A secretaria de Saúde de Campinas confirmou nesta terça-feira (25) que começará a fazer uma “triagem” de passageiros que tenham partido do estado do Maranhão e da Argentina e chegado à cidade com sintomas respiratórios para tentar evitar a chegada da variante indiana do coronavírus.
A nova cepa teve casos confirmados no Maranhão na semana passada (leia mais abaixo) e também há registros confirmados em Buenos Aires. Segundo a Saúde de Campinas, o Aeroporto Internacional de Viracopos, junto com as redes pública e privada, passará a avaliar os passageiros para evitar a transmissão.
“Campinas deve monitorar porque somos cortados por várias rodovias e também temos o aeroporto internacional. Essa locomoção fácil nos preocupa muito. A variante indiana pode ter o mesmo impacto da variante P.1 em nosso território”, afirmou a diretora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde), Andrea von Zuben.
Em Campinas, a variante P.1 é considerada predominante entre os casos e mortes de 2021. Ela foi confirmada em Campinas no dia 31 de março. “Qualquer pessoas que venha a ser detectada como proveniente desses locais, vamos coletar exames e isolar essa pessoa por todo o período de transmissibilidade. Assim que trabalhamos com uma nova doença, é uma prática rotineira”, disse Andrea.
Sobre pessoas vindas da Índia, ela explicou que não existe uma conexão direta com Campinas, por meio de voos diretos, mas que pessoas que estiveram no país recentemente e apresentarem sintomas respiratórios serão questionadas no município. “A regra é que todo passageiro (com sintomas) seja perguntado”, disse.
“A Prefeitura não tem como proibir alguém de vir para a cidade, e o aeroporto é competência do governo federal. O que fizemos foi dar um alerta. Com isso, os médicos são obrigados a perguntar se a pessoa viajou, se teve contato com alguém que esteve na Índia. Caso tenha suspeita, imediatamente a Prefeitura tem que ser comunicada”, disse o prefeito Dário Saadi.
Sobre medidas mais enfáticas no aeroporto, isso não poderia ser feito de acordo com o prefeito, por conta de Viracopos estar fora, legalmente, do território municipal. Procurada, a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos informou que ainda não foi notificada do alerta da Saúde sobre a nova cepa indiana.
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CONFIRMAÇÕES E SUSPEITAS
Segundo o Devisa de Campinas, entre os casos confirmados da nova variante indiana, dois foram na Argentina, no dia 10 de maio. Já no Maranhão, são seis casos e ocorreram no dia 20. Nestes dois locais, os casos são considerados importados.
Há ainda casos suspeitos no Brasil. No dia 22, foram notificados um caso importado da Índia em Minas Gerais e dois casos contactantes do Maranhão no Pará. No dia 23 de maio, houve um caso importado da Índia notificado no Rio de Janeiro e outro importado da Argentina no Rio Grande do Sul.
Nesta terça-feira, a capital paulista começou a fazer barreiras sanitárias para tentar impedir a chegada da variante também em passageiros do Maranhão. Por enquanto, o plano inclui ações no Terminal Rodoviário do Tietê e em rodovias. Porém, um grande número de passageiros acaba entrando no estado pelo terminal aéreo.
A NOVA CEPA
Os primeiros casos relacionados à variante indiana no Brasil foram registrados no Maranhão, no entanto, o governo estadual diz que ainda não há transmissão comunitária da cepa.
Médicos e cientistas têm demonstrado preocupação com a variante indiana, que teria capacidade de transmissão maior do que a cepa original do vírus. Ela foi classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma “preocupação global”.
Nesta última semana, o governo federal decidiu por proibir voos internacionais com origem ou passagem pela Índia, país que enfrenta uma crise decorrente de uma alta recorde de casos e mortes por covid-19. A proibição se soma a restrições da mesma natureza relativa a voos do Reino Unido e África do Sul.