Rampas para cadeirantes são essenciais para a acessibilidade nas cidades. No entanto, em Campinas, elas ainda são exceção. Apenas 21,8% dos imóveis estão em ruas com rampas de acesso para cadeirantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Isso significa que quase 80% da população vive em vias sem esse item básico de mobilidade urbana.
As informações fazem parte da pesquisa “Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios”, divulgada na quinta-feira (17), com base no Censo Demográfico de 2022. O levantamento investigou a infraestrutura de mais de 422 mil domicílios em Campinas.
Calçadas com buracos, desníveis e outros obstáculos
O estudo também revela que a maioria dos moradores enfrenta calçadas mal conservadas ou bloqueadas. Em 52% dos domicílios, o passeio público tem algum tipo de obstáculo — como buracos, desníveis, postes, vegetação, lixeiras ou entradas de garagem que impedem a passagem com menos de 80 centímetros de largura.
Além disso, apenas 39,9% dos domicílios estão em ruas onde a calçada é livre de impedimentos. Já a ausência completa de passeio público foi identificada em cerca de 33 mil imóveis, o equivalente a 7,8% do total.
Segundo o IBGE, esses problemas afetam diretamente a segurança de pedestres, especialmente idosos, pessoas com deficiência, gestantes e crianças.
Quando sair de casa vira desafio
A rotina de Seo Saverio Palmieri Filho, aposentado, e de seu cuidador, Emilio Ishimura, exemplifica o impacto da falta de acessibilidade. Todos os dias, eles saem para passear, mas o trajeto exige improviso e esforço físico.
“Para ter mais segurança pra ele, que é cadeirante e teve um AVC, eu uso um pedaço de gaze como cinto de segurança improvisado. Ele não tem movimento do lado esquerdo e qualquer irregularidade na calçada pode fazê-lo cair pra frente”,
conta Emilio, técnico em enfermagem.
A cada saída, é preciso lidar com calçadas inclinadas, buracos, árvores que estreitam o caminho e faixas de pedestres sem rebaixamento.
“Ele faz muita força, além de ter que empurrar 60 kg meu e 30 kg da cadeira. É muito empecilho na calçada”,
relata Seo Saverio.
A acessibilidade é lei
A realidade enfrentada por moradores como Seo Saverio contraria a Lei nº 10.098, conhecida como Lei da Acessibilidade. A legislação exige que ruas e calçadas sejam planejadas para garantir o direito de locomoção a todas as pessoas, inclusive aquelas com mobilidade reduzida.
Responsabilidade compartilhada
Para o especialista em mobilidade urbana Luiz Vicente Figueira de Melo, o problema também é de consciência coletiva.
“Cada proprietário precisa garantir que a calçada em frente ao seu imóvel não tenha obstáculos. Isso é empatia e respeito com quem tem mobilidade reduzida. A mobilidade precisa ser contínua”,
defende.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Campinas informou que, desde a aprovação do Plano Municipal de Rotas Acessíveis, em 2022, foram implantadas 1.137 rampas de acessibilidade em diferentes pontos da cidade.
Quanto às calçadas, a administração reforça que a construção, manutenção e limpeza das calçadas em frente a imóveis particulares são de responsabilidade dos próprios moradores. A Secretaria de Serviços Públicos realiza vistorias com base em denúncias feitas pelo telefone 156.
Já a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) afirma que todos os projetos da pasta — como terminais e revitalizações — são entregues com acessibilidade. Também é possível solicitar a implantação de rampas pelos canais oficiais da prefeitura.
*Com informações de Jorge Talmon/EPTV
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