, em geral, precisa de medicação por via oral, dieta e atividade física regular para controle
“Apesar de crônica, diabetes é uma doença que pode ser controlada se a pessoa mantiver alguns cuidados como diminuição da ingestão de carboidratos, do tabagismo e consumo responsável de álcool, assim como cuidados com os pés diabéticos que, se não tratados, podem levar a lesões e até amputações”, alerta a médica, sem deixar de destacar que esses mesmos cuidados podem evitar o diabetes tipo 2.
DIABETES INFANTIL
De acordo com as sociedades Brasileira e Americana de Diabetes, a aferição de glicemia nas crianças pode começar aos 10 anos de idade ou no início da puberdade (“o que vier primeiro”, segundo os especialistas). Devem ser rastreadas as crianças com sobrepeso/obesidade e mais um fator de risco para diabetes, como histórico familiar de DM2, histórico de diabetes materno durante a gestação, hipertensão arterial e dislipidemia, entre outros itens.
Para os especialistas, é justamente em idades precoces que torna-se necessário construir atitudes que vão se repetir pelo resto da vida, como incentivar a ingestão de frutas e verduras, e a prática de atividades e exercícios. O envolvimento dos cuidadores – pais, familiares e agregados – é considerado essencial no incentivo a um estilo de vida saudável e respeito a eventuais restrições alimentares. Neste ponto, também é importante falar com a escola e os amigos da criança, se for necessário.