A Prefeitura de Campinas anunciou a criação do CIA (Centro de Integração Animal), um novo espaço que promete ampliar os cuidados animais domésticos e silvestres. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (22), mesmo dia em que uma vistoria do Sindicato dos Servidores de Campinas escancarou a situação precária do atual DPBEA (Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal), com denúncias de medicamentos vencidos, ração roída por ratos, infiltrações e até armazenamento de corpos de animais em um freezer – leia mais abaixo.
O novo CIA será construído em um terreno doado pelo governo federal às margens da Rodovia Anhanguera, próximo ao Jockey Clube. Segundo a Administração municipal, o projeto executivo está em desenvolvimento pela Seclimas (Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade), e uma emenda de R$ 5 milhões já foi destinada para a obra.
A nova estrutura terá o primeiro CRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) da Região Metropolitana de Campinas. A previsão de início das obras ainda depende da conclusão do projeto e da licitação.
Novo centro de animais será uma evolução do DPBEA
De acordo com a Prefeitura, o novo centro de animais será uma evolução do trabalho realizado pelo DPBEA. A sede do órgão, na Vila Boa Vista, passará por uma reforma para a melhoria das instalações. O projeto da reforma será apresentado na próxima semana.
Vistoria denuncia abandono: freezer com cadáveres e ração roída
Durante a manhã de quinta-feira (22), o Sindicato dos Servidores de Campinas realizou uma vistoria no DPBEA e encontrou uma série de irregularidades que comprometem o bem-estar dos 148 animais abrigados e a saúde dos trabalhadores.
Entre os problemas encontrados estão infiltrações, medicamentos vencidos, sujeira, pacotes de ração roídos por ratos, fiação elétrica exposta e um freezer com sacos pretos, que, segundo o sindicato, armazenam corpos de animais mortos no local.
“Está tudo quebrado, equipamentos quebrados, locais úmidos e escuros, contaminação por roedores e não tem todo EPI necessário para trabalhar com todo esse risco biológico. Além disso, também tem sobrecarga de trabalho. Nesse dia de hoje, dois operacionais estavam fazendo a lavagem de canis, um trabalho muito pesado. E se essa pessoa adoecer, não tem quem colocar no lugar dela”,
afirmou o diretor do sindicato, Afonso Basílio Júnior.

(Imagem: Reprodução/Sindicato dos Servidores de Campinas)
Corpos de animais em freezer
A denúncia mais grave envolve o armazenamento de cadáveres de animais em um refrigerador. Segundo o sindicato, os corpos deveriam ser enviados rapidamente ao aterro sanitário, mas isso não vem ocorrendo.
relatou.
“Quando o animal morre aqui dentro, ele tem que ser mantido refrigerado até que seja encaminhado para o aterro sanitário. Mas não pode ficar muito tempo aqui. Esse animal é colocado pra refrigerar e imediatamente é levado para o aterro. Mas estamos notando que esse fluxo não vem acontecendo. Está acumulando. Isso mostra também a quantidade de animais que morrem aqui hoje, porque a condição é tão ruim para o trabalhador e muito péssima para o animal”,

(Imagem: Reprodução/Sindicato dos Servidores de Campinas)
De acordo com o engenheiro de segurança do trabalho Eduardo Martinho Rodrigues, a vistoria constatou uma série de irregularidades.
“Condições sanitárias do local de trabalho para quem trabalha também não estão de acordo com as regras de segurança do trabalho. São poucas pessoas e o local está bem deteriorado, em relação ao que a gente pensa para a saúde do trabalho”,
afirmou.

(Imagem: Reprodução/Sindicato dos Servidores de Campinas)
O que diz a Prefeitura sobre Departamento de Proteção Animal
Em entrevista à EPTV, o secretário de Meio Ambiente de Campinas, Brás Adegas Júnior, afirmou que o controle de ratos é responsabilidade da Zoonoses e que visitas periódicas são feitas ao local.
“A infestação de ratos é uma questão da Zoonoses, que acompanha aqui, faz o manejo dos roedores. É um local que tem muito alimento para roedores, inclusive, porque tem as rações animais. Isso é controlado pela zoonoses, que faz visitas aqui periodicamente.”
Sobre os corpos de animais armazenados na geladeira, o secretário negou, inicialmente. “Aqui não existe corpos de animais armazenados em geladeira, isso não existe”, disse.
Ao ser confrontado com imagens, mudou a versão.
“Isso deve ser animal do dia de hoje, não sei falar pra você, que vai ser recolhido para fazer a destinação correta. Isso é normal nos departamentos, aqui é um hospital. Os animais que chegam aqui em condições muito ruins de saúde, ou foram atropelados, abandonados, maltratados. A gente está providenciando para que tenha um atendimento cada vez melhor e mais adequado, dentro das normas.”

(Imagem: Reprodução/Sindicato dos Servidores de Campinas)
Em nota, a Prefeitura disse que a Seclimas (Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade) vai reformar as instalações do DPBEA, localizado na Vila Boa Vista. O projeto de reforma será finalizado e apresentado na próxima semana. “A Prefeitura de Campinas reforça que as questões pontuais de infraestrutura não comprometem os cuidados com os animais“, esclarece.
Segundo a administração municipal, as fotos divulgadas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas são de uma área desativada.
Os corpos de animais mortos acondicionados em refrigeração são retirados semanalmente, conforme protocolo, e os medicamentos fora do prazo de validade em desuso na unidade são recolhidos a cada 15 dias. A próxima retirada está programada para esta sexta-feira (23). A limpeza do local é realizada duas vezes por dia e será intensificada.
Atualmente, 18 servidores atuam no espaço, entre eles três veterinários, quatro cuidadores e 11 funcionários de apoio operacional. No momento, seis profissionais estão afastados por motivo de saúde.
O DPBEA funciona como um abrigo de transição para cães e gatos atropelados ou vítimas de maus-tratos resgatados pelo Samu Animal. No local, os animais recebem tratamento médico-veterinário, são castrados, vacinados e identificados com microchip. O processo leva cerca de 45 dias. Após esse período, os animais são encaminhados para adoção. Atualmente, 40 gatos e 100 cães estão em tratamento no abrigo.
Enquanto esperam por adoção, os animais são transferidos para o abrigo em Mairinque, a cerca de 100 quilômetros de Campinas. O local possui construções de alvenaria protegidas do vento e da chuva, além de solário. As baias são separadas por telas, com lotação máxima de um animal a cada cinco metros quadrados.
Infraestrutura e pessoal
Segundo o secretário, há um projeto de reforma do local em fase final, com previsão de início em breve. Ele também mencionou a sobrecarga dos servidores.
“A infraestrutura do local já está em fase final o projeto e vamos começar uma reforma muito em breve aqui. Infelizmente, a demanda é muito alta do departamento, então tem uma quantidade de serviço muito grande. Hoje nós temos aqui 18 servidores, só que nesse período agora, que tá havendo esse reclame, nós temos seis funcionários que estão afastados, as pessoas ficam doentes, então nós temos alguns funcionários que se aposentaram, já fizemos o pedido para a substituição, porém nós temos um concurso público que será homologado em junho e enquanto isso não é feito, não tem como fazer essa reposição. Mas isso está sob controle, tanto é que o departamento está funcionando normal, o Samu 24 horas normal, os nossos veterinários normais.”

(Imagem: Reprodução/Sindicato dos Servidores de Campinas)
Plantão veterinário
Por se tratar de um local que abriga animais doentes ou feridos, a presença constante de um veterinário é importante. Segundo a Prefeitura, há atendimento 24 horas. No entanto, o sindicato contesta a informação.
Durante a vistoria desta manhã, segundo o sindicato, não havia veterinário efetivo na equipe. Além disso, o departamento ficaria sem médico veterinário no período noturno.
O laudo da inspeção será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho para que sejam avaliadas possíveis medidas legais.
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