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CotidianoApós compra de casas em terreno clandestino, moradias podem ser demolidas

Após compra de casas em terreno clandestino, moradias podem ser demolidas

Prefeitura de Indaiatuba obteve liminar que autoriza demolição das casas, que pode ser feita a qualquer momento

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Casas podem ser demolidas a qualquer momento (Foto: Reprodução/EPTV)

Moradores de um bairro de Indaiatuba temem não ter onde morar, após a Justiça autorizar a Prefeitura da cidade a demolir os imóveis onde estão alojados. As casas foram construídas em um loteamento clandestino, mas, segundo moradores, eles não sabiam do crime e alegam que foram vítimas de um golpe. 

A área fica em uma zona rural do Recanto Beira Rio, na divisa entre Indaiatuba e Salto. Segundo a Prefeitura, no local não poderia haver divisão dos lotes, no entanto, o terreno, de 150 mil metros quadrados, foi dividido em 82 lotes. 

As vendas começaram em 2019, e em agosto de 2020 a Prefeitura colocou uma placa, alertando que o loteamento era clandestino. A placa foi arrancada tempos depois. A área fica próxima a subestação de energia de Salto, e o projeto, segundo a Prefeitura, é alagar a área e construir uma represa na área. 

Para tanto, a Administração Municipal obteve uma liminar na Justiça, após alegar que a área foi envolvida em crime de parcelamento de solo, para tirar os moradores do terreno e derrubar as casas construídas. No local, 10 imóveis estão em construção, e outros cinco já concluíram as obras e as famílias se mudaram para as casas. 

Segundo os moradores, eles pagaram entre R$ 80 mil e R$ 90 mil pelos terrenos. Nos contratos de quem comprou os imóveis, aparecem os nomes dos vendedores: Antonio Carlos dos Santos, Daniel Teodoro da Silva e Ralf Vilas Boas. 

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Os homens chegaram a mandar mensagens de cobranças aos moradores. “Eu vou querer receber tudo de uma vez, não é picadinho não. E não vai ter negociação também não. Se são duas parcelas em atraso, eu quero o pagamento das duas. Se são três, eu quero as três, e assim por diante”, disse Ralf Vilas Boas em áudio.  

Todos respondem pelo mesmo tipo de crime em outros municípios. A reportagem tentou entrar em contato com os supostos vendedores, mas não conseguiu localiza-los.  

DINHEIRO SUADO 

O aposentado Juraci da Silva, de 67 anos, deu de entrada o imóvel onde morava, em outra região da cidade, como pagamento para comprar um lote de 5 mil metros e construir a casa, que agora corre o risco de ser demolida. 

“Com que dinheiro eu iria comprar outra casa? Porque o dinheiro que eu tinha eu investi aqui. Não tenho dinheiro para comprar nada. Se a Prefeitura legalizasse para a gente, eu pagava tudo certinho e pronto. Casa um pagava o seu e ninguém ficava irregular”. 

Já a veterinária Vanessa Fornazieri, comprou o lote em outubro de 2019, e já estava começando a construir. “A gente fica nesse desespero. A gente não quer ver os sonhos das pessoas por água abaixo, porque infelizmente a gente caiu no golpe de três estelionatários”, disse. 

O morador Jeferson Azevedo diz que já tentaram acordo com a Prefeitura, mas não obtiveram sucesso. “Tudo o que a gente tenta a Prefeitura nega, não estão dispostos a conversar. Falam que não tem como regularizar isso aqui, que vão demolir. A gente está na eminência de famílias serem despejadas. Nesse momento que se prega fique em casa, e eles querem tirar as casas das pessoas. Desumano isso”. 

A advogada dos moradores, Josiane Martins, tenta um novo recurso. Na decisão expedida nesta quarta-feira (14), foi mantida a autorização para demolição.

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