Você sabia que Campinas tem um roteiro afroturístico? Com o objetivo de reconstruir a herança negra a partir de lugares cotidianos, o projeto Rotas Afro leva os visitantes para uma viagem por pontos da metrópole que contam a história dessa população no Interior paulista.
Natural de Piracicaba, a fundadora da iniciativa, Julia Madeira, contou ao acidade on Campinas que a ideia do roteiro partiu de uma necessidade de informações e locais que explicassem a herança dos negros na nossa região.
Em Campinas, o tour visita, por exemplo, o prédio de uma creche desativada, construído sobre um cemitério de cativos do século 19. A cidade foi a última do país a abolir a escravidão. “Campinas tem forte herança escravagista, que é apagada”, afirmou Julia. Para ela, o resgate de raízes perdidas ou negligenciadas opera um papel importante na valorização da autoestima coletiva da comunidade negra.
“É um projeto importante para que a gente possa construir a identidade brasileira trazendo todas as histórias. Muitas vezes a contribuição da população negra é apagada, as rotas mostram a diversidade de culturas, religiões e memórias espalhadas pelo estado”, relatou.
As caminhadas do Rotas Afro duram cerca de três horas e custam entre R$ 40 e R$ 45 por pessoa. Crianças de até 11 anos não pagam. Para escolas e empresas o valor é negociado pelo tamanho dos grupos. Os ingressos estão disponíveis no site diaspora.black, ou nas redes do Rotas Afro (@rotasafro). A atividade de afroturismo inclui especialistas que abordam as questões históricas em torno de cada local e monumento.
Quais pontos de Campinas fazem parte do afroturismo em Campinas?
Conheça, abaixo, os pontos explorados pelo afroturismo em Campinas:
Largo São Benedito
O espaço foi construído no século 19 pela Irmandade Católica de São Benedito, formada por pessoas negras. A entidade oferecia assistência aos escravizados e forros. A paróquia, anexada ao largo, foi projetada por mestre Tito, considerado o primeiro arquiteto negro de Campinas.
O local também já abrigou o Cemitério dos Cativos, para o enterro de escravizados. É o único espaço público da cidade com um monumento a uma mulher negra, a estátua da Mãe Preta, de 1984, que representa uma ama de leite.
Paróquia São Benedito
A igreja São Benedito foi construída por iniciativa da Irmandade de São Benedito. Em 1835, os membros da congregação pediram às autoridades municipais a doação de um terreno para construir a então igreja dos negros. Um de seus maiores precursores foi mestre Tito, escravo alforriado que mobilizou grande parte dos recursos para que a igreja fosse erguida.
O local destinado ficava próximo ao Largo São Benedito, onde eram enterrados os escravos cativos.
Estátua da Mãe Preta
O monumento é uma réplica da estátua do Largo Paissandu, em São Paulo, do mesmo autor, o artista plástico Júlio Guerra, que fez a obra esculpida em bronze, para homenagear as minorias e as mães, representadas pela mulher negra que amamentava os filhos dos senhores brancos.
Largo do Rosário
O largo e sua igreja, no Centro de Campinas, foram construídos pela Irmandade do Rosário, uma das comunidades religiosas negras mais antigas da cidade, que arrecadava dinheiro para comprar alimentos e a alforria de escravizados. Nele se concentravam atos religiosos, como procissões e missas campais, além de festas pautadas no sincretismo religioso dos negros africanos.
Uma reforma, em 1956, demoliu a igreja. Hoje, em seu lugar, passa o cruzamento das avenidas Campos Sales e Francisco Glicério. A igreja foi reconstruída a cerca de 3 km do local original.
Largo Santa Cruz
Foi no Largo de Santa Cruz que se construiu a primeira forca da cidade, em 1830, para a execução de escravizados. O caso mais famoso é o de Elesbão. Acusado de matar seu senhor em 1831, ele foi enforcado em 1835 e teve seu corpo esquartejado e exposto em diversos pontos do Centro da cidade.
Casa de Cultura Fazenda da Roseira
Foi uma das principais fazendas de café da região. Atualmente, é uma casa de cultura, mantida pelo pelo grupo de jongo Dito Ribeiro.
Instituto Ibaô
Fundado em 2007, é resultado do esforço de mestres de capoeira e escolas de samba que, na década de 1970, ofereciam assistência social e acesso à cultura para a população marginalizada. O instituto atua na preservação de práticas de matriz africana.
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