O total de vítimas da covid-19 com menos de 40 anos em Campinas nas últimas duas semanas representa 8,2% dos óbitos registrados em boletim epidemiológicos da cidade no período. Foram 31 mortes entre pessoas abaixo desta faixa etária nas últimas duas semanas. Já o número total desde então foi de 375 – incluindo o recorde anunciado em um mesmo dia, de 69 registros (leia mais aqui).
Entre as mortes informadas pela Prefeitura no período, a vítima mais jovem tinha 18 anos. Ela morreu no dia 7 de abril e tinha comorbidade.
Para a Prefeitura de Campinas, o aumento no número de vítimas mais jovens pode estar atrelado a disseminação da nova cepa da covid-19. No dia 31 de março, a Administração confirmou, que a variante brasileira P1, da covid-19, com mutações que tornam o coronavírus mais contagioso e mais resistente a anticorpos, está circulando na cidade.
A P1 foi isolada em quatro pacientes de Campinas e a suspeita de que a variante estivesse em circulação em Campinas surgiu em meados de fevereiro, em função do aumento de novos casos da doença e de internações.
REFLEXO DA VARIANTE
Para o infectologista André Ribas, esse aumento de mortes entre pessoas mais jovens é um reflexo da circulação da nova variante da covid-19, que afeta mais também mulheres e pessoas sem doenças pré-existentes. “Analisando a introdução da nova P.1 tanto no Amazonas e na região sul do país, vemos um aumento na proporção de óbitos. Isso indica uma situação bem delicada”, afirmou.
O médico disse também que apesar de não haver um levantamento preciso sobre as linhagens de coronavírus em Campinas, a cidade deve seguir a tendência estadual – onde estudos mostraram que mais de 80% dos casos foram causados pela variante P.1.
“É bastante preocupante e isso reforça que, enquanto não temos uma situação de controle, é fundamental o uso de máscara e distanciamento social. Temos que entender também que não sabemos exatamente ainda a eficácia das vacinas nas novas linhagens. Existe eficácia, mas menor, segundo os estudos preliminares”.
CONTACTANTES
Ribas criticou ainda a atuação da Prefeitura de Campinas no agravamento da pandemia pelo fato de não acompanhar, sistematicamente, os contactantes dos casos confirmados. “Com o retorno à fase vermelha e a diminuição nas medidas mais radicais de controle, é de se esperar que o número de casos aumente. Tenho repetido que precisamos rastrear os contactantes para colocá-los em quarentena antes que apresentem sintomas”, afirmou.
O médico afirmou que o custo para isso não seria alto, uma vez que a Administração teria que contratar pessoas para ligar para os moradores antes que eles possam contaminar outras pessoas caso estejam infectados.
A Secretaria de Saúde informou que a medida de acompanhar e por em quarentena todos os contactantes de um caso positivo de covid-19 não é viável em locais com muitos casos. Esse projeto foi até mesmo descartado por países como a Alemanha.
DADOS
31/03
Abaixo de 40 anos: 1
Total: 32
01/04
Abaixo de 40 anos: 3
Total: 36
05/04
Abaixo de 40 anos: 5
Total: 29
06/04
Abaixo de 40 anos: 6
Total: 69
07/04
Abaixo de 40 anos: 0
Total: 35
08/04
Abaixo de 40 anos: 1
Total: 37
09/04
Abaixo de 40 anos: 3
Total: 20
12/04
Abaixo de 40 anos: 3
Total: 37
13/04
Abaixo de 40 anos: 4
Total: 46
14/04
Abaixo de 40 anos: 5
Total: 34