Os transtornos enfrentados por 800 alunos da EMEF Padre Leão Vallerié, que agora precisam percorrer mais de 50 km (ida e volta) por dia e perderam aulas devido à reforma do prédio, levaram a Prefeitura de Campinas a recuar e anunciar reposição e novas ações para amenizar a situação.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (8) pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), que classificou como “inadmissível” a perda de duas horas de aula por dia.
“É inadmissível que esses alunos fiquem perdendo duas horas de aula por dia. Nós já determinamos, junto com a Secretaria de Educação, a programação, o cronograma dessa reposição. Será discutido pela equipe pedagógica da escola e da secretaria com os pais. Mas que será reposto, será reposto, sim”,
disse.
A fala contraria posicionamento da própria pasta, que na última sexta-feira (5) havia dito que não havia previsão de reposição e que o tempo de deslocamento poderia ser considerado “pedagógico”.
Na ocasião, Niraldo José da Silva, representante regional do NAED Noroeste, afirmou que o percurso também poderia ser visto como aprendizado:
“Eles não vão perder. Eu acho que nós temos que sair desse patamar, desse paradinho, que escola é só dentro da sala de aula e aprendendo conteúdo. Escola é movimento. Está certo? Já tem o conteúdo preparado para eles fazerem em casa também. Só que eles vão ter uma vivência em cima disso. Uma vivência de fazer o percurso. Isso também é aprender. Isso também é conhecimento. As pessoas imaginam a escola lá do século passado, conteudista, onde só tinha giz e lousa verde. Hoje não é mais isso”.
Impacto para os estudantes
A rotina de mais de 1h no trajeto de ida e 40 minutos na volta foi criticada por especialistas. Para a doutora em psicologia e especialista em educação Ângela Soligo, a mudança pode afetar o rendimento escolar:
“A criança que chega cansada fica menos estimulada para aprender, compromete a convivência e a saúde física e psicológica. Esse planejamento não considerou fatores vinculados aos direitos da criança.”
Medidas para reduzir transtornos
A partir desta terça (9), os ônibus que transportam os estudantes poderão utilizar o Corredor BRT para acelerar o deslocamento. Além disso, agentes da Emdec acompanharão o embarque e desembarque no Terminal Campo Grande, que foi reativado para a operação.
Também está prevista a instalação de bebedouros até quarta-feira (10) e melhorias no terminal, que ainda tinha sujeira, pedaços de vidro e banheiros precários.
Prazos da obra
A reforma da EMEF Padre Leão Vallerié, prédio com 44 anos de uso, inclui troca do telhado, modernização da rede elétrica, substituição de janelas e pintura.
A previsão inicial é de nove meses, com retorno dos alunos previsto para o segundo semestre de 2026, mas o prefeito disse que vai trabalhar para entregar a escola ainda no início do ano letivo.
Entenda o caso
Desde esta segunda (8), os alunos passaram a estudar na Escola Fitel, no Jardim São Marcos, próximo a Sumaré. O deslocamento de aproximadamente 25 km por trecho soma 50 km por dia. Segundo os pais, a decisão deveria ter considerado reformas no período de férias.
Antes da definição, outros prédios foram avaliados, como o da Faculdade Anhanguera, mas foram descartados por falta de espaço ou documentação.
Uma comissão de pais, professores e funcionários acompanha tanto a execução da obra quanto as decisões sobre a rotina escolar.
*Com informações de Helen Sacconi/EPTV Campinas
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